domingo, 18 de agosto de 2019

A PERGUNTA NECESSÁRIA




dúvida,boy,doubt,vector Por que isso aconteceu comigo?
Esta é a pergunta mais comum, quando somos atingidos pelas tragédias da vida. Em geral, não queremos apenas entender a razão do ocorrido. Ansiamos por saber por que foi exatamente conosco e não com outros.          
O problema é que raras vezes temos uma explicação satisfatória para as tragédias e sofrimentos de nossa vida. E quando encontramos alguma explicação, ela não tem o poder de consertar o estrago causado e, portanto, dificilmente ajuda-nos a conviver pacificamente com o resultado da tragédia. Além disso, a pergunta esconde a crença de que, sabendo as causas, poderei evitar novas tragédias. Isso revela o desejo de controlar nossas vidas. 
            Por isso, penso que a pergunta adequada seria: Como reagir diante da tragédia? Como devemos nos comportar? Como deve ser nossa vida depois dela?
           Na busca de resposta a essas perguntas, convém analisarmos o comportamento de um homem que enfrentou uma enxurrada de tragédias: Jó. 
            Vivendo uma vida justa, agradável e cheia de prosperidade, de uma hora para a outra, Jó se viu vazio de tudo. Todos os bens levados por bandos inimigos, ou consumidos por uma tempestade de fogo, e todos os filhos mortos por um forte vento que derrubou a casa onde estavam. Estas trágicas notícias chegaram-lhe uma atrás da outra, sem lhe dar um mínimo de tempo para se recuperar (Jó 1.13-19).  
            Como Jó reagiu? Com sua tristeza adorou a Deus (Jó 1.20-22). 
            Tornou-se comum em nossa cultura, não suportar a tristeza. Queremos a alegria e até pagamos por ela.  Essa perspectiva contaminou nosso modo de adorar a Deus. Pensamos que só podemos adorar verdadeiramente na euforia dos momentos alegres. Mas Jó e vários salmistas depois dele nos mostram que devemos adorar não só na tristeza, como também COM nossa tristeza (Sl 42,43).
            Jó manifestou sua tristeza de acordo com a cultura de sua época: rasgou seu manto, rapou o cabelo e prostrou o rosto em terra. Mas nesta tristeza e com sua tristeza, ele adorou. 
            E como foi sua adoração? Ele se curvou diante de Deus, reconhecendo Sua soberania e declarou que tudo na vida era um dom. Seus bens e filhos não lhe eram direitos agora negados, mas doações imerecidas, que graciosamente lhe foram concedidos por Deus para serem desfrutados por um tempo. Eram presentes temporários, não eternos.  
Tragédias são choques de realidade que nos ajudam a perceber que não teremos para sempre nem os bens materiais e nem as pessoas que amamos. Mais cedo ou mais tarde elas nos deixarão, ou nós as deixaremos. 
            Em sua adoração, Jó confessou que o doador fora Deus e que, de modo soberano, Ele tinha o direito de tomar.  Este reconhecimento é adoração que pode coexistir com a tristeza e sua manifestação. Não é pecado chorar, lamentar nem manifestar tristeza, desde que reconheçamos que nosso Deus é o Soberano doador de todos os bens que possuímos. 
            Após essas tragédias, Jó perdeu a saúde e o apoio da esposa, mas não perdeu seu caráter. A aflição não modificou sua convicção. A esposa reconheceu que ele ainda se agarrava a sua integridade. Ela propôs que ele amaldiçoasse a Deus e se entregasse à morte. Enxergo nesta proposta a intensa aflição daquela mulher! Ela se aflige pela perda dos filhos e bens e com o sofrimento de seu marido. Diante disso, anseia que ele fique aliviado daquela angústia.  Antes de julgá-la, convém sermos compreensivos. Somos muito mais parecidos com ela do que com Jó. Queremos ver-nos livres do nosso sofrimento do modo mais rápido, ainda que isso contrarie nossas convicções e macule nosso caráter. Achamos que o alívio, mesmo que custe nossa fé, vale a pena. 
O conselho dela não é sábio e Jó claramente afirma isso. Ele também queria libertar-se de seus sofrimentos, mas sem perder sua fé em Deus. Para ele não valia a pena não sofrer se isso incluísse a perda da fé. A fé em Deus era, para ele, um bem mais valioso que uma vida confortável e sem sofrimento. Sua resposta para a esposa é uma declaração de fé das mais sublimes: 
            Deus nos deu o bem, e nós recebemos.
            Deus tem nos dado o mal, e devemos também receber. 
            Só a fé em Deus faz isso.
Jó perdeu também os amigos. Em um primeiro momento eles estavam tão aturdidos com o sofrimento, que ficaram sem palavras! Depois falaram o que não deviam, culpando Jó por aquele sofrimento. Além do fardo da tristeza, os amigos de Jó queriam que ele carregasse o da culpa. Afirmaram que se ele confessasse seus pecados, tudo voltaria ao que era antes. Mas Jó sabia que isso era mentira. Era mais uma saída fácil e errada que contrariava sua fé. 
Ele atravessou solitário todo o seu sofrimento, armado apenas com sua fé em Deus. E essa companhia foi o suficiente.  Para Jó, sua fé era mais valiosa que seus filhos, esposa e amigos. Era seu maior bem. Foi intensamente sofrido perder os filhos, não ter o apoio da esposa, ser acusado pelos amigos. Mas, seria eterna e irremediavelmente doloroso perder a fé. Se você perdeu tudo nesse mundo, menos a fé em Deus, você não perdeu nada.
Como se continua a viver depois de uma tragédia? Como levantar a cada dia e, acompanhado de intensa dor, enfrentar a vida? Mantendo a fé em Deus. Dando um passo de cada vez, e confiando naquele que tudo sabe, tudo pode e tem todo amor para nos confortar. 

