Em nossa língua, a raiz
“cardio” é usada em palavras que fazem referência ao coração. Algumas vezes, indicam problemas e doenças,
como cardiopatia e taquicardia. Uma delas indica a esclerose do coração, que é
a cardiosclerose. Na língua grega, na qual foi escrito originalmente o Novo
Testamento, há o termo “esclerocardia”.
Ela foi a palavra usada pelos evangelistas
para expressar o principal motivo ensinado por Jesus como o fator que levava à
separação nos casamentos e à dissolução das famílias (Mt 19.8; Mc 10.4, 5). Ela
significa dureza de coração.
O
maior perigo enfrentado por nossas famílias não é a incompreensão por parte dos
cônjuges, ou os maus hábitos de alguns membros, nem as drogas, nem a violência
na sociedade, ou mesmo a falta de respeito às autoridades. O maior perigo está
bem mais próximo do que você imagina! Ele está dentro de nós. É a nossa
“esclerocardia”. Os outros problemas surgem por causa da dureza de coração.
Quais os sintomas da “esclerocardia”?
A desobediência às ordens de
Deus é o principal deles.
Quando o Antigo Testamento foi
traduzido para o grego, os tradutores usaram o termo “esclerocardia” para
descrever um coração incircunciso, que precisava submeter-se a Deus (Dt 10.16;
Jr 4.4).
Deus havia estabelecido a
circuncisão como símbolo de sua aliança com Abraão e seus descendentes (Gn
17.10-13). Ser circuncidado deveria significar que a pessoa submetia-se à
soberana vontade de Deus, aceitando as condições impostas por Ele para quem
quisesse fazer parte de Seu povo.
Com o passar do tempo, os
israelitas começaram a tratá-la apenas como um ritual externo capaz de garantir
automaticamente as bênçãos de Deus. Os que não faziam parte da aliança com Deus
eram chamados de incircuncisos, considerados impuros moral e espiritualmente (2
Sm 1.20; Is 52.1). Um incircunciso não estava em condições de aproximar-se de
Deus. Era tratado como imundo para participar do culto e da vida com Deus. Mas
a palavra também indicava órgãos do corpo que não funcionavam adequadamente.
Moisés disse que era incircunciso de lábios, isto é, não sabia falar bem. Deus
afirmou que seu povo tinha ouvidos incircuncisos, pois não podia ouvir (Ex
6.12; Jr 6.10).
Coração
incircunciso era aquele que não havia se submetido à vontade de Deus, e que
teimava em desobedecê-lo. Equivalia a alguém de pescoço duro, que rejeitava
curvar-se para obedecer. Semelhante a um animal que não aceitava que o dono lhe
colocasse as rédeas. A Bíblia chama isso de dura cerviz, referindo-se à recusa
em aceitar as ordens de Deus (Ex 33.3,5). Era um coração incapaz de cumprir sua
função de amar a Deus com toda a intensidade do ser (Dt 30.6). Mesmo que a pessoa fosse circuncidada
externamente, se ela não se submetia a Deus, ela sofria de “esclerocardia”.
A
dureza se manifesta numa recusa em arrepender-se e voltar-se para Deus, numa
resistência ao Espírito Santo (Ne 9.29; At 7.51; Rm 2.5). O rei Zedequias agiu assim. Ficou tão
obstinado, que não quis voltar para Deus e, com isso, causou a destruição de
sua família e do seu reino (2 Cr 36.13; 2 Rs 25.7).
Deus
trata a dureza de coração como uma provocação. É uma rebelião que provoca a sua
ira (Hb 3.8).
Quando alguém fecha seus
ouvidos para o que Deus fala e recusa obedecer ao que Ele ordena, está
manifestando os sinais de “esclerocardia”.
A consequência disso será a destruição de sua família. Pois a desobediência
a Deus, a falta de amor a Ele, aceitando Suas ordens e mandamentos, é a maior
causa de desavenças familiares.
Quais as causas da “esclerocardia”?
O engano do pecado é uma delas (Hb 3.13). O pecado promete o que não
pode entregar. Ele se apresenta com uma aparência atraente, faz os olhos
brilharem, demonstra-se prazeroso, parece agradável, fascina, alimenta nossa
esperança de satisfação e realização, mas nunca cumpre o que prometeu. Traz
apenas frustração e decepção. Quantas pessoas sucumbem a este engano! Mesmo
quando tudo está bem no lar, elas são atraídas pelas palavras enganosas do
pecado, esperam algo melhor, e tal como Eva, destroem o paraíso que o lar
poderia ser (Gn 3.6).
Algumas vezes um dos cônjuges se
sente insatisfeito, não consegue lidar com as expectativas frustradas dentro do
casamento. Então encontra outra pessoa que parece satisfazer aqueles anseios. E
ele se deixa levar por este novo relacionamento. Pode até se desculpar pela
infidelidade mostrando as falhas de seu cônjuge. No início do novo romance, parece
que seus problemas foram resolvidos. Mas logo provará as consequências amargas
de sua traição, pois seu coração endurecido continua com ele. É apenas questão
de tempo para os mesmos sintomas se apresentarem.
Outra situação bem comum é a de
cônjuges que não conseguem acertar a contento suas diferenças e começam a
pensar na separação como a solução. Acreditam que o divórcio resolverá suas
brigas, pois pensam que as implicâncias, incompreensões e maus hábitos do outro
são a causa dos seus problemas. Com o tempo, o divórcio provará que os
problemas apenas mudaram de endereço, pois a esclerocardia continua.
A
incredulidade tanto pode ser causa
como sintoma desta doença (Mc 16.14). Jesus reprova a dureza de coração dos
discípulos porque não haviam crido no testemunho dado sobre a ressurreição. A
incredulidade manifesta um coração endurecido, mas também causa este
endurecimento, trazendo a desobediência. Pois, quem não confia não consegue
obedecer. O apóstolo Paulo enfrentou essa mesma dureza. Quando pregou a
Palavra, alguns de seus ouvintes além de se recusarem a crer, ainda falavam mal
do evangelho (At 19.9).
Essa incredulidade se
manifestou em Faraó, que, mesmo presenciando os grandes milagres de Deus,
recusava obedecer (Ex 8.15). Uma descrição bem clara de incredulidade e dureza
aparece em 2 Reis 17.13-18, onde são apresentadas as razões para Deus permitir
a invasão de Israel e o consequente exílio. É dito que o povo recusou atender
às ordens de Deus e teimosamente decidiu não confiar.
Os
problemas nos casamentos são resultados de falta de confiança na Palavra de
Deus. Não acreditamos o suficiente para obedecer e esperar. Queremos consertar com nossos recursos,
fazer do nosso jeito. Somos
imediatistas, querendo soluções rápidas e fáceis.
Quando teimamos em permanecer
endurecidos, a possibilidade de cura desaparece, seremos quebrados
repentinamente, como um membro que é amputado porque não tinha mais jeito.
O homem que
muitas vezes repreendido endurece a cerviz
será quebrantado
de repente sem que haja cura.
Provérbios 29.1
6 comentários:
Excelente meu irmão mesmo a distância tem nos edificado com a palavra de DEUS. Que DEUS continue lhe abençoando... Gilson e Nalva.
Amem pastor.as consequências de um coraçao duro são tão dolorosas. Deus abençoe seu ministerio.
Amém! Que o Senhor nos guarde. E obrigado pelos ricos conselhos, pastor Almir!
Que esclarecimentos maravilhosos.Deus seja louvado pela Palavra que nos ensina.
Maravilhosa meditação
Que Deus nos ajude a vivermos longe dessa doença chamada esclerocardia.
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