segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

UM ANO NOVO VEM AÍ! PERSEVEREMOS EM FAZER O BEM SEM DESANIMAR

 “Não se cansem de fazer o bem”. Esta exortação aparece duas vezes no Novo Testamento. "Portanto, não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, se não tivermos desfalecidos." (Gálatas 6.9) “E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” (2Tessalonicenses 3.13).
O verbo traduzido como “cansar” significa falhar em manter a resistência.  Isto é, desistir, desanimar, perder o ânimo e a coragem para prosseguir com uma tarefa ou alvo. Não é apenas se omitir diante de uma tarefa, mas relaxar os esforços, perder a coragem no meio das dificuldades, interromper a perseverança e persistência, antes de alcançar o objetivo, considerando que não vale a pena sucumbir à exaustão. A exortação é para superar a letargia, a preguiça, o tédio e a desesperança. O chamado é para não desanimar diante da fadiga. 
Lucas usou a palavra desanimar quando explicou a razão de Jesus contar a parábola do juiz iníquo e da viúva. A lição é que, por mais desesperadoras que sejam as circunstâncias, os cristãos devem permanecer orando obstinada e intensamente, sem nunca desistir (Lucas 18.1). Orar é empreender uma guerra, é lutar contra as forças espirituais do mal. Tais forças são formadas por: nossa própria natureza pecaminosa, que não gosta de orar; pelo mundo que nos rodeia, o qual nos induz a desconfiar da realidade invisível e a depender apenas do que nós podemos ver e tocar; e por Satanás, que tenta nos fazer descrer na eficácia da oração e a confiar apenas em nossos próprios recursos. Para perseverar na oração é preciso que a resistência nunca amoleça e a coragem nunca afrouxe. Nenhum obstáculo serve como desculpa para relaxar os esforços na oração.
Na carta aos Gálatas, Paulo desafia seus leitores a fazer o bem às pessoas, ajudar aqueles que precisam. Ajudar pessoas pode ser desanimador. Nem sempre elas agradecem, como esperamos, nem reconhecem o nosso esforço ou aproveitam a ajuda dada para crescerem e não dependerem mais de nós. Algumas vezes, até ficam viciadas em ser ajudadas. Além disso, ajudar a outros toma nosso tempo, recursos e energias. Isso pode deixar-nos cansados e desanimados. A razão para a exortação de Paulo é que, no tempo certo, a recompensa virá. O lavrador que colhe os frutos é o que persiste na semeadura e no cuidar da roça até o tempo adequado. De igual modo, os que colhem o bem são os que persistem em fazer o bem. Não os que desanimam e desistem. As palavras são claras: colheremos, se não desfalecermos.
Outra área da vida na qual podemos desanimar é no serviço prestado a Deus: na evangelização, no ensino, na proclamação da Palavra, no culto e no cuidado com a Igreja. Em 2 Coríntios 4.1,16, Paulo nos adverte contra o cansaço que nos leva ao desânimo no serviço cristão. As bases para a perseverança são o conhecimento de que a oportunidade e privilégio para realizar estes serviços nos foram garantidos pela misericórdia de Deus e a certeza de que as canseiras que este ministério acarreta são leves e momentâneas, quando comparadas com a glória que nos espera. O modo de perseverar inclui rejeitar tudo que é vergonhoso e fixar os olhos no invisível e eterno, e não no que é visível e temporário. 
As tribulações que atravessamos, ou mesmo as que presenciamos em outros, também podem nos levar à desistência. Mas em Efésios 3.13, novamente Paulo adverte para que isso não ocorra, pois as tribulações devem ser motivo de glória e não de vergonha e desânimo. Sofrer por Cristo é uma graça e uma glória. 
Por último, cuidemos para não desanimar na obediência aos mandamentos de Deus, como o povo de Deus na época do profeta Malaquias, que se cansou de obedecer a Deus, por calcular que não valia a pena, que não traria nenhuma vantagem e não lhes daria nenhum lucro (Malaquias 3.13-18). 
Eles chegaram a pensar que havia mais vantagem em agir com soberba, isto é, fazer da própria vida o que bem entendessem, sem se preocuparem com as ordens de Deus. “Os que agem assim é que se dão bem na vida", diziam eles. Estavam olhando apenas para as aparências, eram guiados por seus olhos, pelo visível. Semelhantes a Ló, quando escolheu as proximidades de Sodoma e Gomorra. Apenas as campinas férteis deste mundo lhe atraíam o coração (Gênesis 13.10,11). 
O texto de Malaquias, porém, deixa claro que havia outro grupo, os que temiam a Deus, cujas pessoas se incentivavam mutuamente a continuar servindo ao Senhor com fidelidade.  Apesar das aparências, Deus sabia de tudo e contava tudo. Ele registrava em Seu livro, como um diário de memórias, os que O honravam e que levavam em conta a Sua Pessoa. 
Esta é a realidade: Deus considera os que O consideram. Ele não esquece. Um dia vai recompensá-los. Um dia Ele vai deixar bem claro e patente a diferença entre o justo e o maldoso, entre servir a Deus e não servir. "Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o maldoso, entre os que servem a Deus e os que não servem" (Ml 3.18). 
Não se canse de obedecer a Deus, pois isso tem um valor eterno.
E porque é assim, não nos cansemos de fazer o bem durante todo o novo ano que se inicia.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

