sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A FALTA DE EXPLICAÇÃO É PARTE DA EXPLICAÇÃO


            Esse mês de julho demorou a passar! Talvez você pergunte: como assim? Ele não teve o mesmo tanto de dias que outros meses? Sim, mas não medimos o tempo apenas de modo cronológico pelo tanto de dias e horas que passam. Medimos também subjetivamente, pelos acontecimentos vividos ou presenciados nos intervalos temporais. É a percepção emocional do tempo. Acontecimentos alegres dão a impressão de passarem rápido demais. São visitantes que partem cedo, deixando saudades. Gostaríamos que se demorassem mais um pouco. Por outro lado, acontecimentos tristes, parecem demorar uma eternidade para passar. São visitas enfadonhas e maçantes, que gostaríamos que fossem embora logo. Ficamos com a sensação de que o sofrimento nunca vai acabar. Nesse sentido, esse julho foi comprido! Tivemos várias perdas, algumas trágicas!
Quando nos deparamos com uma tragédia, ficamos confusos, perplexos, sem entender. Buscamos uma explicação, algo que possa ser razoável o suficiente para aliviar, nem que seja por um pouco a nossa intensa angústia. Qual seria a explicação?
            Como explicar que jovens inteligentes, talentosos sejam colhidos como flores viçosas antes de se transformarem em frutos? Como explicar que pessoas dedicadas a Deus, ansiosas por continuar servindo e testemunhando, partem desta vida? 
            A explicação está além de nosso alcance. Qualquer elucidação de nossa parte será mera conjectura. Parafraseando o famoso escritor: há mais coisa entre o céu e a terra do que imagina as nossas explicações. Mas, na ausência da explicação, já temos uma explicação.
            Essa é uma das lições que o relato de Jó nos ensina. Creio que sua história é bem conhecida. Um homem com uma família exemplar, próspero, justo, íntegro, fiel a Deus em todas as áreas da vida, elogiado pelo próprio Deus, enfrentou terríveis e simultâneas tragédias. A perda de tudo de modo repentino, culminando com a morte dos dez filhos soterrados sob a casa em que estavam para um encontro fraterno e festivo. Algum tempo depois, perdeu também a saúde, a compreensão da esposa e a simpatia dos amigos. Ficou sozinho em seu sofrimento! 
            Solidão que foi aguçada pela sensação da ausência de Deus! Esse foi seu maior sofrimento: o silêncio de Deus. A saudade que sentia de Deus lhe consumia (Jó 19.27). Deus não lhe respondia as orações, não lhe dava explicações. Ele clamava, mas parecia que Deus nem se importava. Ele, que havia desfrutado de alegre comunhão, como servo fiel que era, sentia-se abandonado por Aquele que poderia, não só lhe explicar tudo que estava acontecendo, como lhe trazer esperança e consolo!
            Esta é a grande reclamação de Jó no decorrer do livro!
            Mas, Deus estava presente, e bem presente, embora Jó não percebesse. Ele ouviu e avaliava tudo que Jó e os amigos de Jó falaram (Jó 38.1,2; 42.7). Mas por que Deus não respondia e explicava? Será que Ele não amava Jó o suficiente para aliviar o sofrimento dando algumas explicações? Ou será que Deus não tinha explicações para dar? Ou se tinha, não tinha poder para acessar Jó? 
            Deus tinha todas as explicações. Ele poderia na hora em que quisesse interromper o sofrimento de Jó e explicar tudo. O próprio Jó reconheceu que Ele tudo pode(Jó 42.2). Deus amava seu servo Jó intensamente. E porque o amava, não explicava. 
            Deus estava vindicando Seu caráter e o de Jó. Queria deixar claro que Ele conhece bem os seus, e que Jó o servia com sinceridade. Para isso era necessário deixar Jó sofrer sem que soubesse a razão. 
            A falta de explicação fazia parte da explicação! Se a razão ficasse clara, a fé não seria tão testada!  Era necessário que Jó suportasse seu sofrimento sem conhecer os motivos, e demonstrasse que, com ou sem explicações, ele continuaria crendo e servindo ao seu Deus.           
           E foi isso que ele fez. Declarou de modo inconteste que não importaria o que Deus fizesse com ele, ele ainda esperaria em Deus.  
           Mesmo quando falou, Deus não explicou a razão das tragédias na vida de Jó. Apenas argumentou que Jó não sabia de tudo, mas Ele sabia e governava todas as coisas com sabedoria (Jó 38-41). Nós, leitores do livro, sabemos a razão do sofrimento de Jó, mas o próprio Jó não soube, mas creu!
         Jó foi aprovado em um teste em que não precisava de explicações sobre os motivos, mas apenas confiar em Deus. 
Não saber não foi empecilho para crer.  A falta de explicações para as tristezas e perdas da vida testa nossa fé e nos dá a oportunidade de exercitar nossa confiança em Deus. Vamos continuar confiando mesmo sem entender? 
            Jó passou no teste, e nós?

