sexta-feira, 8 de junho de 2018

SETE HOMENS, DOIS DESTINOS


Não é titulo de filme, mas poderia ser o título de uma história contada pelo Senhor Jesus. Nela fica evidente o que Deus pensa de pessoas que exigem provas sobrenaturais para acreditar sobre o além. Ela também nos ensina que nosso destino depois da morte depende de nossa atitude nesta vida. Nosso destino no além depende do estilo de vida adotado aqui. Ela está relatada em Lucas 16.19-31.


DOIS ESTILOS DE VIDA: UM VALORIZA SÓ BENS DAQUI, OUTRO ESPERA PELOS BENS DE DEUS
            No início, a narrativa nos apresenta dois personagens: um rico e um mendigo chamado Lázaro. O rico leva uma vida centrada nos bens deste mundo, sem nenhum interesse pela vida com Deus. Ele vestia-se habitualmente com púrpura e linho fino, o melhor que era oferecido na época. Púrpura era um corante caríssimo usado para tingir os tecidos. 
            Para ele, o valor supremo da vida estava em desfrutar dos prazeres de cada dia. Por isso, diariamente “se regalava esplendidamente”. Esta expressão foi usada para expressar o estilo de vida de outro rico, que se resumia a trabalhar, ganhar e desfrutar essa vida (Lc 12.19). O contentamento era encontrado nisso. A única alegria procurada estava em usar sua riqueza para oferecer banquetes diários e comprar vestes suntuosas. Isso, sim era viver! Isso era o que fazia a vida valer a pena para ele!
            Tal fato fica mais evidente quando lhe é dito no verso 25 “recebeste os teus bens”, significando que tudo que ele buscara e esperara da vida, ele conquistara na terra, portanto nada mais lhe era devido. O termo “teus” indica que ele já havia tido tudo que escolhera. Ele não almejou, nem buscou bens superiores, eternos. Seu único alvo era a riqueza deste mundo. Havia preparado-se apenas para este mundo, e já havia recebido tudo que escolhera!
            Poderia ter dedicado algum tempo para cultivar uma vida com Deus, deleitando-se na Palavra de Deus, ajudando outras pessoas, como Lázaro. Mas não. As únicas coisas que faziam seus olhos brilhar eram a púrpura, o linho fino e as festas diárias. Isso havia sido o que de bom quis da vida, e isso ele teve. Lázaro havia recebido os males. Para ele não foi usada a expressão “teus”, mostrando que estes males não foram por culpa de Lázaro.
            O rico não se importava com as necessidades de Lázaro, ainda que aquele pobre estivesse assentado à porta de sua casa. Nem migalhas de pães, que eram usadas para limpar as mãos, a boca e os pratos, e depois jogadas fora, eram concedidas àquele mendigo faminto. Para o rico, era como se ele não existisse, pois o rico vivia exclusivamente para si. 
            Tal qual seus irmãos, ele não se interessava pela Palavra de Deus. Ele diz que seus irmãos viviam como ele, e não atendiam a “Moisés e os Profetas”, expressão que indicava o Antigo Testamento, que constituía a Palavra de Deus na época. Havia negligência e desatenção para com a Revelação de Deus, afinal não tinha tempo, pois o que queria era apenas se divertir. 
            Seu problema não era ser rico, pois Abraão, Jó, Salomão foram pessoas ricas, e ainda assim serviram a Deus. A questão foi que a riqueza desviou sua atenção dos valores que garantiam uma boa vida depois da morte. Isto porque a riqueza só pode garantir os bens daqui. Ele nunca havia se preocupado com a morte, o além e a vida eterna. O importante para ele era divertir-se aqui. A fascinação da riqueza impediu a Palavra de Deus de frutificar em sua vida (Mc 4.19).
            O nome Lázaro significa “Deus ajuda”. Isso mostra que ele era um homem que tinha apenas Deus como sua fonte de socorro. Para as pessoas deste mundo, era alguém na estaca zero. Ele havia sido jogado à porta do rico e ali permanecia. Fora abandonando pelos homens e não tinha como sair dali. Ninguém o ajudava. Esperava e dependia apenas da ajuda de Deus. Como estava coberto de feridas, despertava o nojo e a repulsa das pessoas. Talvez por isso tenha sido abandonado. Nem seu desejo de alimentar-se com as sobras jogadas fora era atendido. Sua fome não era saciada. Sua única companhia era a dos cães que vinham lamber-lhe as feridas. 
            Notamos que Lázaro era submisso a Deus, pois não reclamava nem murmurava. Aceitava os males que lhe couberam na vida. Não era um fatalista, pois tenta aliviar o seu sofrimento saciando a sua fome, embora não consiga. 
Ele sabia que havia sorte mais terrível do que sofrer passando fome e humilhações. Provavelmente tinha que lidar com a crença comum em sua época de que um grande sofrimento era resultado de uma vida muito pecaminosa. É possível que tenha escutado essas explicações a seu respeito. Era um homem sofrido e incompreendido.  Sua virtude não está em ser pobre, mas em depender de Deus e n’Ele esperar. 