NATAL – UMA ANTIGA PROMESSA



            
Não sabemos se Jesus nasceu mesmo no dia 25 de dezembro. É provável que não.  Mas foi a data escolhida pela cristandade para comemorarmos o seu nascimento. 
De fato, este nascimento foi uma encarnação. A pessoa do Filho de Deus já existia, eternamente, antes de aqui nascer (João 1.1). A segunda pessoa da Trindade se fez humana, sem deixar de ser divina. Isso ocorreu para que se cumprissem antigas promessas de Deus.  

            O pecado humano e a graça divina foram os fatores que tornaram necessário este nascimento. Ao desobedecer a Deus, o homem trouxe a ruína para o belo e perfeito mundo criado. Dor, tristeza, doença, cansaço, fadiga, desesperança, desespero e morte misturaram-se com a beleza e os prazeres da vida. Nosso mundo é como um belo templo arruinado. Há resquícios de beleza e vida convivendo com feiura e morte. 
Algumas vezes, a vida é tão boa e bela que esquecemos de Deus e de nosso pecado e desejamos permanecer aqui para sempre. E, às vezes, a vida é tão terrível que esquecemos de Deus e nos desesperamos dela, desejando sair daqui o mais rápido possível para um lugar melhor. O cristianismo apresenta a sólida esperança de que um dia esses dois desejos se cumprirão. O templo será restaurado! Cremos nisso porque assim Deus, graciosamente, prometeu. 
            Essa combinação de tristeza e esperança já aparece na primeira promessa feita por Deus à raça humana, narrada em Gênesis 3.15. Depois de confrontar o homem com sua desobediência, Deus, que é o Supremo Juiz e Governante do universo, apresenta a sentença pelo pecado cometido. 
            A primeira sentença é para a serpente e sua descendência. Conforme a revelação posterior nos indica, esta serpente é Satanás.  Sua descendência é formada por todos aqueles que não se sujeitam ao domínio de Deus, sendo resistentes à Sua vontade. Jesus os  chamou de “raça de víboras” (Mt 12.34; Ef 2.1-3; 1 Jo 3.10; Ap 20.2). 
            A mulher, como a mãe de todos os viventes, representa a humanidade. Sua descendência são todos que resistem à serpente, sujeitando-se às ordens de Deus. Esta semente seria encabeçada por um único descendente que a representaria, o novo Adão, o cabeça da nova humanidade (Rm 5.14; 1 Co 15.22,45).
              Deus anuncia uma hostilidade entre os dois grupos de descendentes, os quais estariam em constante inimizade e conflito. Esta é a história da humanidade! Uma constante batalha entre o bem e o mal, entre a verdade e a mentira, entre os que se submetem a Deus e os que lhe resistem. 
            Uma guerra que deixaria feridos em ambos os lados, mas que teria um vencedor. Usando a linguagem da época em que o relato foi primeiramente escrito, Deus anuncia que o descendente da mulher pisaria sobre a cabeça da serpente. Nas guerras daquela época, o vencedor trazia o vencido aos seus pés e pisava em sua cabeça. Com este gesto, indicava que dominava sobre ele (Js 10.24). Com estas palavras Deus garante que o descendente da mulher derrotaria a serpente. Para Adão, ouvir esta sentença para a serpente, deve ter sido motivo de esperança. Tanta foi a esperança que ele deu um novo nome para sua esposa, chamando-a de “Eva”, mãe de todos os viventes.Haveria vida e esperança no meio da morte (Gn 3.20). 
            Mas o descendente também seria ferido. Sofreria a penalidade da culpa humana. Em sua vinda ao mundo, Jesus se solidarizou com a mistura de tristeza e alegria da humanidade. Ele sofreu por tomar sobre si o castigo pelo nosso pecado, mas foi esse sofrimento que nos trouxe a paz e a cura. Foi através de suas dores que Jesus experimentou a satisfação de fazer a vontade de Deus prosperar (Is 53.5,10-12). Foi através de sua morte que, finalmente, a morte foi derrotada (Hb 2.14,15).
            Já nesta promessa temos a profecia sobre os sofrimentos de Cristo e sobre as glórias que lhes seguiriam (1Pd 1.11).
            A promessa de um descendente vitorioso, que derrotaria as maldições resultantes do pecado, foi repetida nas Escrituras (Gn 12.1-3; Is 7.14; 9.6,7; 11.1-10; Mq 5.2) e começou a se cumprir milhares de anos depois, no nascimento de Jesus (Mt 1.21-23; Gl 4.4,5).
Este mundo será restaurado. Haverá novos céus e nova terra. Os portões do Paraíso, fechados por causa do pecado dos nossos primeiros pais, será reaberto por causa do nascimento, morte e ressurreição de Jesus. No Natal esta antiga promessa começou a se tornar realidade. 