18 comentários:

Elma Morais - Poetisa disse...

Tem razão meu amigo Pastor. Jó enfrentou sua dor,buscando o conhecimento de Deus, e tornando-se íntimo de seu Criador.

Semeador Brando de Lima disse...

Excelente meditação. Conhecemos mais a Deus quando atravessamos os vales, o nosso sofrimento aumenta a nossa fé e podemos provar da bondade do Senhor que sustenta a nossa fé. Tenho provado dessa bondade nos meus sofrimentos.

Cleyton Maciel disse...

Como a fé é necessária p enfrentar a dor!

conhecendo a verdade disse...

Parabéns, Pastor. Como sempre, seus escritos são claros, encorajadores, e nos fazem refletir quem somos, ante a soberania de Deus. Continue assim.

Unknown disse...

Jo não provou para o acusador que era fiel a.Deus.como deixou o ezempro para todos nós

Unknown disse...

Tempos difíceis são duros de viver,somente Deus nos capacita para sermos aprovados nos dias maus!

Oleana disse...

Como sempre sendo grandemente usado por Deus através das suas sábias palavras e meditação.

Unknown disse...

Grande verdade querido pastor!!! Mantenhamos a nossa fé!!

Unknown disse...

Firmes na fé

Tibério Bezerra disse...

É isso que Deus requer de nós: confiança. "Até quando este povo não confiará em mim" (Nm 14.11)?

Unknown disse...

Muito obrigada pastor Almir.

Unknown disse...

Que reflexão!!0.Quanta grandeza

Unknown disse...

Obrigada meu pastor . Essa meditação deixa bem claro que sem a fé em Deus não somos nada. Que com o sofrimento é que somos fortalecidos em Jesus Cristo.

Unknown disse...

Querido Pastor, bom dia.
Como são sábias as suas palavras.
Falaram profundamente ao meu coração.
Que Deus continue lhe usando.

alfredo antonio de araujo malheiros disse...

Pr Almir muito boa meditação, realmente tenho que admitir que parece mais com a mulher de Jó do que com o mesmo, mas tenho fé em Deus que chego lá e tenho essa fé de Jó.

Unknown disse...

N tinha visto a mulher de Jó por esse lado. Agora lerei sobre ela c outros olhos.

Unknown disse...

Amém que Deus seja louvado

Anônimo disse...

Amém!Grandes ensinos!

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