quinta-feira, 14 de maio de 2009

FAMÍLIA: CAMPO E CELEIRO MISSIONÁRIO


“Costume de casa vai à praça.” frase que meus pais me disseram algumas vezes, quando cometia alguns dos erros infantis: falar com a boca cheia, mastigar com a boca aberta, etc. Ela expressa a idéia de que os hábitos praticados na casa, com o tempo, se tornam públicos. Isto é verdade não apenas com os costumes ruins, mas também com os bons hábitos. Por isso o hábito de fazer missões deve começar em casa.
Com “missões” estamos nos referindo ao propósito de Deus de alcançar pessoas de todas as nações para formar o povo redimido que irá adorá-lo eternamente (Ap 7.9). Fazer missões é se identificar com este projeto, comprometer-se com ele, apreciar e amar pessoas e tarefas que cooperem para que ele se concretize. Estas atitudes devem começar na família e se tornarem um hábito na vida de cada crente. A família cristã é um campo e celeiro missionário. Um texto que nos ajuda e compreender esta verdade é Gênesis 18.16-19.

“Tendo-se levantado dali aqueles homens, olharam para Sodoma; e Abraão ia com eles, para os encaminhar. Disse o SENHOR: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer, visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra? Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito.”
O contexto é a visita que o SENHOR e dois anjos fazem a Abraão. Este se demonstra um servo especial. A princípio ele não sabe que aqueles sãos seres celestiais, mesmo assim cumpre com prazer seus deveres de hospitalidade, providenciado o melhor para os visitantes. Estes comem e bebem e depois revelam o nascimento iminente do filho prometido. Abraão mostra prazer em servir. A disposição para servir é uma das características das famílias que se comprometem com missões. Precisamos exemplificar e ensinar nossos filhos o prazer de servir, e assim os ajudaremos a desenvolver o hábito de fazer missões.
Depois da refeição, os visitantes seguem para Sodoma, e Abraão os acompanha. Deus compartilha seu plano com ele. Isto é algo feito para os amigos, o próprio Jesus assim disse (João 15.15). Por isso Abraão foi chamado “amigo de Deus” (2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23). Ele era um que desfrutava a intimidade de Deus, com quem Deus compartilhava Seu conselho. Este é um privilégio para os que temem a Deus (Sl 25.14), para os que andam nos Seus caminhos (Pv 3.32). Esta amizade é o motivo da bênção divina na família (Jó 29.4). Valorizar o relacionamento com Deus é o alvo das famílias que apreciam missões. Elas se tornam amigas de Deus, desfrutam a Sua intimidade. Os pais precisam deixar claro com suas atitudes que Deus é seu maior tesouro. Para isto devem manter seu tempo de leitura bíblica e oração, e inculcar nos filhos este hábito. Mães devem tomar tempo para ler histórias bíblicas para seus filhos quando eles são pequenos, cultivar neles um gosto pelos heróis da Bíblia, e plantar em suas mentes os valores divinos. Desde cedo eles aprenderão que suas vidas devem glorificar a Deus, e fazer missões é parte disto.
Deus revela que vai punir Sodoma e Gomorra por conta dos pecados delas. Abraão escuta com atenção e reage de modo apropriado, intercedendo por aquelas cidades (Gn 18.23-33). A atenção à palavra de Deus é outra qualidade das famílias que se envolvem com missões. Deus nos tem revelado muito mais do que revelou a Abraão. Temos a revelação completa hoje na Bíblia sagrada. Quando a lemos temos Deus falando conosco, Deus nos comunicando Seu conselho, Seus planos futuros. Quanto mais prestarmos atenção á esta palavra, mais apropriadamente reagiremos ao projeto missionário de Deus.
A razão para Deus comunicar seu propósito a Abraão era o fato de que certamente ele se tornaria uma grande e poderosa nação, e também que ele e sua família seriam canais e exemplo da bênção de Deus. Abraão tinha o privilégio de receber o conselho de Deus, para assim abençoar outros com este conhecimento. Isto acontece quase imediatamente, pois assim que sabe do propósito de Deus quanto à Sodoma, ele intercede, e esta oração livra Ló e sua família da destruição (Gn 19.29). Depois Ló se tornou pai de duas nações (Moabe e Amom), e de uma delas surgiu uma antecessora do Messias: Rute.
