quinta-feira, 17 de setembro de 2009

E QUANDO A VIDA NÃO É A DOS NOSSOS SONHOS?

Sonhamos. Ah, como sonhamos! Sonhamos com a vida ideal, o emprego sem problemas, o casamento perfeito, e filhos fantásticos! Sonhamos com a viagem sem turbulências, negócios sem engano, carro que não quebra, computador que não trava, e amigos que não falham. Sonhamos e esperamos saúde sempre, fidelidade constante, dinheiro suficiente, e amor abundante. Mas, a vida não é um sonho. Ela é real. E algumas vezes cruelmente real. O que fazer?

Uma personagem bíblica que pode nos mostrar algumas lições sobre as dificuldades da vida é Lia (em algumas versões Léia). Em Gênesis 29.16-35, abra sua Bíblia e leia o texto.

Lia me parece como uma moça cujas dificuldades na vida não foram resultados diretos de suas escolhas. Nasceu com olhos sem brilho, o que não lhe favorecia, pois na sociedade daquele tempo e lugar, olhos que brilhavam significava beleza. Alguém com olhos meigos, sem fervor, não seria notada. Nos dias de hoje seria semelhante a uma menina que não tem o corpo e o rosto das modelos e atrizes de TV.

Para complicar ainda mais sua situação, ela tinha uma única irmã, que era mais nova e linda! Raquel tinha uma forma bonita, e uma aparência digna de ser apreciada, com certeza algo que toda mulher gostaria de ter. Qualquer pessoa que olhasse para as duas irmãs se encantaria com Raquel, e deixaria Lia de lado. Lia já começou a vida em desvantagem. Era apenas sombra de sua irmã, uma tela de fundo que realçava a beleza da outra.

Sua família não nos parece muito estruturada. O pai era ganancioso e sem escrúpulos. Pronto para mudar sua palavra sempre que lhe fosse conveniente. Sem lealdade até para com as filhas (Gn 31.15). Aparentemente o dinheiro era tudo que lhe interessava. As filhas trabalhavam e provavelmente não ganhavam nada.

Um dia aparece na casa um primo distante. Provavelmente não sabiam, mas ele havia enganado seu pai e seu irmão mais velho. E estava fugindo da ira do irmão. Mas era um rapaz disposto e trabalhador. Ele se apaixona pela irmã mais bela. Trabalha por ela sete anos, e isto foi para ele como poucos dias, pelo tamanho de sua paixão. Como se sentiu Lia? Feliz pelo fato da irmã ter alguém tão apaixonado por ela!? Ou com inveja pelo fato de que agora a irmã sairia das garras do pai!? Não sabemos. Mas, independente de sua reação, ela novamente é apenas uma coadjuvante.

No casamento da irmã, ela recebe a notícia, de que ela é a noiva, e não a irmã. Penso que não lhe deram tempo para pensar, nem tão pouco competia a ela alguma decisão. O pai a colocou na cama que deveria ser da irmã. Ela foi apenas um joguete de negócios nas mãos dele. Será que ela alimentou a esperança de que Jacó mudasse de idéia? Que se apaixonasse por ela? Que desistisse de Raquel? Que pelo menos a amasse de igual modo?

Naquela noite Lia foi amada como se fosse Raquel! Amada como nunca fora, e nunca mais seria na vida! Devemos lembrar que era noite, escuro, além disso, havia o véu que as noivas usavam. Jacó expressou toda paixão contida naqueles sete anos. Mas de manhã percebeu que não era sua amada. Imagine quanta frustração ele sentiu. E qual terá sido a reação de Lia quando viu a decepção e frustração nos olhos de Jacó? Como foi o restante da semana de núpcias? Uma tentativa sempre frustrada de conquistar o coração de Jacó? Como foi aquela festa para ela, sabendo que na outra semana seu marido seria de sua irmã?

A vida estava lhe fugindo do controle. Ela não escolhera aquela situação, fora empurrada para dentro dela. Na linguagem secular, ela era uma prisioneira do destino. Na segunda família de sua vida, ela é de novo a segunda, a preterida. Apenas a suportada. A atenção e o relacionamento de Jacó eram pura obrigação, nada mais. O amor dele era por Raquel. Lia era corpo estranho naquela família. O casamento era uma aflição, e não ocasião para receber amor e aceitação. Mas ela ainda tinha uma esperança: filhos.

