Resolução é uma tomada de decisão
após deliberação. Isso é feito com freqüência na virada do ano. Aproveita-se a
chegada do ano novo para renovar planos e projetos, atualizar sonhos e buscar
uma vida melhor. Para isso decisões são tomadas. Sinceramente, temos que
admitir muitas delas não vingam. Com o passar dos dias esquecemos o que
prometemos, outras atividades tomam a prioridade, fraquejamos na disciplina,
outros projetos surgem, e por aí vai. E assim, no final do ano, não lembrar
torna-se até uma alternativa mais confortável do que a sensação de fracasso.
Mas há aqueles que com firme determinação
mantêm suas resoluções. São pessoas resolutas, decididas em cumprir seus
projetos, resolvidas em alcançar seus alvos. Uma dessas pessoas foi Jonathan
Edwards, pastor que viveu no século 18. Admiro-o muito, e o que mais me
impressiona é que, ainda na juventude, ele tomou 70 decisões e se empenhou em
segui-las até o fim de sua vida. Elas passaram a ser conhecidas como as
resoluções de Jonathan Edwards. Cito algumas delas: Resolvi que farei tudo o que considerar ser mais importante para a
glória de Deus; resolvi nunca perder um momento, mas aproveitar o tempo da
forma mais vantajosa que puder; resolvi nunca fazer qualquer coisa da qual
devesse ter medo, caso esteja vivendo a última hora da minha vida.
Podemos perguntar: como tomar uma
resolução que prevalece, que se mantêm e se cumpre? Podemos aprender muito com
as resoluções de Jonathan Edwards. Mas gostaria de considerar outro jovem, que
num ambiente bem inóspito tomou e manteve uma resolução extremamente
importante. Sua história aparece em Daniel 1.8-16.
Ele encontrava-se cativo na Babilônia.
Era um jovem com muitas qualidades, pois fora escolhido para ser treinado e se
tornar um oficial no governo mundial que Nabucodonosor estava estabelecendo.
Fazia parte da elite daquele povo pagão. Estar naquele grupo era o equivalente
a ter passado no vestibular da Academia Imperial. Neste contexto sedutor e hostil,
ele tomou uma decisão que marcou sua vida, e permitiu que a glória de Deus se
manifestasse.
Esta resolução foi firmada em seu
coração. A expressão traduzida como “resolveu firmemente” literalmente é
“colocou no coração”. Uma análise rápida de seus usos no Antigo Testamento
indica que colocar no coração incluía tratar algo como importante (como em 2ª
Sm 18.3 e em Is 57.1 onde a Versão Atualizada traduziu como “impressionar-se”);
de modo atencioso (traduzido como “observar” em Jó 1.8; 2.3); considerando
aquilo com seriedade, até chegar a uma
conclusão correta (1 Sm 21.12 ; Is 41.20; Ag 1.5,7; 2.18); e assim guardar na
mente para colocar em prática e não esquecer (Deut 11.18). Esta era uma atitude
exigida para com a Palavra Deus (traduzido “aplicar” em Deut 32.46).
Concluímos que Daniel observou a
situação em que estava, aplicou seu coração às informações que tinha da Palavra
de Deus, e chegou à conclusão de que era pecado participar daquela comida.
Assim tomou uma decisão: não iria contaminar-se.
Este é um requisito para uma resolução
que prevalece: surgir de um coração informado e comprometido com a Palavra de
Deus. Daniel conhecia os mandamentos do Senhor quanto ao que poderia torná-lo impuro.
E isso ocorria quando alguém desobedecia o que Deus havia ordenado (Sof 3.1;
Nee 13.29; Mal 1.7,12).
Era parte do treinamento de Daniel ser
alimentado pelo cardápio real. Só que aquela comida não seguia os padrões
estabelecidos na lei de Deus (Lev 11.1-47; Deut 14.3-20), também poderia ter sido
dedicada aos ídolos, antes de ir para a mesa. Ou ainda, Daniel e seus amigos
perceberam que o banquete real seria um modo deles serem assimilados pela
cultura babilônica, e assim perderiam sua identidade como servos de Deus. Eles
reconheciam que sua missão não era a de se conformar com o mundo, mas de
transformar o mundo. O que para muitos era um prêmio: comer da comida do rei, e
beber do vinho real; para Daniel era uma maneira de se contaminar. Por isso ele
preferiu ser fiel a um alimento superior, a Palavra de Deus (Deut 8.3; Sl
119.103).
