“Tudo
vale a pena, se a alma não é pequena” estas linhas do poema “Mar Português”, de
Fernando Pessoa (1888-1935), poderiam ser mudadas para “tudo é possível, se a
fé não é pequena”. Foi isso que Jesus afirmou em Mateus 17.20:
E Jesus lhes respondeu: Por causa da
pequenez da vossa fé. Pois em
verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de
mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará.
Nada vos será impossível.
Jesus
havia descido do monte onde ocorrera a transfiguração e logo se deparou com uma
multidão rodeando os discípulos. Um pai aflito lhe rogou pelo filho possesso de
um espírito mau que tentava destruir o menino. Ele avisou que havia buscado a
ajuda dos discípulos, mas isso não resultou em libertação. Jesus curou o
menino. Em particular os discípulos indagaram de Jesus sobre o motivo de terem
fracassado. A razão dada por Jesus foi a pequena fé dos discípulos.
O que seria uma fé pequena? A expressão
foi usada por Jesus em várias ocasiões, sempre repreendendo seus discípulos.
Vamos meditar nelas para verificar os sinais de uma pequena fé.
As
palavras de Jesus deixam claro que não se trata de tamanho ou quantidade, pois
a seguir ele diz que a fé do tamanho de um grão de mostarda pode realizar o
impossível. A leitura do texto nos
indica que “pequena fé” é sinônimo de incredulidade, ou falta de fé (Mateus
17.17).
A
ansiedade é um dos sinais de pequena fé. Isto é ensinado em Mateus 6.30 e em Lucas
12.28. A vida de preocupação e ansiedade quanto às nossas necessidades é um
indicador de uma fé pequena. Em sua argumentação, Jesus partiu do menor para o
maior: se Deus alimenta pássaros, veste de modo esplendoroso plantas que nascem
hoje e morrem amanhã, quanto mais Seus filhos que valem mais do que aves e
flores? A falta de confiança no cuidado
provedor de Deus é uma manifestação de falta de fé.
A
preocupação voltou a tomar conta dos discípulos no evento relatado em Mateus
16.8. Eles não haviam trazido pão e entenderam que Jesus os repreendia por
isso. Mas, Jesus afirmou que o pão não devia ser um problema para eles, pois
estavam com aquele que já demonstrara poder suficiente para suprir suas
necessidades. Apesar de presenciarem milagres, a confiança nos próprios
recursos e provisões ainda os dominava, e quando estes faltavam, a fé também ia
embora. Confiança em nós mesmos, nas
provisões e recursos que temos, sinaliza que é pequena a nossa fé. Não é uma fé
suficiente para descansarmos completamente no cuidado poderoso e gracioso de
Deus.
O medo diante de
situações ameaçadoras também é um indicador de uma fé pequena. Ainda no
evangelho de Mateus (8.26) Jesus voltou a usar a frase para repreender seus
discípulos. Eles atravessavam o Lago da Galiléia, Jesus estava dormindo no
barco e uma tempestade assombrou os discípulos. Estes clamaram a Jesus. Ele
acordou e, censurando o medo que tomava conta dos discípulos, declarou que este
medo tinha como raiz a pequena fé. E o medo se demonstra em desânimo, desespero
e até em covardia para enfrentar os desafios da vida.
Jesus
não só acalmou o mar, mas também a turbulência que tomava conta dos corações
dos discípulos. Eles, na hora do desespero, haviam clamado a Jesus, então tinham
alguma confiança. O problema era que sua fé não havia se aprofundado o suficiente
para crer em Jesus como o Senhor do Mar. Eles pensavam que Jesus também poderia
perecer na tempestade. Por isso a admiração tomou conta deles depois do
milagre.
Para deixar de ser pequena, a fé
precisa aumentar seu conhecimento da pessoa de Jesus. Confiança está ligada à
conhecimento. Quanto mais conhecemos alguém, mais confiamos ou deixamos de
confiar naquela pessoa. Quanto mais conhecermos a Deus, mais iremos confiar
n’Ele, maior será a nossa fé e menor será o nosso medo diante das tempestades
da vida, pois jamais Ele dará motivo para desconfiarmos d’Ele.
Noutro
episódio de tempestade, a frase volta a aparecer e demonstra que a pequena fé
produz dúvidas (Mateus 14.31). Já era madrugada, os discípulos estavam no meio
do Lago, enfrentando ventos fortes quando Jesus veio ao encontro deles
caminhando sobre as águas. Pedro pediu para também caminhar sobre as ondas e Jesus
o autorizou. Enquanto manteve os olhos fitos em Jesus, Pedro realizou o
impossível, caminhando sobre as águas, no meio de ondas e ventos, sem afundar.
Mas, quando sua atenção se voltou para o poder da tempestade ao seu redor, ele
começou a afundar. Então clamou por socorro, Jesus estendeu a mão para salvá-lo
e perguntou porque ele duvidou, chamando-o de “homem de pequena fé”.
Desviar
os olhos de Cristo para reparar nas provações, perigos e dificuldades que
surgem no caminho é sinal de pequena fé. Isso trará dúvida e hesitação, e o
hesitante fica entre duas ordens. Não sabe se confia em Deus ou se olha as
circunstâncias. A dúvida faz-nos
afundar. O desânimo e o temor pesam sobre nós e o mar da incredulidade nos
engole.
Como está a sua fé? Para responder a
esta pergunta olhe para sua vida. Está cheia de preocupações e ansiedades? Você
vive preocupado quanto ao seu sustento e vestuário? Você se desespera diante
das turbulências e desafios da vida? Sua confiança se firma em suas provisões e
recursos? Seus olhos se voltam para as circunstâncias?
Para
sua fé deixar de ser pequena conheça mais a Deus através de Sua palavra,
descanse no seu amor e poder para cuidar de você. Mantenha sua atenção em Jesus
mesmo no meio das dificuldades. Clame a Deus para tirar a montanha da
incredulidade que existe em seu coração. Pois: tudo é possível, quando a fé
não é pequena.
3 comentários:
Obrigada Pr. Almir por compartilhar estas pérolas conosco. Falou muito ao coração desta pecadora.
Obrigado pastor por me esclarecer algumas dúvidas que eu tinha.
Quero me reconciliar com Deus e essas meditações estão me ajudando muito.
Oi amigo, o grão de mostarda não é a fé, mas quem crê.
Mas pra frente do texto o Senhor usa como exemplo um servo.
Quem deve ser pequeno é quem crê, e não a fé.pois quanto menor formos, maior será o Senhor em nós.
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