A sede é uma sensação agonizante. Ela é o anelo angustiante para que uma das necessidades mais básicas do nosso organismo seja satisfeita. Sentir-se seco, a garganta ardendo, o corpo a desfalecer, lábios rachando, língua grudando no céu da boca é um sofrimento aterrador.
Estar com sede sinaliza a perda de água através de suor, do derramar de sangue, e do vapor do ar expirado. Estas três razões estiveram presentes na mais famosa de todas as sedes: a de Jesus na cruz.
Das sete frases que Jesus proferiu na cruz esta é a única que faz referência ao Seu sofrimento físico. Por si, isto já extremamente revelador. Ele teve palavras de preocupação com os que o crucificavam, e clamou perdão para eles; com a salvação do malfeitor ao seu lado, e lhe prometeu entrada no Paraíso; com o futuro de sua mãe, e responsabilizou alguém para cuidar dela; e suas palavras também expressaram seu intenso sofrimento espiritual diante do abandono do Pai. Mas apenas uma frase expressa a angústia que estava passando na cruz: TENHO SEDE (João 19.28,29).
Ele já estava perdendo liquido desde o dia anterior, quando suou sangue no Getsêmani; esteve sob intenso stress quando preso, abandonado pelos discípulos, negado por Pedro, acusado injustamente diante dos vários interrogatórios que passou, zombado pelos seus acusadores, etc.,; também já havia perdido sangue quando chicoteado e esbofeteado; estava tão fraco e caiu no caminho para o Gólgota, sem conseguir carregar a cruz. Ali perdeu mais sangue com as perfurações nos pulsos e tornozelos. Então ficou dependurado por mais de seis horas (das 9hs até mais de 15 hs), sob o sol da Palestina. Sofria uma desidratação rápida, por isso Sua sede era intensa, era de fato uma tortura.
Já havia tentado lhe dar algum líquido antes, mas Ele havia rejeitado (Mc 16.23). A razão é que era mistura de vinho com mirra, uma espécie de anestésico, que poderia abrandar-lhe a dor da crucificação. Mas Ele precisava sofrer aquele padecimento em toda sua extensão e intensidade. Por isso recusou. Diferente da maioria de nós, Jesus não usou suas necessidades como oportunidades ou desculpas para desobedecer a Deus. Ele já havia demonstrado isso na tentação quando teve fome (Mateus 4.3,4). Sua maior necessidade não era a fome ou a sede, mas fazer a vontade do Pai (João 4.34).
Mas agora, Ele viu que tudo já havia se completado. E plenamente consciente de que sua morte cumpria o propósito de Deus, manifesta sua sede. Seu clamor tem como propósito principal não buscar a satisfação de Sua necessidade, mas cumprir a profecia das Escrituras. Suas necessidades físicas, mesmo sendo intensas e prementes, estavam em segundo plano. A realização da vontade do Pai era sua água mais anelada. “Depois, vendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede” João 19.28.
Ele estava cumprindo as profecias feitas por Davi nos Salmos 22.15 e 69.21. “ Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca”; “Por alimento me deram fel, e na minha sede me deram a beber vinagre”.
Mas, sua sede não foi saciada. Deram-lhe apenas uma esponja embebida com vinagre. Que era um soro de vinho, barato e azedo, usado pelos soldados. Mesmo sendo este tipo de bebida, Ele não pode beber o suficiente para matar sua sede. Apenas os lábios foram molhados. Como alguém que esta doente, mas não pode beber água, então passa-se um algodão molhado nos lábios para não ressecar. O que a bebida fez foi torná-lo ainda mais consciente.
Que paradoxo!
Aquele que havia dessedentado uma multidão no deserto, fazendo sair água da rocha;
Aquele que disse ser a água da vida, e que saciarei de modo permanente a sede das pessoas (João 4.13-14);
Aquele que disse: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim rios de águas vivas correrão dentro dele. (João 7.37,38);
Aquele que matou uma sede de amor de uma mulher, que outros seis homens não haviam conseguido (João 4.17);
Estava com sede.
Mas, Sua sede, nos livrou da maior sede que um ser humano poderá sofrer: a sede no inferno (Lucas 16.24). Naquela chama, um homem clamava apenas por uma gota d’água para lhe aliviar o sofrimento. Ali, ele não pode ser atendido.
Sim, Jesus sofreu a sede na cruz, para nos livrar do sofrimento da sede eterna, no inferno. A sede Dele foi para matar a nossa sede. A sede que Ele sentiu ao morrer matou a nossa sede e nos faz viver.
5 comentários:
Excelente texto Pr. Almir. Que o Senhor continue lhe abençoando!
Maravilha meditação, parabens pastor Almir que Deus continua a lhe usar. fica na Paz do Senhor Jesus Cristo.
O Senhor ti abençoe, guarde tua vida e, ti dê a Paz.
Maravilhosa e edificante esta mensagem.
Olá pastor Almir como vai?
Gostei muito desta meditação, porém estranhei quando o senhor mencionou que Cristo foi pregado na cruz pelos pulsos e pelos tornozelos, quando a Bíblia diz que foi pelas mãos e pelos pés. O senhor me poderia explicar esse ponto da meditação?
Roberto Clêrton Saraiva Leão.
E-mail:clerton55@gmail.com
paz meu irmão gostei muito dessa meditação porem não e marcos 16 23 e marcos 15 23 mais esta excelente gostei jesus em cristo continuei contigo paz seja com vosco ae meu e-mail (pbuelliton@hotmail.com) gostaria de receber sempre que puder mais das suas reflequições
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