Outro requisito para uma resolução
prevalecer é colocá-la em prática de modo correto. Depois de tomar a decisão
Daniel a implementou com entusiasmo, sabedoria e fé. Ele foi pedir ao chefe dos
eunucos. Naquela época o termo “eunuco” referia-se a pessoas que eram oficiais
do rei, não sendo necessariamente castrados. A palavra traduzida como “pedir”
indicava uma busca entusiasmada e esforçada por algo desejado. Daniel procurou
a autoridade competente, e de modo educado, mas incisivo, apresentou seu
desejo.
O chefe dos eunucos, apesar de simpático
a Daniel, mostrou que ele tinha outro senhor, com outras ordens, o seu rei.
Notamos que ele temia a este senhor, tal qual Daniel temia ao Seu Deus. Seu
medo era que, não participando da dieta real, Daniel e seus amigos ficassem
mais abatidos do que os outros jovens daquele curso, e assim o rei iria culpar
o chefe. Sua vida seria colocada em risco.
Daniel não desiste diante deste
empecilho. É mais um desafio a ser vencido para concretizar sua resolução. Ele
busca o encarregado imediato, que estava abaixo do chefe, e propõe um
teste. A maneira como ele se aproxima
daquele encarregado é muito educada. A linguagem original dá a ideia dele
pedindo “por favor”, e ainda apresentando-se como servo daquele homem. Ele age com sabedoria e bom senso. Usa de
tato e educação. Não é um revolucionário causando problemas.
Mas, também, age com fé. Isso
transparece no teste proposto. Durante dez dias eles comeriam apenas legumes.
Isto é, sementes, que poderiam incluir grãos de cereais, como cevada e trigo. E
beberiam apenas água. No final dos dez dias o responsável examinaria as aparências
deles e tomaria a decisão mais adequada.
Uma decisão que prevalece precisa de
entusiasmo: deve haver esforço e disciplina para colocá-la em prática, e
superar os desafios que surgem. Também é necessário sabedoria: escolher o
melhor meio para aplicá-la, o modo melhor de tratar o assunto, as palavras
corretas, as pessoas certas, e assim por diante. E ainda demanda fé: agir
acreditando na bênção de Deus.
Isso nos leva ao terceiro requisito: uma
decisão que prevalece necessita da graça de Deus. A graça de Deus se manifesta
concedendo ao chefe dos eunucos uma atitude generosa e compassiva com Daniel.
Ele se inclina ao pedido de Daniel. Ele torna-se simpático e não implicante com
Daniel e seus amigos. Isso facilitou as coisas, mas isso foi concedido por Deus.
Podemos ver a mão do Senhor agindo do início ao fim desse capítulo. Daniel
estava naquela posição porque Deus entregara o seu povo na mão da Babilônia,
Daniel conseguira ter seu pedido atendido por conta da simpatia do chefe dos
eunucos, Daniel e seus amigos foram notados mais saudáveis do que os outros
jovens, e receberam da parte de Deus, uma sabedoria maior.
Nossas resoluções só se concretizarão se
Deus for gracioso conosco, e abrir as portas e caminhos para que elas se
realizem. Devemos reconhecer que somos dependentes Dele. Sem Ele, nossa
determinação, disciplina, empenho, sabedoria e recursos não darão em nada. Mas
devemos lembrar que Sua graça usa nossa determinação, disciplina, empenho,
sabedoria e recursos.
Uma resolução que prevalece precisa
começar em nossa mente informada pela Palavra de Deus; ser implementada com
empenho, sabedoria e fé; e ser dependente da graça de Deus.
2 comentários:
Sua mensagem me estimula a tomar uma resolução e com certeza o ano que se inicia será de bênçãos se eu colocar a obediência a Deus em primeiro lugar, certa de que com empenho, sabedoria, fé e dependencia da graça do Senhor, será possível que no final possa me sentir safisfeita. Obrigada e que Deus o abençoe.
Parabéns pela clareza da exposição e interpretação desse texto. Usarei sua mensagem para ser bênçãos aos que me ouvirem pelo que aprendi aqui. Saiba que é imensurável o uso que Deus faz de mensagens como essas. Glórias a Deus.
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