domingo, 8 de março de 2015

UM AVISO DE JESUS PARA UMA IGREJA MORNA

Quantos avisos você já recebeu hoje? Se você é do tipo conectado deve ter recebido muitos. Há os que chegam pelos meios tradicionais, como os recados transmitidos pessoalmente, as informações na igreja, bem como os que chegam pelos meios mais modernos: whatsApp, Facebook, mensagens do celular, TV, outdoors, entre outros.

Com certeza você não prestou atenção a todos, pois ficaria soterrado pela avalanche de informações e advertências. É preciso ser seletivo. Há que se escolher a quais avisos prestar atenção, quais julgamos mais importantes. Esse julgamento depende de certos interesses e do valor que se dá a quem está lhe avisando. Como cristãos, os avisos de Cristo devem ter nossa prioridade. 
Ele nos deu vários avisos. Hoje quero destacar um que se encontra em Apocalipse 3.20, um alerta sobre nossa condição espiritual.
            O livro de Apocalipse é uma revelação dada por Deus ao apóstolo João, a respeito da pessoa e obra do Senhor Jesus. Escrito primeramente a sete igrejas da Ásia, tinha o objetivo de animar e alertar os cristãos daquela época, que vivenciavam um momento complicado, pois tinham que lidar tanto com a perseguição quanto com a sedução do mundo. Como é comum na revelação bíblica, Deus usa uma situação particular para ensinar verdades para todo o Seu povo. 
            Para a Igreja que ficava na cidade de Laodicéia, Jesus avisa: Eis que estou à porta e bato. O que significa isso?
            Quando observamos o uso de linguagem semelhante em outros contextos bíblicos, notamos que era um alerta a respeito da proximidade de uma visita do Senhor Jesus àquela igreja. Esta visita com certeza ocorreria em Sua segunda vinda, mas também poderia acontecer antecipadamente, na forma de uma ação de Jesus para disciplinar e repreender. 
Em Mateus 24.33, quando Jesus responde à pergunta dos discípulos sobre sua vinda e o fim do mundo, Ele dá uma série de sinais e depois avisa que quando eles virem tudo isso, devem saber que está próximo, às portas.
Também em Tiago 5.9, somos alertados a não nos queixarmos uns dos outros, para não sermos julgados, pois o juiz está às portas. Entendemos que o sentido aqui é quanto à vida de Jesus, mencionada no verso 8.  E em Lucas 12.36, Jesus conta uma parábola para ensinar sobre a vinda do Filho do Homem. Nela, Ele exorta à vigilância, comparando-se a um dono de casa que saiu para as festas de casamento e deixou seus servos esperando. Estes devem estar prontos para quando o senhor bater à porta, eles logo possam abrir.
            Comparando os textos acima com o de Apocalipse, podemos perceber um paralelo. Jesus adverte a igreja de Laodicéia como o Senhor da casa, que está prestes a voltar. E, tendo voltado, Ele bate à porta, esperando que os servos da casa estejam prontos e vigilantes para logo abrirem.
            Este sentido parece concordar com advertências em cartas para outras cinco igrejas. À igreja em Éfeso, ele alerta sobre uma vinda para mover o candeeiro (Apocalipse 2.5). À Igreja de Pérgamo, a advertência é que Ele pode vir sem demora e pelejar contra os que estão errados (Apocalipse 2.16). Os fiéis de Tiatira devem conservar o que têm até que Ele venha (Apocalipse 2.25). Os de Sardes devem vigiar, pois Ele virá como ladrão, numa hora inesperada (Apocalipse 3.3). E à igreja em Filadélfia, Ele avisa que vem sem demora (Apocalipse 3.11).
            Devemos lembrar que esta advertência foi feita para pessoas que pertenciam a uma igreja, não para descrentes que precisavam ser evangelizados. Na leitura do versículo anterior percebemos que era para uma igreja amada por Jesus, e por isso estava sendo repreendida. Creio que o sentido é que o dono da casa, no caso o Senhor da Igreja, está chegando e batendo na porta, e Ele avisa que é preciso zelo e arrependimento da parte de seus servos. A resposta é individualizada “Se alguém ouvir...”.
            Jesus está à porta e batendo, estamos ouvindo? Estamos dispostos a abrir através da mudança em nossas vidas?        

