Em séculos passados, diante de uma
gravidez indesejada, as mulheres abandonavam seus filhos recém-nascidos nos
rios ou florestas. Não é necessário dizer que a maioria morria. Para evitar
esse crime cruel, foi instituído a Roda da Misericórdia, também conhecido como
Roda dos Rejeitados. Era um cilindro, de madeira ou metal, colocado nos
Conventos e Casas de Misericórdia a fim de receber as crianças enjeitadas. O
bebê era colocado na parte de fora do equipamento, depois girado para dentro do
convento, onde era acolhido e criado. Em
alguns cilindros, havia uma sineta para avisar que uma criança estava ali.
Outro nome dado a este equipamento
era Roda dos Expostos, porque ali eram recebidos os expostos à rejeição e ao
abandono. Hoje há orfanatos e lares de acolhimento que recebem crianças que não
têm quem cuide delas, aliviando um pouco o sofrimento e a dor causados pela
rejeição e pelo abandono.
Todos nós, apesar de não abandonados
no nascimento, podemos nos sentir expostos à situações de esquecimento e
abandono. O desprezo das pessoas amadas, a indiferença daqueles em quem depositamos
nossas esperanças, o abandono por parte daqueles que têm o dever de nos
auxiliar, ou ainda a perseguição e oposição de inimigos poderosos são algumas
das circunstâncias que podem causar as dolorosas sensações da rejeição.
Mas nós podemos contar com uma
imensa roda de misericórdia para nos acolher e nos colocar numa casa de
misericórdia infinita, que é a pessoa de Deus.
O profeta Jeremias, após anunciar o
juízo e a salvação de Deus para um povo que teimava em se afastar e
desobedecer, canta o seguinte louvor:
Ó SENHOR, força minha, e
fortaleza minha, e refúgio meu no dia da angústia,
Jeremias 16.19
Jeremias enfatiza o poder e proteção
que Deus é, especialmente nos momentos de dificuldades, usando três termos que
poderiam ser aplicados a um lugar que servia de refúgio e acolhimento diante do
perigo. Ele diz que Deus é a Sua força, palavra que indicava o poder que
habilitava alguém para enfrentar situações complicadas, e que também
qualificava um lugar que servia de proteção na iminência de um ataque (Juízes
5.21; 9.51).
Depois fala de Deus como sendo sua fortaleza, isto é, um local de
segurança e defesa quando a guerra chegava.
E por último, ele canta que Deus é o Seu refúgio, lugar para onde alguém poderia correr e ser abrigado quando
se deparava com as ameaças da vida.
Note que ele personaliza essa
proteção: Deus é minha força, minha fortaleza, meu refúgio. Não apenas um local impessoal de proteção, mas o seu local de abrigo. Deus é Aquele para
o qual podemos correr em nossas angústias. Quando estiver em situações de
extremo desconforto e tristeza, lembre-se disso: Ele te acolhe e te protege.
O profeta Naum também proclamou que
Deus é um lugar de acolhimento seguro.
O SENHOR é bom, é fortaleza
no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam.
Naum 1.7
No meio de uma profecia que anuncia
o juízo sobre a cidade de Nínive, ele anuncia um alento, lembrando a bondade de
Deus, que acolhe e protege aqueles que O buscam para encontrar segurança.
Algumas pessoas podem buscar abrigo
em lugares e pessoas que não são suficientemente capazes para proteger e talvez
nem tenham a boa vontade para prestar alguma ajuda diante da dificuldade. Mas,
há um Deus, que é poderoso e bom, e acolhe aqueles que correm para Ele na hora
do desespero.
Não há motivo para desespero ou
desesperança, pois, mesmo quando abandonados e rejeitados pelas pessoas daqui,
podemos entrar na roda dos rejeitados e sermos girados para dentro da Casa de
Misericórdia que é o nosso Deus e para sempre estaremos protegidos e amados. Tudo
isso através do nosso Senhor Jesus Cristo, nossa Roda de Misericórdia.
Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão...
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
(Hebreus
4.14-16).
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