segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A ESPERANÇA MESSIÂNICA

          Duas palavras usadas em nossa língua para designar o Senhor Jesus significam uma mesma coisa: Messias e Cristo. Ambas significam Ungido. A palavra “Messias” é a transliteração de uma palavra hebraica que tem sua raiz no verbo que significa "ungir", "untar", ou "esfregar". Já o termo “Cristo” foi transliterado da língua grega e também tem origem num verbo que significa “ungir”. Quando o Antigo Testamento foi traduzido para a língua grega, “messias” foi traduzido como “Cristo”.
         Esta palavra indicava alguém ou algo que recebera unção. No Antigo Testamento coisas e pessoas eram ungidas. Jacó ungiu uma coluna entornando azeite sobre ela (Gn 28.18; 31.13); os bolos ofertados a Deus eram ungidos (em nossas versões a tradução é “untados”, Ex 29.2); o tabernáculo e todos os seu móveis também foram ungidos (Ex 40.9-11). As pessoas ungidas foram: os sacerdotes (Ex 29.4,7; Lv 4.16); profetas (Sl 105.15; 1 Rs 19.16), e os reis (1 Rs 19.16).
          Com o tempo  a palavra passou a ser um termo técnico, um título do rei que Deus levantaria para libertar seu povo. Isso é ilustrado  quando é usado para Ciro, um rei pagão, que não passou pelo processo da unção dos reis de Israel. Mesmo assim ele é chamado de “ungido” pelo SENHOR, pois traria livramento para seu povo (Is 45.1-5). Ainda antes de haver rei em Israel a palavra é usada em paralelismo com o termo  "rei" (1 Sm 2.10).  Mostrava uma função diante da qual o sacerdócio seria exercido (1 Sm 2.35). 
               No Novo Testamento este título foi aplicado a Jesus (Mt 1.16), mas com o passar do tempo o título se tornou parte do seu nome, não era apenas "Jesus, o Cristo", mas "Jesus Cristo" (Mt 1.1). Esta dinâmica acontece em todas as línguas. Uma palavra que designa uma função se torna um título. Podemos citar como exemplo professor e pastor. Estas palavras designam funções, mas com o passar do tempo elas se tornaram títulos, de modo que alguém que desempenha algumas destas funções é chamada de Professor Fulado, ou Pastor Sicrano. E com o uso o título pode se incorporar ao nome. Alguém chegando à igreja e apontando para mim, perguntar “qual o nome daquele homem?”. Penso, que alguns responderiam: "Pastor Almir".                            
          O modo mais comum para ungir era o de derramar ou aspergir óleo. Mas, o que era um ungido? Para responder a esta questão temos que entender o significado do ato da unção. Este era um símbolo e sinal de algo realizado por Deus. A unção sinalizava:
          1) A escolha divina. Só poderia ser ungido aquele que o SENHOR havia escolhido. Tanto o sacerdote (Ex 20.7; 40.15), como o profeta (1 Rs 19.16), e o rei (1 Sm 16.1-13) eram ungidos porque Deus os escolhera para uma função. O ungido era um escolhido de Deus.
         2) A autorização divina. O ungido adquiria direito à posição de ser o representante autorizado por Deus, de agir em nome de Deus. Quando Arão foi ungido sacerdote ele ganhou o direito a representar o povo diante de Deus (Ex 30.30; 40.13,15). Quando Saul foi ungido rei ele recebeu a autoridade para ser líder do povo representando Deus para o povo (1 Sm 15.1,17). Os profetas eram ungidos para proclamar a verdade de Deus (Is 61.1). O ungido era um escolhido e autorizado por Deus para ter uma posição.
           3) A proteção divina. A unção separava e consagrava. O objeto ou pessoa ungida era separado, colocado à parte, para ser do SENHOR (Ex 29.1-37). Um laço específico era estabelecido entre o SENHOR e o ungido. Ele se era o representante de Deus diante do povo e representava o povo na presença de Deus. Por isso que Davi não quis matar Saul (1 Sm 24.6-11; 26.9-24), pois tocar no ungido era tocar no próprio SENHOR (Sl 105.15). Nas coisas ungidas, separadas para Deus, apenas os também ungidos poderiam tocar (Ex 40.9-11; Lv 8.10,11; Nm 7.10,11). Isto pode ser exemplificado nos casos da morte de Uzá por tocar na arca (2 Sm 6.6,7), e na morte dos meninos que zombaram de Eliseu. (2 Rs 2.23-25). O ungido era um escolhido, autorizado e protegido por Deus para uma posição.
              4) A habilitação divina. O ungido era qualificado para a tarefa designada. Isto indica que os escolhidos eram incapazes para desempenhar as funções apontadas e dependiam da ação de Deus para equipá-los. Esta habilitação vinha com a presença do Espírito do SENHOR (1 Sm 10.6; Is 61.1-3). Deus dava de Si mesmo para equipar o ungido. O uso do óleo para ungir é significativo, pois nas Escrituras o óleo representa sempre o que é bom, forte e abençoado. O ungido era um escolhido, autorizado, protegido e capacitado por Deus.
            5) A comissão divina. O ungido recebia uma tarefa para desempenhar. Para que alguém era ungido? Para ser sacerdote, rei ou profeta. O sacerdote tinha a função de representar o povo diante de Deus apresentando as ofertas de expiação e oficiando o culto (Ex 28.41; Lv 4.3,5). O rei representava Deus libertando (literalmente salvando), julgando e governando o povo de acordo com as leis de Deus (1 Sm 9.16; 10.1; Is 45.1,2). E o profeta representava Deus para o povo trazendo a palavra Dele, sendo o porta-voz de Deus ( Is 61.1) O que todas estas funções tinham em comum era o fato de serem mediadoras. O ungido mediava Deus para o povo e o povo diante de Deus. O ungido era um escolhido, autorizado, protegido, e habilitado por Deus para ocupar uma posição e desempenhar uma função, de representar Deus.
          A leitura dos salmos sobre o ungido nos mostra como o povo idealizava seu rei. O ungido seria um rei sem igual, justo e santo, que teria um trono eterno (Sl 45.6,7). Seria um descendente de Davi (89.3,4,20; 132.10,17; 2 Sm 22.51). Um regente que dominaria a rebeldia das nações por ser constituído pelo próprio Deus, sendo considerado Seu filho (Sl 2). Um rei vitorioso (Sl 20.6). Este rei representava todo o povo de Deus, as vitórias e a salvação concedida a ele eram vitórias e salvação para o povo (Sl 28.8). Por isso que orações eram feitas em prol do ungido (84.9: 89.38,50,51).
          Nenhum rei judeu cumpriu isto plenamente. Os ungidos do Antigo Testamento eram tipos do Ungido que ainda viria. Representavam de modo parcial o Ungido completo e final, o Messias prometido. O povo de Deus esperava o tempo quando Deus iria restaurar esta terra, redimindo-a do pecado. Aguardava um Messias que realizaria de modo pleno a salvação divina. Deus faria isto através de um Mediador escolhido, autorizado, protegido, habilitado por Ele para ser o sacerdote-profeta-rei ideal.
          Esta era a esperança messiânica.