sexta-feira, 8 de junho de 2018

SETE HOMENS, DOIS DESTINOS


Não é titulo de filme, mas poderia ser o título de uma história contada pelo Senhor Jesus. Nela fica evidente o que Deus pensa de pessoas que exigem provas sobrenaturais para acreditar sobre o além. Ela também nos ensina que nosso destino depois da morte depende de nossa atitude nesta vida. Nosso destino no além depende do estilo de vida adotado aqui. Ela está relatada em Lucas 16.19-31.


DOIS ESTILOS DE VIDA: UM VALORIZA SÓ BENS DAQUI, OUTRO ESPERA PELOS BENS DE DEUS
            No início, a narrativa nos apresenta dois personagens: um rico e um mendigo chamado Lázaro. O rico leva uma vida centrada nos bens deste mundo, sem nenhum interesse pela vida com Deus. Ele vestia-se habitualmente com púrpura e linho fino, o melhor que era oferecido na época. Púrpura era um corante caríssimo usado para tingir os tecidos. 
            Para ele, o valor supremo da vida estava em desfrutar dos prazeres de cada dia. Por isso, diariamente “se regalava esplendidamente”. Esta expressão foi usada para expressar o estilo de vida de outro rico, que se resumia a trabalhar, ganhar e desfrutar essa vida (Lc 12.19). O contentamento era encontrado nisso. A única alegria procurada estava em usar sua riqueza para oferecer banquetes diários e comprar vestes suntuosas. Isso, sim era viver! Isso era o que fazia a vida valer a pena para ele!
            Tal fato fica mais evidente quando lhe é dito no verso 25 “recebeste os teus bens”, significando que tudo que ele buscara e esperara da vida, ele conquistara na terra, portanto nada mais lhe era devido. O termo “teus” indica que ele já havia tido tudo que escolhera. Ele não almejou, nem buscou bens superiores, eternos. Seu único alvo era a riqueza deste mundo. Havia preparado-se apenas para este mundo, e já havia recebido tudo que escolhera!
            Poderia ter dedicado algum tempo para cultivar uma vida com Deus, deleitando-se na Palavra de Deus, ajudando outras pessoas, como Lázaro. Mas não. As únicas coisas que faziam seus olhos brilhar eram a púrpura, o linho fino e as festas diárias. Isso havia sido o que de bom quis da vida, e isso ele teve. Lázaro havia recebido os males. Para ele não foi usada a expressão “teus”, mostrando que estes males não foram por culpa de Lázaro.
            O rico não se importava com as necessidades de Lázaro, ainda que aquele pobre estivesse assentado à porta de sua casa. Nem migalhas de pães, que eram usadas para limpar as mãos, a boca e os pratos, e depois jogadas fora, eram concedidas àquele mendigo faminto. Para o rico, era como se ele não existisse, pois o rico vivia exclusivamente para si. 
            Tal qual seus irmãos, ele não se interessava pela Palavra de Deus. Ele diz que seus irmãos viviam como ele, e não atendiam a “Moisés e os Profetas”, expressão que indicava o Antigo Testamento, que constituía a Palavra de Deus na época. Havia negligência e desatenção para com a Revelação de Deus, afinal não tinha tempo, pois o que queria era apenas se divertir. 
            Seu problema não era ser rico, pois Abraão, Jó, Salomão foram pessoas ricas, e ainda assim serviram a Deus. A questão foi que a riqueza desviou sua atenção dos valores que garantiam uma boa vida depois da morte. Isto porque a riqueza só pode garantir os bens daqui. Ele nunca havia se preocupado com a morte, o além e a vida eterna. O importante para ele era divertir-se aqui. A fascinação da riqueza impediu a Palavra de Deus de frutificar em sua vida (Mc 4.19).
            O nome Lázaro significa “Deus ajuda”. Isso mostra que ele era um homem que tinha apenas Deus como sua fonte de socorro. Para as pessoas deste mundo, era alguém na estaca zero. Ele havia sido jogado à porta do rico e ali permanecia. Fora abandonando pelos homens e não tinha como sair dali. Ninguém o ajudava. Esperava e dependia apenas da ajuda de Deus. Como estava coberto de feridas, despertava o nojo e a repulsa das pessoas. Talvez por isso tenha sido abandonado. Nem seu desejo de alimentar-se com as sobras jogadas fora era atendido. Sua fome não era saciada. Sua única companhia era a dos cães que vinham lamber-lhe as feridas. 
            Notamos que Lázaro era submisso a Deus, pois não reclamava nem murmurava. Aceitava os males que lhe couberam na vida. Não era um fatalista, pois tenta aliviar o seu sofrimento saciando a sua fome, embora não consiga. 
Ele sabia que havia sorte mais terrível do que sofrer passando fome e humilhações. Provavelmente tinha que lidar com a crença comum em sua época de que um grande sofrimento era resultado de uma vida muito pecaminosa. É possível que tenha escutado essas explicações a seu respeito. Era um homem sofrido e incompreendido.  Sua virtude não está em ser pobre, mas em depender de Deus e n’Ele esperar. 