Os três primeiros filhos são agradecidos a Deus na esperança de que consiga o amor de seu marido. Ela está agindo como seu pai, usando os filhos como moeda de troca, não por dinheiro, mas por amor. Em certo sentido usa Deus: quer o marido como bênção maior, é para isto que os filhos lhe servem. Com certeza os filhos notam isto. Jacó está plantando o que mais tarde vai colher com o sofrimento de José. Deus está deixando acontecer o que mais tarde vai usar para cumprir seus planos.

No quarto filho Lia soube que deveria louvar a Deus e não esperar amor de seu marido. Quando a vida destrói sonhos, ainda podemos louvar, pois os planos de Deus não se frustram! Deus inverteu as expectativas e preferências humanas. É de Lia que saiu os ancestrais das duas maiores instituições de Israel: sacerdócio e reinado (Levi e Judá).

Os sonhos podem ser frustrados. Jacó trabalhou sete anos, cheio de esperanças e expectativas. Seus olhos se enchiam com Raquel. Quantos sonhos, pensamentos, desejos! Cada tarefa fatigante de cada dia daqueles sete anos era aliviada pela certeza de que um dia teria Raquel, bela de porte e aparência, como sua esposa. Penso que poucos homens têm um amor tão intenso e cheio de esperança. Não era qualquer mulher, era Raquel, só ela importava para ele. Por ela, ele trabalhava, suava, fatigava-se, esperava.

E Raquel? Como deve ter se sentido frustrada quando soube que sua irmã, e não ela seria dada a Jacó? Desta família cheia de enganos, dolos, frustrações, decepções, ódio, amores mal dirigidos, ganância, ambição, etc. Desta família que nenhum de nós escolheria como modelo, surgirá o Messias, nosso Redentor. Isto é graça!

Na vida participamos de situações constrangedoras e aflitivas que não escolhemos. Podemos entrar em casamentos sem amor. Movidos por nossas paixões sim, mas também movidos por fatores que não dependem de nós. Mesmo assim devemos louvar a Deus, desfrutar das bênçãos que Ele nos dá nestes relacionamentos, e continuar vivendo. Deus tem planos além de nós. Não veremos tudo que nossa vida produzirá. No meio da aflição devemos confiar e permanecer fiéis.

Provavelmente nos relacionamentos deste mundo seremos usados, trocados, mas também usaremos e trocaremos. Seremos mal amados, muitas vezes daremos mais do que receberemos. Outras vezes amaremos mal, mais receberemos do que daremos. Só que nada disto determina de modo final nossa vida, apenas a vontade de Deus. Nossa esperança deve estar em Deus. Só Deus sabe o que fará surgir de nossas trapalhadas, e das trapalhadas que fazem conosco. Nossa esperança é Sua graça! É nela que devemos esperar, é ela que determina nossa vida. Em meio aos sonhos frustrados, LOUVE.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sobre os sonhos, existe uma referencia bíblica, que até sobre os sonhos temos a oportunidade de conduzí-los? se houver outros materiais eu tenho muito interesse, interesse tambem em debater com alguns freudianos da UFAM.

Péricles Costa Dantas

Anônimo disse...

Na convicção de que Deus esta na direção de todas as coisas,me faz crer que mesmo sonhos frustrados são instrumentos para lapidação espiritual, afinal a fé é a certeza das coisas que se esperam,foi assim com Lia se não deu certo. Louvemos foi bom enquanto durou, já dizia o poeta.
Um abraço e que Deus abençõe SEUS SONHOS!!!!
Fátima Regina

Patrícia Santino disse...

"Bem sei que tudo podes, e nenhum dos Teus planos pode ser frustrado" Jó 42:2

Amém!

Unknown disse...

Nossa Almir! Achei muito interessante e profunda sua reflexão,já ouvi até piada sobre o relacionamento e vida de Lia. Mas de tudo vivido por ela, realmente o que importa e compete a nós é ADORAR E LOUVAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E VIVER UM DIA APÓS O OUTRO CONFIANDO QUE DEUS TEM O MELHOR E O AMANHA A ELE PERTENCE E QUE SUA GRAÇA É DERRAMADA SOBRE NÓS A CADA DIA!!
Obrigada amigo pela sua meditação...
"Fui moço e agora sou velho, e nunca vi um justo desamparado"
"Obediência a Deus resulta em bençãos e desobediência resulta em maldição"
Continuarei sonhando e louvando a Deus por cada sonho frustrado ou não!
Abraços de sua amiga
Conceição

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