sábado, 13 de março de 2010

À SOMBRA DA CRUZ


A ilustração ao lado é uma cópia do quadro “A sombra da morte”, pintado entre 1870-1873 pelo artista inglês William Holman Hunt (1827-1910) [Você pode vê-la em tamanho maior na Wikipédia]. Nele Jesus é retratado ainda como carpinteiro, antes de iniciar seu ministério. Num momento na carpintaria, Jesus interrompe o trabalho que fazia (serrar uma prancha de madeira num cavalete ao lado) e ergue seus braços, como se estivesse se espreguiçando.
O sol da tarde, entrando pela porta aberta, lança na parede atrás dele, uma sombra em forma de cruz. A prateleira de ferramentas tem a aparência de uma trave horizontal sobre a qual suas mãos foram crucificadas. As próprias ferramentas lembram os fatídicos prego e martelo." (John Stott, no livro A Cruz de Cristo, pg. 12). Sua mãe, Maria, abaixada para olhar os presentes dos Magos, guardados numa caixa, ergue a vista e se espanta.
É apenas uma pintura, mas representa o fato de a cruz era uma sombra na vida de Jesus, era o centro de sua missão. Para a cruz fora que ele tinha vindo. Os presentes da realeza ainda não seriam desfrutados nesta primeira vinda. Toda a sua vida terrena tinha em vista a cruz. Ele vivia sob a sombra de uma cruz.
Para Jesus a cruz era o seu destino inevitável. Ele disse aos seus discípulos que a cruz era necessária, algo que tinha que acontecer. Este ensino foi feito com clareza, ousadia e confiança (Marcos 8.31,32), e de modo repetido (Mc 9.9,31; 10.32,33,45; 14.8, 22-25), e até por parábolas (Mc 12.7,8). Eram palavras que os discípulos deveriam guardar com atenção (Lc 9.44). E para deixar isto bem exemplificado para eles, Jesus decidiu com firmeza ir para Jerusalém no tempo marcado.
A cruz seria o supremo momento da vida de Jesus, em suas próprias palavras: a cruz era a sua hora. Esta expectativa deixava Sua alma profundamente agitada e perturbada. Não lhe era fácil viver sob esta expectativa. Mas Ele sabia que fora exatamente para este momento que Ele viera ao mundo (João 12.27; 13.1). Ele reconhecia que tinha que passar por este momento por mais angustiado que se sentisse (Lc 12.50), pois só assim sua vida daria os frutos planejados (Jo 12.24).
Além das angústias externas Jesus enfrentou a incompreensão dos outros quanto a este propósito. O apóstolo Pedro o repreendeu fortemente quando Jesus disse que iria morrer (Mc 8.32), de outra vez os discípulos ficavam sem entender (Mc 9.9), tomados de extrema tristeza (Mc 9.32), espantados e assustados (Mc 10.32). Mas a cruz era a vontade do Pai, e não realizar era seguir os conselhos de Satanás e do mundo (Mc 8.33).
A cruz foi central na vida de Jesus, e também é central na vida de cada seguidor de Jesus, na vida de todo cristão. Cada um de nós deve viver à sombra da cruz. É na cruz de Cristo onde nossos pecados são perdoados (Rm 3.25), e lá que a maldição que pesa sobre nós é retirada (Gálatas 3.13), é nela que somos reconciliados com Deus (2 Cor 5.19).
A cruz é o destino de todo que quer ser salvo, pois Jesus disse que todo aquele que quiser segui-lo deve tomar a cruz, que esta é a maneira de ganhar a vida eterna (Mc 8.34,35), a cruz é a maneira de ser honrado por Deus (João 12.26).
Em nossos dias, o evangelho mais pregado é o que promete os presentes do reino, sem passar pelo caminho da cruz. É a prosperidade sem a despeito do serviço ao Rei, a saúde sem o custo da obediência, a alegria e paz sem o preço da submissão. Mas Jesus deixou claro, que não há nenhum valor em ganhar tudo nesse mundo, mas perder a alma (Mc 8.36).
Vivamos à sombra da cruz.


5 comentários:

Anônimo disse...

Viver esse principio, não é atraente. Mas necessário é, para o discipulo de Jesus. Que escutemos a Voz do Pastor, para permanecer à sua Sombra.
Grato

Pastor Edson Sobreira Alves disse...

Pastor é interessante imaginar que em toda a trajetória de Cristo Jesus, havia um objetivo final na cruz. O objeto mais temido, seria um objeto de obra mais sublime.Também é interessante observar que durante quase toda sua vida Ele manuseava o material que no futuro iria usar para o seu propósito de ser pregado no madeiro. Hoje muitos que se dizem seus discipulos não querem carregar sua cruz e seguí-lo verdadeiramente. Muito obrigado pelo artigo "A sombra da Cruz". Deus o abençoe

Pastor Edson Sobreira Alves
Igreja Batista Regular Maranata-Crato-Ce

Anônimo disse...

Ao longo de minha vida cristã, a cada passo dado, percebo como foi e é difícil mostrar ao mundo o preço que foi pago na cruz. Ter plena comunhão com o Senhor é a chave para seguirmos em frente e levarmos nossa propria cruz. Que experiência maravilhosa é sermos servos do Senhor. Muito obrigada por compartilhar seus pensamentos e meditações. Lílian Alencar.

Caetano disse...

hoje vivemos tempos de acomodação na maioria das igrejas! Pois prega-se o evangelho imediato, sem cruz. Só receber é a ordem.
Como disse o colega anteriormente não é atraente, não atrai multidões...

MMS disse...

É maravilhoso saber que o servo não é maior que seu Mestre. Por isso, temos o privilégio, contudo, a responsabilidade como salvos pela cruz de Cristo de anunciar ao Mundo este poderoso instrumento que Deus Pai escolheu para nos redimir do pecado. Espelhemos este tal maravilhoso Amor que dura para sempre.
Agradeço por este artigo.
Que o Senhor Deus continue nos abençoando nesta peregrinação rumo ao céu de Jesus Cristo.

Pastor Marcos Marcelo da Silva

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