A MORTE CHEGA PARA TODOS
Mas, um dia a morte chegou para ambos. 
Ela não diferencia rico ou pobre. A riqueza não livra da morte (Pv 11.4). Ela acontece a todos: justos e injustos, para quem está preparado e para quem não está. Ela é uma realidade inevitável.
Uma das lendas do livro “Mil e Uma noites” ilustra isso. Um escravo foi ao mercado, e lá encontrou com a Morte a fitá-lo. Muito preocupado voltou e contou o fato ao patrão. Este lhe deu dinheiro para viajar para longe, para a cidade de Bagdá. Depois que ele partiu, o patrão foi procurar a Morte e indagou dela a razão de ter assustado o seu escravo. Ela respondeu que estava surpresa de encontrar o escravo ali, pois tinha um encontro marcado com ele naquela noite em Bagdá. Moral da história: quando a hora chegar, não adianta fugir, a morte nos encontrará.

A MORTE NÃO É O FIM 
Mas a morte não é o fim. Há uma vida além dela. Após a morte, Lázaro é levado pelos anjos para o seio de Abraão e o rico, sepultado. É importante notar esta diferença. Aquele que antes foi desprezado por todos e que viveu sozinho, abandonado aos próprios males em companhia de cães a esmolaa à porta do rico, pôde, na hora da morte, contar com um cortejo angelical para conduzi-lo ao céu. O rico foi apenas sepultado. 
 Essa não foi a única diferença. Lázaro foi para um lugar de alegria, um baquete no qual ele ocupa a posição de maior honra. A expressão “no seio de Abraão”, significa que ele estava reclinado à mesa ao lado direito de Abraão, o dono do banquete, como principal convidado. Aquele que era desprezado aqui, foi muito honrado lá. Na terra, em virtude de seu sofrimento, provavelmente ele foi julgado como um condenado por Deus. Essa, porém, não era a realidade. Isso nos alerta a tomar cuidado com os julgamentos que fazemos. As aparências enganam. 
Diz a história que o rico estava no inferno, em grande aflição. Note que o céu e o inferno são lugares onde as pessoas estão conscientes, sentindo, pensando e vivendo. Elas percebem o que está acontecendo, lembram e estão convictas da verdadeira situação daqueles que ficaram na terra. Podem até antever o futuro deles. 
Alguns podem alegar que esta é apenas uma parábola, cujo objetivo não é ensinar sobre a vida além. Pode até ser uma parábola, mas não é uma fábula. Jesus nunca usou elementos falsos, ilusórios ou lendários em suas parábolas. As parábolas contadas por Ele sempre foram compostas com elementos reais, factíveis e possíveis. Além disso, essa é a única parábola na qual Ele menciona o nome de uma pessoa. Portanto, se Ele mencionou que a vida além-túmulo é assim, devemos acreditar que ela é composta de alegria ou sofrimento intenso.     
O sofrimento do inferno não mudou a atitude do rico. Ele ainda se acha no direito de dar ordens. Ele pede que pai Abraão “mande Lázaro”. O senso de superioridade e orgulho ainda o acompanham. O rico nunca havia interrompido seus banquetes terrenos para doar uma migalha de pão a Lázaro. Mas agora, ele quer que Lázaro deixe de desfrutar do banquete celestial por um momento, para mergulhar o dedo em água, ir até a chama do inferno aliviar um pouco o seu sofrimento. Quantas pessoas não estão dispostas a deixar sequer um de seus bens terrenos em troca de bens eternos! Muitas fazem o oposto. Trocam a alegria eterna por momentos passageiros de prazer daqui. Um dia, buscarão um pequeno alívio, mas não o encontrarão!
A resposta de Abraão indica que, uma vez no inferno ou no céu, não há como mudar de lugar, pois um grande abismo foi posto e permanece separando estes lugares, com o propósito de impedir a passagem de um lugar para outro. O destino depois da morte é para sempre. Não há como acertar a situação com Deus depois de chagar lá. A escolha de nosso destino é feita em vida. O segundo pedido do rico demonstra isso.