Abraão foi semelhante ao Mar da Galiléia, que recebe as águas que vêm da neve do Monte Hermon, e as devolve no Rio Jordão para irrigar a terra e dessedentar pessoas. Neste mar há vida. Há pessoas que são como o Mar Morto, ao sul de Israel, o qual recebe milhões de litros de água do Rio Jordão, de outros rios, e ainda de fontes invernais, e as retêm, mas seu volume nunca aumenta. Estas pessoas recebem bênçãos de Deus: vida, recursos, habilidades, tempo, etc., mas as usam apenas para si mesmas. Não se tornam canais através dos quais as bênçãos fluem para outras pessoas. E assim, elas secam, não têm vida. As águas doces que recebem se tornam em águas salgadas.
Agir como um canal de bênção é a atitude da família que ama missões. Estas famílias não estão interessadas apenas no que a igreja pode fazer por elas, mas antes querem saber o que podem fazer pela igreja. Não buscam apenas receber uma bênção, mas ser uma bênção. Não apenas pedem orações, mas também se importam em orar pelos outros. Estão dispostas a tudo fazerem para que pessoas sejam alcançadas com a maior de todas as bênçãos, o evangelho (Gal 3.8). Elas aceitam servir, trabalhar, sacrificar, doar, cooperar para que outros sejam edificados e salvos. Não querem apenas chegar e encontrar tudo limpo, arrumado, para então se deliciarem com um culto agradável. Elas sabem que cultuar envolve fazer a obra de Deus. Elas não priorizam suas necessidades, mas antes buscar adoradores, tal qual Jesus, que mesmo cansado, evangelizou a samaritana (João 4).
Deus havia escolhido Abraão para ser um agente e exemplo de bênção no mundo. Mas este privilégio trazia uma responsabilidade: ordenar a família a andar nos caminhos de Deus. O termo “ordenar” indica tanto a instrução como incumbências que são passadas a subordinados (1 Sm 17.20; Rt 2.9; Gn 49.33). Era dever de Abraão instruir seus filhos nos caminhos de Deus, ordenar-lhe cumprir os mandamentos do Senhor. Deus sempre ordenou que as famílias transmitissem Suas obras e palavras (Ex 12.26s; Dt 4.9,10).
Um casal que acredita em missões verá seus filhos como seu primeiro campo missionário. Assumirá a responsabilidade de guiá-los nos caminhos de Deus. É incrível a quantidade de pais crentes que se preocupam com a saúde dos filhos, com a educação e futuro terreno deles, chegam a se sacrificar e endividar por conta disto, mas não aparentam nenhum pingo de temor quanto à saúde espiritual e futuro eterno deles. Alguns irão argumentar que os filhos não os escutam mais. Quando isto acontece, provavelmente é porque a instrução começou tarde. Houve omissão quando os filhos eram pequenos, e assim a autoridade para ordenar foi perdida. Quem ama seu filho cedo o disciplina! (Pv 13.4). Deus valoriza que os filhos sejam criados no evangelho. A prova disto é que uma das exigências para os oficiais das igrejas é que os filhos sejam crentes (Tt 1.6; 1 Tm 3.4). Deus quer salvar os filhos usando a instrução dos pais. Para ser celeiro missionário a família tem que antes ser campo missionário.
Agindo assim a promessa seria cumprida na família de Abraão. A graça de Deus opera a obediência humana. E assim a bênção se concretiza. A promessa de Deus não é automática, nem mágica. Ele atua gerando a submissão humana. E desta forma ela se cumpre.
O professor de Missões Jerry Leonardo disse que o preparo de um missionário transcultural começa quando ele é criança, no seu lar. Ali ele é iniciado em atitudes como: servir, prezar o relacionamento com Deus, disciplina em ler a Bíblia e orar, repartir as bênçãos, e andar em obediência a Deus. Cada pai e mãe têm um campo fértil em seu lar, para transformar num celeiro de missionários, filhos que serão sementes gerando frutos eternos.

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