16 comentários:

Elma Morais - Poetisa disse...

Sabe amigo escritor, é certo que muitas vezes ficaremos sem respostas para o que nos acontece, seja calamidades ou coisas excelentes. Digo, isso porque Deus realiza grandes coisas em nossas vidas no qual nunca imaginamos, ou sonhamos realizar, mas inexplicavelmente Ele sonhou para nós. O que nos ocorre, é que intensificamos o olhar nas calamidades, curtimos mais a dor, o tempo estica quando sofremos, assim como foi com o justo Jó. O sofrimento nos faz pensar insanidades, entra o medo e o pensamento que aquele sofrimento provém do pecado. Mas isso não é verdade, os nossos sofrimentos nem sempre são frutos do pecado, porém Deus nos quis provar, como provou os amigos de Daniel, no fogo. Explicação? Deus não precisa nos explicar, mas devemos crer que todas as coisas tem um propósito divino. E o melhor é aceitar a SUA vontade, mesmo na dor, pois ela é sempre perfeita. A dor passa, o consolo vem, a Esperança não morre,é VIVA, ETERNA.

Marcos Willson disse...

Obrigado pela meditação! Lembro-me de 1 Pedro 1.6-9 e sua conclusão lógica a partir de v.13.

alfredo antonio de araujo malheiros disse...

Muito obrigado pela meditação,
Nos momentos difíceis gosto de meditar em Tiago 1:2.
Fique com a graça do SENHOR !

Aureni Carneiro disse...

Que meditação abençoada. Saber que Jó foi aprovado em meio a uma tempestade tão cruel que o fez sentir a ausência de Deus,serve de alento para qualquer tipo de sofrimento que venhamos a passar.

Cleyton Maciel disse...

Isso msm. Excelente!

Unknown disse...

Uma meditação muito abençoada, que me fez lembrar de momentos em que passei alguns sofrimentos do corpo e da alma, e Deus me viu e me levantou. Vivo pela graça do nosso Deus.

Pastor Joaquim Vieira disse...

Muito tocante, obrigado pelas palavras e que Deus continue a lhe abençoar.

Unknown disse...

É eu sempre me disto. Jó sofreu sem entender porque. E nós tivemos o privilégio conhecer o pqatravés das escrituras. O livro de Jó fala muito ao meu coração.

Unknown disse...

Bem explicado!

Unknown disse...

O meu justo viverá pela fé...
Com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.
A principal ferramenta de DEUS é a dor, para assemelhar nosso caráter a imagem de seu filho Jesus Cristo.

Unknown disse...

Deus continue te abençoando pastor. Excelente meditação.

Alexandre disse...

Grande encorajamento! Obrigado

Júnior Feitosa disse...

Mensagem oportuna e edificante.

Unknown disse...

Que meditação edificante!!
Que o Espírito Santo continue te capacitando para edificar e encorajar vidas.Grata!!

Unknown disse...

Palavras que ensinam, confortam e nos exorta. Muito bom!

Unknown disse...

Obrigado Pastor Almir pela meditação ... Encorajadora , sabia e confortante sabendo que o nosso Deus sempre está presente !!

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