6 comentários:

Anônimo disse...

SP. 01/01/08.
PASTOR ALMIR!! SUAS MENSAGENS SÃO LINDAS E SEMPRE ME IMPRESSIONARAM
GOSTO DA FORMA COMO SE EXPRESSA E QUANDO AS LEIO, TRAZ ALEGRIA E REFRIGÉRIO PARA MINHA ALMA! PARABÊNS PELO DOM DA ESCRITA. QUE O SENHOR TE ABENÇOE SEMPRE E SEMPRE.
COM CARINHO!!!

DILA.

Soraya Missões Com Surdos disse...

Olá Pr Almir! Grata por postar suas mensagens escritas na minha página do Face!Compartilhei seu blog incentivando pessoas a visitarem! Deus abençoe!

Prof. Jeraldo Neuman disse...

Muito obrigado, Pastor Almir, por suas mensagens, sempre edificantes. Ofereço os seguintes acrescimos:
1. Com tudo que tem destacado sobre a pessoa ungida, podemos ver como o salmista (neste caso Davi)expressou a superabundante bênção de O SENHOR ter escolido Sião como lugar de Seu santuário, usando como o oleo da unção de Arão era abundante e assim abençoado superabundantemente.
2. A ideia de ser capacitado podemos ver em nosso caso como crentes ungindos com O Espírito Santo e assim capacitados a entendermos a Palavra de Deus. Veja I João 2:20, 27 Professor Jeraldo Neuman

Prof. Jeraldo Neuman disse...

Desculpe-me. Fiquei tão empolgado que esqueci dizer que refiro ao Salmo 133 no comentário acima, acrescimo número 1.

Unknown disse...

Pr. Almir, hoje em dia há pessoas que chamam os pastores de "ungidos do Senhor". Esta semana ouvi um irmão dizer até que existe uma maldição pra quem fizer algo contra um pastor. Isto é correto? Não são todos os crentes (era da igreja) iguais? Todos não somos igualmente participantes de um Reino de Sacerdotes?

Almir Marcolino Tavares, disse...

Hoje todos os discípulos de Cristo são ungidos de Deus. Recebemos o Espírito santo (1 Jo 2.20,27).
Veja o comentário do professor Jerald Neuman nesta mesma postagem.

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