
Jesus disse que os olhos são a lâmpada do corpo (Mateus 6.22,23). Por
eles podem entrar a luz que ilumina nossa vida, ou as trevas que nos deixam na
escuridão.
Nosso olhar pode nos corromper ou fazer nossa vida brilhar. Em momentos de dificuldades, o lugar ou a
pessoa para onde olhamos pode determinar nossa reação. Podemos nos encher de
esperança ou de frustração, dependendo de para o quê, ou quem olhamos. O cantor
peregrino nos ensina no Salmo 123 que devemos olhar para Deus em nossos
momentos de aflição.
A expressão “elevar os olhos” era usada para expressar a atenção de alguém
quando precisava fazer uma escolha, como Ló que ergueu os olhos para procurar a
melhor parte da terra (Gn 13.10,14). Também para indicar o desejo por alguém,
como a mulher do Potifar que pôs os olhos em José (Gn 39.7).
O salmista fala que eleva os olhos para “Aquele que habita nos céus”. Que
não é atingido pela revolta dos homens, pois está muito acima deles (Sl 2.4). Também tem
seu trono estabelecido no alto, e por isso domina sobre tudo (Sl 103.19). Ele é
o que do alto olha e sonda tudo (Sl 11.4). Por estar acima de todos, Ele faz
tudo como lhe agrada (Sl 115.3). O que habita nos céus é Supremo e Soberano. É
para Ele que o salmista dirige o seu olhar em busca de socorro (Sl 25.15; 141.8).
O peregrino, estando no templo, eleva os olhos em adoração, expressando
tanto sua escolha por Deus ao invés dos ídolos (Ez 18.6,12,15), como seu
desejo e esperança de ser socorrido.
O modo como se olha também é importante. O olhar pode ser de revolta,
de ódio, de tristeza, ansiedade, etc. Mas o olhar do peregrino é de expectativa
concentrada, humilde e confiante. É como olhar da empregada para as mãos da
patroa, que não desvia a atenção, aguardando as ordens na forma de gestos, para
então se levantar e obedecer. É o olhar da deferência e dependência, da
submissão e prontidão.
Mas também é o olhar súplice do servo necessitado, que reconhece não
ter mérito, mas que precisa do socorro, e por isso busca a graça e misericórdia
de Deus. Ele quer ver um gesto de compaixão, pois se encontra numa situação de
necessidade. Esta pode ser causada por vários fatores: a aflição e solidão que
surge do ódio dos inimigos (Sl 25.15,16,19); a tribulação que é fruto dos próprios
pecados (Sl 31.9); a culpa que precisa de perdão (Sl 51.1); a angústia contínua
que causa depressão (Is 33.2); o desânimo que debilita (Sl 6.2); as calamidades
que pedem solução (Sl 57.1).
Ele sabe que Deus é Soberano na administração da Sua graça (Ex 33.19),
por isso mantêm uma atitude de espera submissa. Com confiança obediente. Cheio de esperança persistente. Manifestando
humildade dependente.
Na espera há uma tensão, mas como servo, ele prefere esperar o alívio com
tensão; do que renunciar a Deus, e tornar-se soberbo, buscando em suas ações a
solução para seus problemas.
Ao elevar os olhos ele espera misericórdia. Sua atitude não é “Dê-me o
que quero”, mas, tem piedade de mim. Não é “recompensa minha bondade para que
as pessoas vejam como sou superior”, mas “tem compaixão de mim”; não é “castiga-me
pelos meus pecados para que me sinta melhor”, mas, “tem misericórdia de mim”;
não é, “seja bom comigo, pois eu tenho feito boas coisas”, mas, “preciso de tua
graça, pois sou pecador”.
Para onde você olha quando se encontra em dificuldade? Para os lados,
buscando a ajuda de outros homens; para si mesmo, buscando a ajuda interior;
para baixo, não buscando ajuda nenhuma e entregando os pontos; para cima,
buscando a ajuda dos grandes; ou para o céu, buscando a ajuda de Deus, e
esperando pela misericórdia Dele?