quarta-feira, 4 de agosto de 2010

UMA FÉ IMPRESSIONANTE


Usamos o adjetivo “impressionante” para expressar uma reação de espanto, que é produzida por algo que nos deixa admirados ou chocados. De modo mais gráfico “impressionante” é o que nos deixa boquiabertos, isto é de boca aberta por ser algo além do normal, que ultrapassa o comum, que nos é estranho, que nos surpreende e/ou abala , por ser inesperado e maravilhoso.

O termo equivalente na linguagem original do Novo Testamento expressa a idéia de ficar atônito ou maravilhado diante de algo surpreendente, prodigioso e/ou estranho. Várias vezes Jesus deixou as pessoas impressionadas ou maravilhadas com suas ações. Mas por duas vezes, o próprio Jesus ficou impressionado com a atitude das pessoas. Uma delas foi pela falta de fé, a outra pela qualidade da fé (Mc 6.6; Lc 7.9). O primeiro caso nós entendemos com mais facilidade, mas do segundo podemos dizer que é de se admirar que Jesus tenha ficado admirado com a fé manifestada por alguém.

O episódio nos é contado em Lucas 7.1-9 e em Mateus 8.4-13. Ele ocorreu em Cafarnaum, cidade importante que se tornara a sede do ministério de Jesus na Galiléia. Ali havia um centurião, isto é um comandante de cem soldados do Império Romano. Seria o equivalente a um capitão em nossas forças armadas, o comandante de uma companhia. Ele se demonstra um homem com várias qualidades impressionantes .

Ele demonstra um amor impressionante. Era um homem que amava os seus semelhantes. Isto é demonstrado no apreço que tem pelo seu escravo. O texto nos diz que ele considerava seu servo como muito precioso, estimado e querido. Não é comum pessoas de posição e autoridade demonstrarem apreço por quem lhe é inferior, ainda mais quando é uma posse que pode ser substituída, como era o caso dos escravos naquela época. Este escravo estava doente, em estado terminal, a beira da morte. Mateus nos conta que sofria de uma paralisia que causava terrível sofrimento.

Ele também possui uma generosidade impressionante. Demonstra consideração pelo povo. Os próprios judeus testemunham que ele amava o povo. Algo também incomum, já que ele pertencia ao povo mais poderoso, que era o dominador dos judeus. Ele vê a sua posição como uma oportunidade para servir o povo, algo tremendamente singular até em nossos dias. Este amor é demonstrado em generosidade, pois havia construído a sinagoga daquela cidade. Mostra assim que tinha respeito pela religião dos judeus, e crença em Deus. Novamente algo de admirar-se, pois sendo romano, poderia ater-se mais aos seus deuses.

Tem uma humildade impressionante . Pois mesmo tendo alta posição, muito respeito e admiráveis qualidades ele se julga indigno diante de Jesus. Ele acreditava em Jesus, pois tendo ouvido de Jesus ele crê que Jesus pode curar seu servo. Vê seu jovem escravo doente como um problema que era dele, e vê que em Jesus está a solução para este problema. Mas seu conceito de Jesus é tão alto, que ele sabe que não tem méritos suficientes nem para falar com Jesus pessoalmente. Ele teme comprometer Jesus, já que era gentio. Por isso pede que os líderes judeus na cidade sirvam de intermediários.

Estes vão até Jesus e pedem com urgência e insistência. Isto enfatiza o respeito que tinham pelo centurião, e como simpatizavam com seu sofrimento pelo servo. Jesus concorda em ir com eles.

Então se manifesta a qualidade mais impressionante e admirável neste homem, sua fé em Jesus. Ele reconhece a autoridade que Jesus tem. Sabe que Jesus é Senhor sobre tudo, inclusive sobre as doenças. Demonstra crer que a Palavra de Jesus tem poder para curar mesmo à distância. Ele diz que, da mesma maneira que tinha autoridade em sua área de atuação, Jesus também tinha autoridade sobre todas as coisas.

Esta fé impressionou Jesus. Pois era a fé de um gentio com muitas qualidades admiráveis, mas que reconhecia que nenhuma era suficiente e adequada para ter méritos diante de Deus. Era a fé de um gentio que via o que os judeus não foram capazes de ver: Jesus era Deus, Senhor com poder onipotente. Não era apenas um curandeiro ou profeta, mas muito mais do que isso. Era a fé de uma autoridade respeitada, mas que tinha um respeito ainda maior pela vontade soberana de Jesus. Podemos dizer que Jesus ficou impressionado no sentido de maravilhado com a fé daquele gentio, mas também chocado porque, dentro de seu próprio povo não havia este tipo de fé.

Nossa fé é do tipo que se aproxima de Jesus ressaltando nossos méritos? Que enxerga nossas qualidades como moeda de troca com Deus? Cremos no poder de Deus, mas também cremos na soberania de Deus? Aceitamos que Ele pode usar este poder no tempo e forma que Ele quiser? Aceitamos a autoridade de Jesus, ou nos sentimos em condições de exigir e dar ordens a Ele?

Jesus também ficaria impressionado com nossa fé? Por ficar maravilhado, ou por ficar decepcionado?

2 comentários:

Bruno Martins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno Martins disse...

Fé, palavra tão comum em nossos dias, mais de significado tão vazio para muitos. A verdadeira fé não exige, espera (Hb 11:1) em nosso Deus, que nos dá uma esperança que não traz confusão (Rm. 5:50).

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