Uma das preocupações mais agudas que os pais têm com os filhos é a da segurança. Tememos pelo que pode acontecer com eles diante da violência que se agiganta em nossos tempos. Conheço pais, que só conseguem dormir quando todos os filhos já têm chagado em casa. Uma mãe me contou que , quando seu filho viaja de moto, ela passa o dia doente. Quando escrevia este artigo recebi um telefone informando que o filho de uma irmã foi baleado. Ah! Se pudéssemos construir um escudo em torno de nossos filhos, para deixá-los totalmente protegidos quando atravessassem as ruas movimentadas, quando se encontrassem com pessoas violentas e mal intencionadas, etc. Só que não temos este poder. Mas há alguém que é um Escudo em torno de seus filhos.
Hoje o escudo é usado pelos policiais, como identificação de alguma marca, ou como emblema de uma equipe esportiva. Mas, antes do uso da pólvora, era uma arma extremamente importante nas guerras. No Antigo Testamento havia dois tipos de escudo: um menor e mais comum, redondo, que era usado pela infantaria ligeira e pelos oficiais, e outro retangular que cobria toda a parte da frente do corpo (Dic. Int. Teol do AT, pg. 279). Nossas versões não foram uniformes na tradução das palavras que descrevem estas armas, os termos “escudo” “pavês” e “broquel” foram usados para expressar a idéia.
Os crentes dos tempos bíblicos usaram o escudo como uma das imagens para indicar a proteção que Deus é para o Seu povo. O próprio Deus falou que era o Escudo contra os perigos da vida. Em Gn 15.1, após Abrão voltar da guerra contra quatro reis, libertando seu sobrinho Ló, Deus se dirige a ele e lhe diz para não temer, pois Ele mesmo era o seu escudo. O termo traduzido como “escudo” tem a mesma raiz do verbo traduzido como “entregar” em 14.20, quando o sacerdote Melquisedeque menciona que o Deus Altíssimo entregou (ou libertou) os inimigos de Abrão. A vitória naquela guerra, com a conseqüente libertação do sobrinho de Abrão, havia sido obra de Deus, que é escudo.
Não sabemos a razão do medo de Abrão. Poderia ser que estivesse sentindo-se ameaçado por retaliações dos quatro reis. Ou ainda, estivesse temendo pelo futuro, já que ainda não tinha filhos, e seu sobrinho continuava distante, em Sodoma. Independente da razão de seu medo, Deus lhe tranqüiliza. Deus garante que é o seu escudo, aquele que estaria lhe protegendo tanto dos perigos presentes, quanto da ameaça futura de terminar a vida sozinho, sem deixar descendência. Em nossos momentos de apreensão, vamos lembrar que o próprio Deus se coloca como nosso escudo, como Aquele que nos defende dos perigos da vida.
Isto deve ser motivo de felicidade para nós. Foi assim que Moisés abençoou o povo de Israel, fazendo-o lembrar que tinha o Senhor como o escudo para lhe ajudar e socorrer (Dt 33.29). Mas quando este povo escolheu outros deuses para servir, ficou desprotegido, ficou sem escudo (Jz 5.8). Os escudos que os homens produzem, por mais valiosos que sejam, podem ser levados embora, e servir ao inimigo (1 Rs 10.17; 14.26), mas quando Deus é o defensor, o escudo do homem não prevalece (2 Rs 19.32; Sl 76.3), pois Ele é o Dono dos escudos da terra (Sl 47.9)
Davi, um hábil guerreiro, fez questão de proclamar que Deus era o seu escudo (2 Sm 22.3; Sl 18.2,30,35; 28.7; 144.2). Em momentos de intensa aflição, Davi cantava que Deus era o seu escudo: quando teve que fugir por estar sendo perseguido por seu filho (Sl 3.3), quando difamado, nesta mesma fuga (Sl 7.10); quando sua casa foi cercada a mando de Saul, visando matá-lo (Sl 59.11). Em meio a estas enormes ameaças, Davi sabia, dependia da proteção de Deus, que era o seu escudo.
Já que Deus se manifesta como nosso escudo, nós devemos buscar refúgio Nele (2 Sm 22.31), reconhecendo que nossa salvação depende Dele ( 2 Sm 22.36). Devemos esperar Nele (Sl 115.9,10,11), clamando por Ele em nossas aflições (Sl 35.2), e buscando a orientação da Sua Palavra (Sl 119.114), pois nela está a sabedoria que é o nosso escudo (Pv 2.7), e ela é verdade que nos protege (Sl 91.4).
O fato de Deus ser nosso escudo não garante que não passaremos por momentos difíceis, tanto Abraão, como Davi, enfrentaram lutas e dificuldades. Mas o que eles tinham de mais precioso lhe foi protegido e preservado: a vida com Deus. Além dos perigos visíveis, precisamos do escudo da fé contra as ameaças invisíveis, os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16). Este é o maior perigo que enfrentamos, a perda da fé. O abandonar a vida com Deus. Precisamos tomar em nossos braços, e mantermos firmes diante de nós a nossa fé, pois é ela quem apaga as flechas com fogo que o inimigo lança sobre nós.
Não temamos, Deus é nosso escudo!
Um comentário:
Olá pastor,
Certamente essa verdade é um grande lembrete a todos nós. Parabéns pelo texto edificante. Que o Senhor continue lhe usando.
Feliz natal
Marcos Perin
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