domingo, 1 de janeiro de 2017

PERSEVERANDO EM CRER, MESMO SEM ENTENDER


O término de um ano e início de outro são ocasiões propícias para duas atitudes: analisar o passado e planejar o futuro. Atividades que podem tornar o presente frustrante. Pois nem temos todas as explicações sobre o que passou e nem conhecimento e poder para controlar o que virá.
Mas há alguém cujos planos não podem ser frustrados, porque para Ele tudo é possível. Ele tem poder ilimitado e conhecimento inalcançável. Foi isso que Jó confessou (Jó 42.1-6).
Jó era um homem justo, reto, que adorava a Deus em obediência, afastando-se de todo pecado. Tinha uma vida confortável e próspera. Uma boa família, riqueza em abundância, amigos e respeito de sua comunidade. Era um adorador completo e sincero, cumprindo as regras exteriores do culto, sem esquecer-se do respeito interior, fruto de um coração que temia desagradar a Deus (Jó 1.1-5).  Deus se deleitava com sua vida e o elogiou enfaticamente diante de Satanás (Jó 1.8; 2.5)
Mas um dia a situação mudou drasticamente. Em poucas horas perdeu   filhos e bens. Depois a saúde, o apoio da esposa e o conforto dos amigos. E o mais terrível, Deus ficou em silêncio. Não respondia aos seus questionamentos e orações. Parecia que Jó também tinha perdido a comunhão com Deus. Aparentemente ele ficou sozinho com seu sofrimento.
O que havia acontecido? No relacionamento entre o homem e Deus há um adversário de ambos que, como tentador, busca afastar o homem de Deus e, como acusador, tenta afastar Deus do homem. Ele fez um ataque ousado a ambos. De uma tacada só ele acusou Jó de hipócrita e insincero e Deus de tolo.
Disse que Jó servia a Deus por interesse e que Deus era tão ingênuo que nem percebia isso. Para ele, Jó era justo porque lucrava com isso. Certo comentarista disse que nesta difamação A própria justiça de Jó, na qual Deus se deleita, é destituída de toda integridade; e se tornava um pecado terrível. Satanás demonstrou todo seu cinismo, não consegue crer que alguém pode ser fiel a Deus sem ser interesseiro e duvida da capacidade de Deus de julgar acertadamente o coração dos homens. 
Deus vai vindicar a Si mesmo e a Jó, provando que Satanás estava errado. Demonstrará que Jó de fato era um crente fiel e devotado de coração, e que Deus conhece e avalia corretamente as pessoas.  Por isso permitiu que Jó perdesse tudo e ficasse sem nenhum sinal do favor de Deus. Inclusive sem respostas. E é justamente o fato de Deus parecer afastado dele que lhe provoca a maior dor.
Jó se defendeu das acusações de seus três amigos, que afirmavam que a causa de seu sofrimento era algum pecado em sua vida, numa série de debates, e depois fez sua defesa final (Jó 3-26; 28-31). Um quarto amigo também discursou exortando Jó a aceitar a disciplina de Deus (Jó 32-37).
Então o Senhor falou com Jó. Não explicou a razão do sofrimento. Através de perguntas demonstrou que o entendimento de Jó era limitado até naquilo que lhe era visível e passível de ser observado e estudado (Jó 38-39). Depois convidou Jó a observar algumas de Suas criaturas selvagens, que os seres humanos não conseguem domesticar. Deus não apenas compreende todo comportamento do mundo, como controla todas as feras.  O argumento de Deus foi: Jó, se você não consegue entender os acontecimentos naturais e nem dominar alguns animais, por que acha que pode me entender e contender comigo?  
Diante da fala de Deus, Jó fez sua confissão: Eu sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser impedido. A confissão de Jó é que nada pode impedir ou podar os planos de Deus, em outras palavras, não há impossíveis para Deus.  
Jó compreendeu que Deus, além de ter todo o poder (isso ele já sabia), tem também o direito de dispor de suas criaturas conforme Sua sábia vontade.  Inclusive fazer o que fez com Jó.  O exercício de Seu poder tem um propósito sábio, embora nem sempre compreendido pelo homem. Algumas vezes este entendimento nos escapa. Embora o sofrimento de Jó tenha parecido sem sentido, ele agora sabia que para Deus tinha sentido, e isso lhe era o bastante.
Embora Deus não justificou e nem explicou a razão do sofrimento para Jó, ele soube que Deus sabia o que e por que estava fazendo. Isso satisfez a Jó. Lembro-me de uma frase que diz “Não conheço o meu futuro, mas conheço quem o conhece, e isso me dá segurança.”
Jó também confessou sua intromissão em assuntos que iam além de seu entendimento. Exigir uma explicação para todo e cada caso de sofrimento é intrometer-se numa área além da compreensão humana. É falar o que não se pode discernir, e correr o risco de obscurecer o plano de Deus.
Como parte de sua confissão, Jó admite que bem melhor do que qualquer vindicação de sua justiça foi o encontro pessoal com Deus. Não houve uma forma física revelada, pois Deus falou do meio de um redemoinho, mas foi a Palavra de Deus que O revelou. Esta experiência transcendeu todo e qualquer sofrimento e também qualquer teoria sobre Deus.
Diante disso, reconheceu seu lugar e se calou, silenciou no descanso da confiança. Sentiu-se confortado, embora ainda no pó e na cinza. A palavra “arrependo-me” também admite a tradução “estou confortado”. Deus ainda não havia restaurado seus bens, mas a presença de Deus era seu maior bem, por isso, agora, mesmo sofrendo, ele descansa.
Ficou provado que Satanás estava errado: Jó não temia a Deus por interesse e Deus, conhecia plenamente o caráter de Jó.
Sabemos quase nada do futuro e nosso poder para controlá-lo é menor ainda. Não sabemos tudo que nos reserva 2017, e nem precisamos saber, pois conhecemos o Deus que tem o controle de cada dia que virá, sabemos que Seus planos se cumprirão, que Ele é o Deus do impossível. Caminhemos para 2017 confiando nesse Deus.
Não é preciso conhecer o futuro, é suficiente conhecer quem o controla. 




RENOVANDO O ÂNIMO PARA ENFRENTAR MAIS UM ANO QUE SE INICIA – 2ª PARTE

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