segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

UM SÍMBOLO E SUAS EVOCAÇÕES


          Pela graça de Deus tive a honra de ser o paraninfo da turma de formandos do Seminário Batista do Cariri de 2011. Esta turma escolheu como nome a palavra grega “ichthys”, que significa peixe.  Este foi um dos primeiros símbolos dos cristãos e uma das primeiras manifestações da arte na Igreja Cristã.  Com base neste símbolo evoquei três pensamentos.
            O primeiro deles surge do conteúdo do símbolo.   Uma das razões para a escolha do peixe como emblema cristão era que as cinco letras da palavra em grego (IX𝚯US?US) formavam um acróstico com as letras iniciais da frase “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.  E a frase expressava a confissão de fé na centralidade da Pessoa de Cristo.  "Jesus", que significa “O Senhor Salva” era o nome humano de Cristo, e mostrava a crença da Igreja na encarnação e historicidade desta pessoa. "Cristo", que significa “ungido” (Messias), indicava que Ele foi o escolhido e ungido por Deus para realizar Seu projeto redentivo, e trazer o estabelecimento de Seu reino.  "Filho de Deus", manifestava a crença de que este Jesus é da mesma natureza de Deus, sendo Deus também. E que, por ser Deus e o Ungido de Deus, Ele se tornou o Salvador dos seus seguidores, livrando-os do pecado e da condenação que este acarreta. O escritor Michael Green diz “Notem como este símbolo sustenta o fato de que o cristianismo é Cristo, e que se ocupa totalmente com Ele.” (Livro Mundo em Fuga, pg. 24).
É imperativo que Jesus Cristo seja reconhecido como o Deus eterno, auto-existente, que foi o Messias prometido, e na plenitude do tempo se encarnou na história, pisou nesta terra, no tempo e no espaço, que aqui viveu e ensinou, morreu e ressuscitou, para ser nosso Salvador. Que Ele foi o designado e escolhido por Deus para ser o Único Mediador e Autor da nossa salvação (João 1.14; Atos 4.12; 10.38-43;  1 Coríntios 15.3,4; Gálatas 4.4,5; Hebreus 5.7-9).
O peixe, como gravura cristã nos lembra que o centro de nossa fé e da nossa vida é Cristo. Não fomos chamados primariamente para seguir uma religião, mas uma Pessoa. Não fomos vocacionados para propagar idéias de um grupo, mas os ensinos de uma Pessoa.  Não fomos convocados para servir prioritariamente a uma causa, mas a uma Pessoa.  Não fomos ordenados para nos comportarmos principalmente de acordo com uma moral elevada e cumprir princípios éticos sábios, mas para imitar uma Pessoa. E esta pessoa é Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.
            O segundo pensamento vem da razão do símbolo. Ele foi adotado pelos cristãos  por causa das perseguições e calúnias levantadas contra eles. Os cristãos  tinham que evitar a ostentação de sua religião, isto é, qualquer símbolo que fosse entendido imediatamente como religioso. O desenho do peixe foi uma das maneiras que usaram para facilitar a identificação, e marcação de lugares das reuniões e cultos. Apenas os iniciados saberiam o significado deste acrônimo.
O peixe é uma testemunha da perseguição que nossos antepassados enfrentaram, na forma de oposições, calúnias, injustiças, perdas de bens, torturas, prisões e mortes. Mas também atesta que eles não desistiram da fé. Nossa época e cultura, acostumada ao conforto, nem consegue entender como alguém se dispõe a morrer por uma crença. Mas o peixe também nos lembra que ser cristão é estar disposto a sofrer.
Este sofrimento é por causa da identificação com Cristo, conforme 1ª Pedro 4.12-14. Não deve ser encarado como surpresa, como se fosse estranho ao cristianismo, mas como parte do pacote da salvação.  Ele é sinal da glória futura. Portanto, sofrer por Cristo é uma graça (Filipenses 1.29).
Mas o sofrimento, também, é por causa do serviço a Deus. Conforme Colossenses 1.24, o sofrimento é necessário para o crescimento e edificação da Igreja. E em 2ª Timóteo 2.10 é dito  que é preciso suportar o sofrimento para que os eleitos conheçam a salvação.   
A perseguição, a oposição, a humilhação, a injustiça e a calúnia, devem ser aceitas como parte do seguir e do servi r a este Jesus Cristo Filho de Deus, Salvador.
            O terceiro pensamento me vem à lembrança por causa do chamado que Jesus fez aos primeiros discípulos, relatada em Mateus 4.19: “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” Eles eram pescadores e continuaram pescadores, mas de outro tipo de peixes. Agora deveriam lançar as redes da pregação para pescarem outros discípulos.  Eles haviam sido conquistados, agora deveriam conquistar (Filipenses 3.12). Foram chamados, e agora deveriam chamar.
Podemos fazer um jogo de palavras aqui, usando o símbolo cristão do peixe. Eram pescadores, que foram pescados pelo ICHTUS (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador), para pescarem outros homens, e levá-los ao mesmo ICHTUS que os pescou.
Como diz o hino “Pescador” todo mundo está pescando nesta vida, mas pescando peixes que não saciam a fome. Precisam conhecer o Peixe verdadeiro (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador).
           O peixe me lembra que somos pescadores de homens, para conduzi-los a Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.

Um comentário:

Antonio Marcolino Tavares. disse...

Realmente precisamos orar para que Deus levante verdadeiros pescadores de homens, e que sejam salvos crendo em Seu Filho Jesus.
Deus ti abençoe e ti gaurde.

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