            Porque Jesus mandou este alerta para aquela igreja?
A a razão pode ser resumida em dois problemas que havia na Igreja em Laodicéia: um conceito enganoso de si mesma que produzia um falso senso de segurança e uma negligência e apatia em cumprir sua missão como igreja de Cristo. 
A igreja se sentia muito segura de sua condição espiritual, mas era uma falsa segurança.
Ela se considerava rica e abastada, sem necessidade nenhuma (Apocalipse 3.17,18).  Provavelmente aquela igreja era financeiramente abastada, pois a cidade de Laodicéia era rica, com muitos estabelecimentos bancários.  Um dos riscos da riqueza é produzir uma sensação de autossuficiência e segurança. Como ocorreu com o povo de Israel na época do profeta Oséias (Oséias 12.8). Isso é arrogância, pois, por mais bens que venhamos a possuir, sempre seremos dependentes de Deus. 
            A Igreja de Laodicéia estava enganada a respeito de si mesma. Ela achava que tudo estava bem, mas sua situação era lastimável. Da perspectiva divina ela era infeliz, miserável, pobre, cega e nua. A sua abastança era constituída de sua miséria, como alguém que carregava um pesado fardo. 
            Era uma igreja carente. Jesus aconselhou aquela igreja a adquirir ouro, vestes e colírio. A ironia da situação é que a cidade de Laodicéia se orgulhava de sua riqueza, de sua grande indústria têxtil e de um famoso remédio para os olhos produzido ali. Mas ela precisava da verdadeira riqueza: uma fé provada, que vale mais do que ouro (1Pedro 1.7); da roupa que nos guarda de estarmos nus diante de Deus: os atos de justiça (Apocalipse 19.8); e do colírio que abre os nossos olhos para as verdades essenciais da vida: evangelho (Lucas 4.18).
            A igreja também era apática, letárgica e indiferente em cumprir a sua missão.  Isso é entendido a partir do diagnóstico que Jesus declara nos versículos 15 e 16. Ela é chamada de morna, nem fria e nem quente.  Uma das fraquezas da cidade de Laodicéia era sua carência de água potável. Enquanto as cidades vizinhas tinham águas uteis: Hierápolis com suas fontes de águas térmicas e medicinais que serviam para cura e Colossos com suas águas refrescantes que saciavam a sede, as águas de Laodicéia não serviam nem para uma coisa nem para outra, pois continham certos minérios que as deixavam mornas e rejeitadas com nojo pelos sedentos.
            Eram águas inúteis. Assim também era a vida da igreja. Embora a interpretação popularesca deste versículo entenda que quente se refere a alguém que tem uma fé firme,  frio  àquele que não crê e morno seria quem fica no meio termo. Não é isso que Jesus quer dizer. Pois com certeza, Ele não prefere descrentes aos de uma fé vacilante.
O que Jesus está transmitindo é que aquela igreja havia se tornando indiferente ao seu estado e missão espiritual. O tempo e as condições de abastança material tinham deixado a igreja acomodada, apática e sem utilidade no Reino de Deus. Ela nem fornecia cura para os espiritualmente enfermos, nem refrigério para os espiritualmente cansados. Uma igreja morna é aquela que perdeu sua influencia no mundo. 
Deus estava profundamente desgostoso com esta igreja, com nojo dela, a ponto de vomitá-la. Por isso o aviso para o zelo e arrependimento. Era necessário prestar atenção ao amor disciplinador de Jesus. 
Quando alguém bate em nossa porta duas situações podem nos impedir de abrir: não ouvir a pessoa batendo, por estarmos entretidos demais com outras coisas; e a outra é, ouvirmos mas  não abrimos porque não queremos ser incomodados. Se agirmos assim com o aviso de Jesus perderemos as bênçãos eternas. 
É preciso ouvir a voz de Jesus, deixar de lado nosso senso de autossuficiência e reconhecer seu chamado e sua repreensão. E ouvindo este chamado, é necessário sair do comodismo e apatia, levantar-se para abrir a porta. Só assim desfrutaremos a comunhão que começa agora, depois se intensifica e se perpetua por toda eternidade (João 14.23; Lucas 22.30). Porque Ele está às portas.




    

           


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