ATENDER À PALAVRA DE DEUS É A ÚNICA FORMA DE ESCAPAR DO INFERNO
Ele suplica por seus irmãos, que viviam da mesma maneira que ele tinha vivido, sem atender à Palavra de Deus. Por isso o rico conclui que eles irão para o mesmo lugar, o inferno. Então pede a Abraão que interrompa o descanso de Lázaro e o mande de volta à terra para pregar a seus irmãos. A realidade infernal é tão terrível que quem lá está não deseja que seus entes queridos sigam também para lá. Quando em vida, o rico jamais havia se preocupado com isso. Agora, que sente na alma as intensas angústias, tem profundo e sofrido interesse por seus irmãos. Quantos de nós, com parentes e amigos descrentes na Palavra, vivemos sem ao menos pensar no destino eterno deles! Nem nos preocupamos em clamar e pregar a eles. O rico só clamou depois, quando seu clamor já não mais resolvia.
Abraão responde que aqueles que não ouvem a Palavra de Deus também não crerão em obras sobrenaturais. A expressão “Moisés e os profetas” é uma figura de linguagem para se referir aos escritos de Moisés e dos Profetas, isto é, o Antigo Testamento, que era toda a Palavra de Deus naquela época.   
Mesmo que alguém volte dos mortos, eles não estarão dispostos a mudar de vida para seguir a Palavra de Deus. As pessoas podem atém reivindicar sinais para crer em Jesus. Porém, quando os sinais aparecerem, elas arrumam outras desculpas. Os judeus pediram sinais. Quando Jesus ressuscitou aquele outro Lázaro, eles continuaram sem crer e buscaram eliminá-lo (Mt 12.38; Jo 11.47-53)
Na verdade, para quem não aceita a Palavra de Deus, os sinais apenas intensificarão o juízo eterno. Foi isso o que Jesus afirmou sobre as cidades que presenciaram os milagres realizados por Ele. O juízo para elas seria mais rigoroso (Mt 11.20-24). 
Duas crenças do rico são corretas: quem vive sem atender à Palavra de Deus na terra, depois da morte irá para o inferno; a outra é que, se houver arrependimento, elas serão perdoadas e escaparão desse destino terrível. É isso que ele acha que aconteceria se Lázaro voltasse dos mortos e pregasse aos seus irmãos. Jesus exortou as pessoas a se arrependerem, para evitar o perecimento eterno (Lc 13.3,5). O erro do rico é achar que a Palavra de Deus não é suficiente. O único modo de as pessoas se arrependerem é conhecendo e crendo na Palavra de Deus. Hoje nós temos o Antigo e o Novo Testamento, Moisés, os Profetas e os Apóstolos. Precisamos anunciar esta palavra e clamar para que as pessoas creiam e se arrependam. Somente assim escaparão do inferno.       
Iremos morrer. Depois só nos resta céu ou inferno. Para escapar do inferno é necessário ouvir e seguir a Palavra de Deus. Isso deve ser feito em vida. Pois, enquanto há vida, há esperança.  Depois, só desespero para os que não atenderam à Palavra de Deus.  

