A igreja deles ficava numa cidade grande, capital da província da Acaia, com cerca de seiscentos e cinquenta mil habitantes. A cidade estava numa posição privilegiada, pois ligava por terra dois importantes portos, evitando uma perigosa viagem marítima de trezentos e vinte quilômetros. Tinha um comércio próspero e, nela, eram realizados os jogos Ístmicos de dois em dois anos, em honra ao deus Poseidon.
Atraía gente de todos os lugares e, por isso, era um caldeirão multicultural, onde as pessoas olhavam mais para o moderno e pouco se arraigavam às tradições. A religiosidade era intensa. Havia, ali, 12 templos, entre eles o da deusa Afrodite, cujas mil sacerdotisas, no final de cada tarde, desciam do templo para a cidade para vender seus corpos, em forma de culto ao sexo. Além disso, a mobilidade da cidade incrementava a imoralidade. Hoje, temos o verbo europeizar que significa adotar costumes e usos próprios da Europa. Naquela época, era usado o verbo corintianizar, formado com o nome da cidade. Esse verbo tornou-se sinônimo de fornicação. Estamos falando da cidade de Corinto.
Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça. Em sua segunda viagem missionária, depois de ser escorraçado sucessivamente de três cidades na Macedônia, Paulo passou um tempo solitário em Atenas e seguiu para Corinto, em fraqueza, receoso e trêmulo (1 Co 2.3). Ali, encontrou Áquila e Priscila, um casal de crentes que, como Paulo, eram fabricantes de tendas. Por isso ficou morando e trabalhando com eles. Depois da chegada de Silas e Timóteo, seus companheiros, Paulo dedicou-se, exclusivamente, à pregação da Palavra (At 18.1-5). Apesar da forte oposição, Deus o animou dizendo-lhe que tinha muito povo naquela cidade. Como o número de salvos aumentava, Paulo fixou a reunião dos convertidos numa casa e permaneceu um ano e meio na cidade.
Mesmo depois de partir, a ligação de Paulo com a igreja de Corinto continuou. Enquanto se ocupava na evangelização de Éfeso e arredores, Paulo teve que lidar com vários problemas surgidos na igreja de Corinto, praticamente pastoreando a igreja de longe, fazendo uma visita e escrevendo pelo menos quatro cartas. Os problemas daquela igreja eram muitos. Mau testemunho de alguns que se diziam crentes, mas praticavam a imoralidade, criação de facções internas, imaturidade, insatisfação com a liderança de Paulo, litígio entre os irmãos, abusos durante a celebração da ceia, conceitos errados quanto aos dons espirituais e heresias quanto à doutrina da ressurreição. Paulo escreveu respondendo uma carta da igreja que pedia esclarecimentos sobre casamento, carne sacrificada aos ídolos e uso do véu. Resolver problemas nos desgasta e esgota. Mas, Paulo não desistiu deles! O futuro da Igreja de Cristo estava em jogo.
Enviou-lhes Timóteo, mas este detectara uma forte oposição na igreja. Isso provocou uma visita imediata de Paulo, que lhe causou muita tristeza (2Co 2.1). A igreja se omitia diante dos acusadores. Ele parte carregado de aflição e é acusado de instável.
Tito é enviado com uma carta escrita no meio de muita aflição. Enquanto aguardava a chegada de Tito com notícias, Paulo enfrenta forte tribulação em Éfeso, chegando a desesperar da própria vida (2Co 1.8). Chegando em Troâde e não encontrando Tito, não conseguiu tranquilidade suficiente para aproveitar a oportunidade que surgira ali. Seguiu para Macedônia, Tito chegou e as notícias foram boas. Com isso, a tristeza de Paulo transformou-se em euforia (2Co 7,6). Mas, logo depois novos informes noticiaram que outros falsos apóstolos chegaram a Corinto com novas acusações contra ele.
Mas, apesar de todos estes problemas, ele não iria desistir daquela gente. Eu porém, de boa vontade me gastarei e serei gasto em prol da alma de vocês. Eu amo intensamente vocês. (2Co 12.15).
Ele iria gastar sua vida, tal como outros gastavam dinheiro (Mc 5,16; Lc 15.14). Não apenas gastaria, mas se deixaria gastar. Um gasto de sua própria vida em prol das almas daqueles irmãos que lhe causavam problemas e aflições. Este gasto seria de boa vontade, isto é, alegremente, cheio de disposição, sem colocar nenhum impedimento ou hesitação em gastar. E faria isso porque seu amor por eles era intenso.
Estamos dispostos a gastar nossas vidas e permitir que nos gastem em prol da salvação de almas? Iremos nos gastar para resolver problemas que não foram causados por nós mas que podem causar prejuízo para a Igreja de Cristo? Estamos dispostos a sermos desgastados por pessoas que muitas vezes não valorizam nosso gasto? Gastaremos nossa vida e nos deixaremos gastar por pessoas que não estão dispostas a nos recompensarem? Faremos isso com disposição alegre, por sabermos que disso resultará frutos eternos?
Isso depende do quanto amamos, pois quem ama intensamente, gasta-se e permite-se gastar por aquilo ou aqueles a quem ama. Mães gastam-se e deixam-se gastar pelos filhos a quem amam! Pessoas se gastam e se desgastam por uma causa pela qual se sentem apaixonadas!
Quer queiramos ou não, estamos gastando nossa vida e nossa vida está sendo gasta. Isto é inevitável. A questão é: Com que vamos gastá-la? Com efemeridades, que também se gastarão queimadas na fogueira do tempo? Ou com valores que resistirão e permanecerão por toda eternidade? Gastaremos nossa vida pelas almas, pela Igreja de Cristo, pelo povo de Deus, que permanecerão para sempre?
20 comentários:
Deus nos ajude a gastar nossas vidas com as "coisas" de valores eternos...
Perfeito estudo!
Amém. Que Deus nos dê a graça de sermos gastos visando frutos eternos.
Muito edificante!
Muito edificante! Deus lhe use mais ainda na escrita.
Hugo Lopes.
Peçamos a deus este dom para glorificar ainda mais o nome do Senhor Amém.
Muito edificante e desafiador , obrigado pelo estudo Pr.Almir
Sábias palavras
Amém pela mensagem. Que eu venha me desgastar pela tua causa 🙏Senhor.
Estudo edificante,que Deus continue te usando .
Pastor Almir, que benção este estudo; nos enriquece no conhecimento da palavra. Que Deus o abençoe!
Que bênção pastor! Deus o abençoe!!
Muito edificante. Que Deus abençoe ao senhor.
É verdade. Nos gastaremos de qualquer forma... Então vamos gastar nossa vida no maior investimento que podemos fazer, no Reino de Deus!
É um privilégio se gastar em prol do reino de Cristo
Amém! Que o Senhor nos dê sempre, disposição pra servir na sua obra que é eterna!!
Excelente meditação. Obrigado
Mensagem reviorante
Muito Edificante, que possamos refletirmos e colocarmos em prática aos conselhos de Paulo.
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