O medo é uma experiência universal,
todos já o sentiram em um momento ou outro, e há os que são constantemente
dominadas por ele. Desde a infância
tememos o escuro, o desconhecido, os trovões, as tempestades, a altura, etc.
Mas,
o que é o medo? É a reação diante de algo que ameaça o que nos valorizamos e
desejamos. Ele ocorre quando percebemos que podemos perder algo que julgamos
ser importante para nós. Pode-se experimentar
o medo por ameaças à integridade física ou psicológica. Tememos a dor, o
desconforto, o perigo, os desastres, os acidentes, a desconsideração, a
indiferença, o desprezo, a solidão, o fracasso, a perda da honra, do nome, da
posição social, etc. Mas creio ser a morte a causa maior do medo.
O medo é ineficaz contra muitos
dos perigos que tememos. No salmo 23, o salmista deixa claro que passamos pelo
vale da sombra da morte mesmo tendo o SENHOR como o nosso pastor. A questão não
é se vamos experimentar os perigos que tememos, mas como iremos enfrentá-los.
Como passaremos pelo vale da sombra da morte?
As manifestações do medo são variadas:
fuga, como Adão fugiu de Deus, Jacó de Labão, e Moisés do Faraó (Gn 3.10; 31.31; Ex 2.14,15); ira que tenta eliminar a
causa aparente do medo, como Saul tentando matar Davi (1 Sm 18. 11,12);
agitação do coração, como o rei Acaz
diante da ameaça de invasão (Is 7.2); mentira, como Abraão, Sara e Pedro (Gn
12.10-13; 18.15; Mt 26.69-75); tremor, como o povo de Israel (Ex 20.18); etc.
As consequências do medo também são
diversas: gritos de desespero (Mt 14.26); vida atormentada (1 Jo 4.18); angústia,
aflição, estresse, perturbação e perda do sono (Gn 32.7); desfalecimento, desânimo,
paralisia, e falta de coragem para realizar os deveres (Dt 20.3); rebeldia e
revolta contra pessoas e contra Deus (Nm 14.1-12); abandono das ordens de
Cristo (Mt 14.30); etc.
O medo também pode causar atitudes
positivas, como tomar cuidado diante de situações de perigo e, a mais
importante, aumentar a confiança e dependência de Deus. Creio que Davi se
refere a isso no Salmo 23, as situações ameaçadoras não irão assustá-lo a ponto
de desanimá-lo, desorientá-lo ou desesperá-lo, mas aumentarão sua confiança no
SENHOR, para que ele vença os desafios. Por isso ele diz que: Ainda que eu ande pelo vale da
sombra da morte, não temerei mal algum, Salmo 23.4.
Davi passou por várias situações de perigos,
diante das quais reagiu com coragem. Quando era pastor de ovelhas enfrentou um
leão e um urso que haviam tomado ovelhas do rebanho, ele tanto recuperou a
ovelha da boca das feras, como as matou. Parece que o perigo lhe dava uma
injeção de adrenalina, mas de fato era a confiança no SENHOR que o levava a
enfrentar os perigos e dominar seu medo (1 Sm 17.34,35,37).
Uma grande demonstração de falta de medo
foi quando enfrentou o gigante Golias no vale de Elá. Todo o povo de Israel
ficou dominado pelo medo, mas Davi dominou o medo por causa da certeza de que
Deus estava com ele (1 Sm 17.24,36,37,45-47).
Depois disso ele
foi injustamente perseguido por Saul, a quem ele havia ajudado, e demonstrou
coragem diante dos ataques e armadilhas (1 Sm 18.10,11,17-27; 19.8-10). Fugindo de Saul, teve que experimentar a
saudade dos parentes, a distância de sua terra, a falta de moradia, as necessidades
físicas, a recusa de pessoas em ajuda-lo; etc. (1 Sm 22-29).
Certa vez, voltando de uma guerra,
ele e seus soldados encontraram todo o acampamento devastado e as mulheres e os
filhos sequestrados. Foi um momento de grande angústia, Davi ainda teve que lidar
com a revolta e amargura de seus homens. Mas ele buscou forças no SENHOR (1 Sm
30.6).
Mesmo depois de
rei, Davi ainda teve muitos vales tenebrosos: além de constante guerra contra
os inimigos do seu povo, teve problemas em sua casa (um filho estuprando a
irmã; um filho assassinando o outro, etc.). A vida de Davi não foi fácil. Não
era um tempo de paz aquele! Estamos enganados em pensar que Davi podia dizer o
Salmo 23.4 porque teve uma vida sem dificuldades, não, ele pode dizer isto
porque tinha experimentado o vale da sombra e da morte.
Sua
confiança em Deus era maior que o medo. Quando os filisteus o pretenderam ele
disse: Em me vindo o temor,
hei de confiar em ti.
[...] neste Deus ponho a minha confiança
e nada temerei. Que me pode fazer o homem?
(Salmo 56.1,3,11).
Quando
seu próprio filho reuniu um numeroso
exército, e veio contra ele, Davi teve que fugir de sua cidade e dormir no
deserto. Nessa situação ele afirmou: Deito-me
e pego no sono; acordo, porque o SENHOR me sustenta. Não tenho medo de
milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados.(Salmo
3.5,6).
Em
outra situação extrema, de um exército se acampando ao redor dele, a confiança
em Deus foi novamente declarada: O SENHOR é a minha luz e a minha
salvação; de quem terei medo? O SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem
temerei? Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu
coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança. Salmo 27.1,3.
Na boca de Davi o Não temerei não era uma afirmação de
arrogância, mas de confiança em Deus. Para vencer o medo é preciso confiar em
Deus. Quando a confiança em Deus cresce o medo desaparece.
Um comentário:
Bom dia,amado irmão Pr.Almir.
Sou grata ao SENHOR por estar me dando essa oportunidade de ler uma coisa tão bem escrita,de tão grande sabedoria.O admiro muito,sei que o nosso Deus o escolheu,sem dúvida alguma...e tem lhe dado essa sabedoria lá do alto.Continue postando esses estudos maravilhosos...todos nós agradecemos! Um forte abraço,extensivo a sua família.
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