sábado, 12 de maio de 2018

UMA MÃE DE GRANDE FÉ – 1ª PARTE

A fé é imprescindível para todas as atividades da vida, inclusive para a maternidade. Qualquer mulher que deseje ser bem-sucedida como mãe necessita ter fé. E se for mãe de filhos problemáticos ela precisa de uma grande fé. A Bíblia nos conta a história de uma mãe que tinha uma pequena filha com grandes problemas. Relata que ela alcançou a vitória pois sua fé era maior do que os problemas de sua filha.
Ao narrar o ministério de Jesus, Mateus e Marcos nos contam que, após alguns debates travados com religiosos judeus, Jesus deixou Genesaré, uma cidade agradável e fértil, e foi para a região onde estavam as cidades de Tiro e Sidom. Uma caminhada de uns oitenta quilômetros, subindo das margens do Mar da Galiléia, percorrendo uma região montanhosa e depois descendo para as planícies costeiras do Mar Mediterrâneo. Eles e seus discípulos devem ter gasto uns três dias nesta caminhada. Esta região era habitada por gentios. Nações que não eram do povo judeu, que não pertenciam ao povo da aliança (Mt 15.21-28; Mc 7.24-30). 
 Ao chegar ali, Jesus e os discípulos se hospedaram numa casa. O desejo de Jesus era que ninguém soubesse de sua presença. Não nos é informado o motivo desta longa caminhada e desta drástica mudança. Jesus vivia um momento de popularidade e questionamentos. Talvez buscasse um lugar onde fosse menos conhecido, para assim acalmar as pretensões das multidões, que queriam fazer dele um rei, após o milagre da multiplicação dos pães e peixes.   Ou talvez quisesse um lugar mais tranquilo para instruir seus discípulos sobre a verdadeira pureza, ensinando-lhes que esta não dependia de rituais externos, mas do coração. Esse havia sido o assunto do debate com os fariseus e escribas (Mt 15.1-20).
Mas a notícia de que Ele havia chegado na cidade vazou, e uma mulher imediatamente a ouviu. Com um “eis” que poderia ser traduzido “vejam”, Mateus chama nossa atenção e nos convida a imaginar a cena: a mulher vem clamando até Jesus. Ele também nos informa que esta mulher era cananéia, enfatizando assim, que ela não era da nação escolhida por Deus, o povo de Israel, mas das nações pagãs que habitavam naquela região. Marcos nos diz que ela era grega e siro-fenícia, isto é, tinha uma cultura e uma religião diferentes.
A mulher tem um grande problema, e por isso grita, clama em alta voz, pedindo o socorro de Jesus. O conteúdo de seu clamor é bem específico: ela pede misericórdia. Misericórdia é o sentimento que motiva alguém a compartilhar o sofrimento de outrem e age para aliviar aquela aflição. É a sensibilidade pela miséria alheia que se transforma numa compaixão ativa. Como fez o samaritano, ajudando o desconhecido assaltado e ferido que se encontrava à beira do caminho, abandonado quase à morte. Um ato desinteresseiro, mas eficiente (Lc 10.33,37). 
Misericórdia é o equivalente do termo “graça” do Antigo Testamento, aquele amor que se inclina a agir favoravelmente com alguém sem levar em conta seus méritos ou deméritos. A pessoa que demonstra graça socorre o necessitado, mesmo que ele não mereça aquela ajuda, como os anjos fizeram com Ló, puxando-o pela mão, e assim o livraram do juízo que veio sobre Sodoma (Gn 19.16,19). Quem age graciosamente não espera um retorno, quer apenas aliviar o sofrimento daquele que precisa, como Rute fez com Noemi, dispondo-se a acompanhá-la, mesmo sabendo que não havia nenhuma perspectiva de um bom futuro para si (Rt 1.16,17; 3.10).  