A MORTE CHEGA PARA TODOS
Mas, um dia a morte chegou para ambos. 
Ela não diferencia rico ou pobre. A riqueza não livra da morte (Pv 11.4). Ela acontece a todos: justos e injustos, para quem está preparado e para quem não está. Ela é uma realidade inevitável.
Uma das lendas do livro “Mil e Uma noites” ilustra isso. Um escravo foi ao mercado, e lá encontrou com a Morte a fitá-lo. Muito preocupado voltou e contou o fato ao patrão. Este lhe deu dinheiro para viajar para longe, para a cidade de Bagdá. Depois que ele partiu, o patrão foi procurar a Morte e indagou dela a razão de ter assustado o seu escravo. Ela respondeu que estava surpresa de encontrar o escravo ali, pois tinha um encontro marcado com ele naquela noite em Bagdá. Moral da história: quando a hora chegar, não adianta fugir, a morte nos encontrará.

A MORTE NÃO É O FIM 
Mas a morte não é o fim. Há uma vida além dela. Após a morte, Lázaro é levado pelos anjos para o seio de Abraão e o rico, sepultado. É importante notar esta diferença. Aquele que antes foi desprezado por todos e que viveu sozinho, abandonado aos próprios males em companhia de cães a esmolaa à porta do rico, pôde, na hora da morte, contar com um cortejo angelical para conduzi-lo ao céu. O rico foi apenas sepultado. 
 Essa não foi a única diferença. Lázaro foi para um lugar de alegria, um baquete no qual ele ocupa a posição de maior honra. A expressão “no seio de Abraão”, significa que ele estava reclinado à mesa ao lado direito de Abraão, o dono do banquete, como principal convidado. Aquele que era desprezado aqui, foi muito honrado lá. Na terra, em virtude de seu sofrimento, provavelmente ele foi julgado como um condenado por Deus. Essa, porém, não era a realidade. Isso nos alerta a tomar cuidado com os julgamentos que fazemos. As aparências enganam. 
Diz a história que o rico estava no inferno, em grande aflição. Note que o céu e o inferno são lugares onde as pessoas estão conscientes, sentindo, pensando e vivendo. Elas percebem o que está acontecendo, lembram e estão convictas da verdadeira situação daqueles que ficaram na terra. Podem até antever o futuro deles. 
Alguns podem alegar que esta é apenas uma parábola, cujo objetivo não é ensinar sobre a vida além. Pode até ser uma parábola, mas não é uma fábula. Jesus nunca usou elementos falsos, ilusórios ou lendários em suas parábolas. As parábolas contadas por Ele sempre foram compostas com elementos reais, factíveis e possíveis. Além disso, essa é a única parábola na qual Ele menciona o nome de uma pessoa. Portanto, se Ele mencionou que a vida além-túmulo é assim, devemos acreditar que ela é composta de alegria ou sofrimento intenso.     
O sofrimento do inferno não mudou a atitude do rico. Ele ainda se acha no direito de dar ordens. Ele pede que pai Abraão “mande Lázaro”. O senso de superioridade e orgulho ainda o acompanham. O rico nunca havia interrompido seus banquetes terrenos para doar uma migalha de pão a Lázaro. Mas agora, ele quer que Lázaro deixe de desfrutar do banquete celestial por um momento, para mergulhar o dedo em água, ir até a chama do inferno aliviar um pouco o seu sofrimento. Quantas pessoas não estão dispostas a deixar sequer um de seus bens terrenos em troca de bens eternos! Muitas fazem o oposto. Trocam a alegria eterna por momentos passageiros de prazer daqui. Um dia, buscarão um pequeno alívio, mas não o encontrarão!
A resposta de Abraão indica que, uma vez no inferno ou no céu, não há como mudar de lugar, pois um grande abismo foi posto e permanece separando estes lugares, com o propósito de impedir a passagem de um lugar para outro. O destino depois da morte é para sempre. Não há como acertar a situação com Deus depois de chagar lá. A escolha de nosso destino é feita em vida. O segundo pedido do rico demonstra isso.