Os que pedem misericórdia compartilham duas características: têm uma grande necessidade que eles mesmos não conseguem resolver e sabem que não são merecedores daquilo que estão pedindo. Eles compreendem que o exercício da misericórdia para socorrer sua necessidade depende unicamente da livre vontade da pessoa a quem pedem socorro. Em outras palavras, eles reconhecem sua situação de miséria e aflição e sua impotência para encontrar a solução. Por isso, clamam a alguém, para que sinta piedade deles e os tire daquela situação miserável. 
A fé da mulher cananéia a levou a clamar por misericórdia. Mas além disso, sua fé era bem informada. Ela busca a pessoa certa do modo correto. Ela clama a Jesus, chamando-o de “Senhor, Filho de Davi”. 
Ao chama-lo de “Senhor”, ela demonstra seu respeito, entendendo que Jesus é um Mestre que tem autoridade. O título “Filho de Davi” indica que ela estava consciente da esperança messiânica dos judeus e acreditava que Jesus era este Messias. Ou seja, ela cria que estava diante  daquele Ungido que fora prometido no Antigo Testamento para trazer a salvação e restaurar o reino prometido a Davi. Esta mulher não era uma desinformada a respeito da palavra e promessas de Deus. 
Ela deve ter ouvido sobre a esperança no Libertador, que o povo de Israel tinha. Também ouviu dos milagres realizados por Jesus, e acreditou que Ele era o Libertador esperado. E assim, confessou que Ele era seu Senhor.  
O seu grito por misericórdia também indica sua crença em Jesus como o Senhor autorizado para representar Deus na terra. Ele era o agente da misericórdia divina no mundo. Reconhece que Jesus tinha o poder e autoridade suficientes para resolver seu grande problema. Por isso se prostra aos pés dele.  
Ela conta a Jesus o seu problema: sua filhinha estava horrivelmente endemoninhada. Isto quer dizer que aquela menina estava sendo atormentada por espíritos imundos. Os demônios haviam feito um ninho nela e lhe causavam tormentos. Os demônios são seres a serviço de Satanás na oposição ao plano e reino de Deus. Portanto, aquela garota estava possuída por poderes do mal que arruinavam e prejudicavam a imagem de Deus que existe no ser humano. O alvo deles era causar sofrimento e destruição. 
Quando uma filha ou filho são atormentados, as mães são ainda mais! Com certeza, elas preferem sofrer a ver seus filhos sofrerem. Portanto o tormento daquela mãe era maior do que o de sua filha. Mas ela não busca Jesus para ter explicações do porquê de sua filha estar sofrendo. Ela não pergunta por que Deus permitiu algo assim? Não! Ela clama por socorro. Busca Jesus porque crê que Ele tem a solução. Nossas necessidades são oportunidades para a oração e não para questionamentos ou busca por explicações.
         Muitas mães enfrentam problemas com seus filhos. Estes são atormentados por muitos males. As reações destas mães diferem. Umas se queixam, outras se desesperam, ainda outras perdem as esperanças. Há aquelas que buscam Deus para ter explicações, para entender as razões da aflição. Algumas se queixam de outros, culpam outros, ou reclamam quando não são socorridas e ajudadas por outras pessoas. Mas, as mães que têm fé clamam a Deus. Pedem misericórdia, e confiam em Jesus como o Salvador e Senhor de suas vidas, o único que pode libertar e aliviar os sofrimentos de seus filhos, e, consequentemente, delas mesmas.