ATENDER À PALAVRA DE DEUS É A ÚNICA FORMA DE ESCAPAR DO INFERNO
Ele suplica por seus irmãos, que viviam da mesma maneira que ele tinha vivido, sem atender à Palavra de Deus. Por isso o rico conclui que eles irão para o mesmo lugar, o inferno. Então pede a Abraão que interrompa o descanso de Lázaro e o mande de volta à terra para pregar a seus irmãos. A realidade infernal é tão terrível que quem lá está não deseja que seus entes queridos sigam também para lá. Quando em vida, o rico jamais havia se preocupado com isso. Agora, que sente na alma as intensas angústias, tem profundo e sofrido interesse por seus irmãos. Quantos de nós, com parentes e amigos descrentes na Palavra, vivemos sem ao menos pensar no destino eterno deles! Nem nos preocupamos em clamar e pregar a eles. O rico só clamou depois, quando seu clamor já não mais resolvia.
Abraão responde que aqueles que não ouvem a Palavra de Deus também não crerão em obras sobrenaturais. A expressão “Moisés e os profetas” é uma figura de linguagem para se referir aos escritos de Moisés e dos Profetas, isto é, o Antigo Testamento, que era toda a Palavra de Deus naquela época.   
Mesmo que alguém volte dos mortos, eles não estarão dispostos a mudar de vida para seguir a Palavra de Deus. As pessoas podem atém reivindicar sinais para crer em Jesus. Porém, quando os sinais aparecerem, elas arrumam outras desculpas. Os judeus pediram sinais. Quando Jesus ressuscitou aquele outro Lázaro, eles continuaram sem crer e buscaram eliminá-lo (Mt 12.38; Jo 11.47-53)
Na verdade, para quem não aceita a Palavra de Deus, os sinais apenas intensificarão o juízo eterno. Foi isso o que Jesus afirmou sobre as cidades que presenciaram os milagres realizados por Ele. O juízo para elas seria mais rigoroso (Mt 11.20-24). 
Duas crenças do rico são corretas: quem vive sem atender à Palavra de Deus na terra, depois da morte irá para o inferno; a outra é que, se houver arrependimento, elas serão perdoadas e escaparão desse destino terrível. É isso que ele acha que aconteceria se Lázaro voltasse dos mortos e pregasse aos seus irmãos. Jesus exortou as pessoas a se arrependerem, para evitar o perecimento eterno (Lc 13.3,5). O erro do rico é achar que a Palavra de Deus não é suficiente. O único modo de as pessoas se arrependerem é conhecendo e crendo na Palavra de Deus. Hoje nós temos o Antigo e o Novo Testamento, Moisés, os Profetas e os Apóstolos. Precisamos anunciar esta palavra e clamar para que as pessoas creiam e se arrependam. Somente assim escaparão do inferno.       
Iremos morrer. Depois só nos resta céu ou inferno. Para escapar do inferno é necessário ouvir e seguir a Palavra de Deus. Isso deve ser feito em vida. Pois, enquanto há vida, há esperança.  Depois, só desespero para os que não atenderam à Palavra de Deus.  

RENOVANDO O ÂNIMO PARA ENFRENTAR MAIS UM ANO QUE SE INICIA – 2ª PARTE

  Há pessoas que “ desistem da vida muito antes que seu coração pare de bater — estão acabadas, esgotadas, despedaçadas, mas ainda assim aco...