JÓ, O HOMEM QUE NÃO DESISTIU DE ORAR

             O livro de Jó é fascinante. Uma obra de excelência artística literária, que inclui narrativa e poesia, diálogos e discursos. Tem um enredo atraente, abordando questões complexas, mas muito pertinentes, entre elas: por que os justos sofrem? Que é uma das mais perturbadoras para a nossa mente.  
            Em minhas leituras bíblicas, este livro sempre renova minha admiração, pois aprendo e descubro aspectos que haviam passados desapercebidos em leituras anteriores.  Neste ano, como a leitura do livro coincidiu com os preparos para a campanha de oração, fiquei mais atento aos seus ensinos sobre oração, compartilho agora algo que aprendi. 
            Primeiro fato que se destaca é que Jó era homem de oração. Ele passou por três grandes fases em sua vida: prosperidade, aflição e novamente prosperidade, esta última em dobro. E a oração o acompanhou nestas três épocas. A oração foi sempre sua primeira reação diante das surpresas da vida, fossem essas agradáveis ou não.
            Logo no início, quando seu caráter nos é apresentado, lemos que ele se levantava de madrugada para oferecer holocausto em favor de seus dez filhos (1.5). Era uma atividade de intercessão, na qual apresentava seus filhos diante de Deus, através de ofertas sacrificiais, e assim os conduzia à santidade. Não havia nenhuma indicação de que estes jovens não temiam a Deus, pelo contrário, Jó sabia que na aparência eles não haviam pecado, mas queria ensinar que a devoção interior, aquela que é fruto de um coração que ama a Deus, era muito importante. Esta não era uma atividade esporádica na vida de Jó, mas contínua.  No período de provação, ele relembra que, em sua prosperidade, clamava e Deus lhe respondia (12.4). Assim era Jó na época em que tudo ia bem na sua vida, sempre orando a Deus, sem jamais colocar sua esperança em ídolos, pois isso seria negar Deus (31.24-28). 
Outro ensino claramente perceptível é que nem sempre uma vida de oração nos livra dos sofrimentos. Mesmo sendo homem de oração, Jó passou pela aflição. Mas, quando ela chegou sua primeira reação foi orar. Ao saber que havia perdido tudo, incluindo seus dez filhos, ele se lançou de rosto em chão e adorou a Deus, louvou a Deus pelas perdas. E a partir daí até o capítulo 31, o livro nos conta seus diálogos com seus amigos e também suas conversas com Deus através da oração.  
            Nestas orações Jó desabafava e lamentava, derramando suas queixas diante de Deus (10.1,2). Afirmava sua certeza de que seu sofrimento viera das mãos do Deus soberano que ele adorava. Ele não conseguia entender o motivo, mas tinha certeza da origem (16.7,12). Isso incentivava sua oração, pois se Deus era causa, também seria a solução. 
            Quando a aflição é intensa e demorada pode-se ter a impressão de que Deus não está ouvindo, ou se escuta, não demonstra interesse em atender. Jó também teve esse sentimento, e não o escondeu de Deus, mas o declarou em oração. Disse que se sentia como alguém que desesperadamente clama numa hora de necessidade, de pé diante de Deus, mas Deus apenas olha e nada faz (9.16; 19.7;30.20). Numa situação assim, as palavras de Eliú servem de ajuda ainda que dizes que não o vês, a tua causa está diante dele, por isso, espera nele (35.14).
Foi exatamente isso que Jó fez, o silêncio de Deus não o desanimou, continuou clamando, buscando as explicações verdadeiras e justas, afirmando a pureza de suas orações (13.3; 16.17). Mesmo quando buscou e não encontrou, ele não desistiu de continuar clamando (23.1ss), apresentando sua defesa (31.35). Este constante apelo à Deus evidencia a intensidade de sua confiança e relacionamento com Ele. 
Também levou a Deus suas reflexões sobre a vida, contando como ele estava vendo a realidade naquele momento, não tentou esconder de Deus o que pensava (14.1ss). Derramou suas lágrimas diante de Deus, apresentando seu choro, ensinando que a oração é o melhor colo ou ombro para chorar quando a dor é grande e os amigos não entendem (16.20).  O que ele mais ansiava era voltar a desfrutar da amizade de Deus (29.4). Mesmo em sua aflição, rejeitou como perversa a atitude que nega o proveito da oração e acredita que a prosperidade depende apenas do esforço humano (21.14-16),  manteve a crença de que orar a Deus é uma forma de deleitar-se n’Ele (27.10).
Na última fase, a reação de Jó diante da resposta de Deus foi a oração, desta vez confessando e admitindo que não conhecia tudo, e que Deus é soberano e poderoso (40.4,5; 42.2-6). E por fim intercedeu por seus amigos, aqueles mesmos que o haviam acusado falsamente (42.7-10).
Jó compartilhava com seus amigos a crença de que Deus não atende a oração do injusto (27.9; 35.9-13). Mas, aprendeu que isso não significa que Deus está obrigado a atender a oração do justo da forma e no tempo que o justo pede, como seus amigos apregoavam (22.27;33.26). Deus tem sua própria agenda e seu próprio tempo. Ele atende até aos filhotes de corvos quando clamam (38.41), mas faz isso de acordo com Seus próprios propósitos.   
Mas o fato de Deus não nos atender conforme a nossa vontade e no nosso tempo não significa que a oração não tenha proveito. Pois Deus respondeu, no tempo e da forma que Ele sabiamente planejou, e isso não apenas foi de proveito para Jó e seus amigos, mas também para todos os leitores do livro, inclusive para nós hoje. Portanto, mesmo quando pensarmos que Ele não está se interessando, vamos perseverar, pois Ele está atento e no tempo certo responderá. 

                        


RENOVANDO O ÂNIMO PARA ENFRENTAR MAIS UM ANO QUE SE INICIA – 2ª PARTE

  Há pessoas que “ desistem da vida muito antes que seu coração pare de bater — estão acabadas, esgotadas, despedaçadas, mas ainda assim aco...