Este mundo não
é um lugar seguro. Na verdade, está longe disso.
Nós é que nos
enganamos quando pensamos o contrário e buscamos segurança nele. Algumas vezes
confiamos em nossos recursos ou na ajuda de outros, mas, mais cedo ou mais
tarde, quando a tragédia nos encontra, descobrimos nosso engano e percebemos
que estamos profundamente vulneráveis.
Então sentimos o
desejo de encontrar um lugar de segurança, um local onde haja consolo, um colo
onde chorar, um esconderijo que nos abrigue. Nossos sentimentos tornam-se
parecidos com o de alguém que, desamparado e atacado na rua, volta para casa buscando
proteção ou de alguém que busca um abraço que traga conforto.
Mas será que
existe esse lugar?
A resposta da
Bíblia é sim. Há um lugar de refúgio
seguro quando enfrentamos as perturbações dessa vida. Esse lugar é uma pessoa,
esse lugar é o Senhor Deus.
Podemos
traduzir de uma forma ampliada, o clamor do salmo 71.3, assim:
“SENHOR,
torna-te para mim uma rocha protetora e habitável, s
empre acessível,
para onde
eu possa ir continuamente”.
Quando
lemos o salmo inteiro percebemos que foi escrito por alguém já idoso, que
diante de uma situação de desafio e pressão volta-se para Deus, clamando,
lembrando e agradecendo, pois não quer desanimar e perder a corrida, agora que
já avista o marco da chegada. Ainda deseja testemunhar da salvação graciosa de
Deus, por isso o salmo está cheio de gratidão e esperança, mesmo numa situação
de aflição.
O autor, além de lidar com as
provações próprias da velhice, também está passando por problemas excepcionais.
Enfrenta a hostilidade na forma de desamparo, calúnia e perseguição. Inimigos,
aproveitando-se de sua situação fraca e vulnerável, querem levá-lo ao fracasso
e vergonha.
Mas ele sabe
que há um lugar de socorro, por isso pede que Deus se torne um rochedo, isto é,
lugar alto e seguro, onde o perigo não o alcance, onde possa habitar e que
tenha acesso a todo instante. Ele quer uma rocha, mas uma rocha hospitaleira,
que o possa abrigar sempre que for necessário. Clama que Deus se torne uma casa
com muros altos e fortes, mas com as portas sempre abertas para ele.
É comum as
palavras não fluírem quando estamos em situações angustiosas. Muitas vezes só
conseguimos produzir choros e gemidos. Talvez, por isso, no início, o autor recorre
e repete as palavras do salmo 31, escrito
por Davi, que também pedia que Deus se tornasse um lugar seguro para ele, uma
proteção diante das armadilhas que seus adversários tinham preparado (31.1-4). Davi
clamou numa situação de desespero, tristeza e desânimo. A angústia o consumia e
esgotava suas forças, a ponto de perder o apetite. Era perseguido pelos
inimigos, evitado e esquecido pelos amigos (31.9-13). Era vítima de intrigas e
acusações, por isso sentia-se alarmado (31.22). Então clamou a Deus, pedindo
que Ele se tornasse sua casa acolhedora (31.2).
Ambos usam a
imagem de uma rocha para descrever o que esperam de Deus. A rocha era um lugar
seguro, alto e inacessível ao perigo. Num conjunto de rochedos se encontraria
grutas e fendas que serviam de abrigo diante dos ataques das armas usadas
naquela época. Em várias ocasiões pessoas em perigo buscaram refúgios em
montanhas rochosas e penhascos. Os soldados de Saul esconderam-se neles diante
da ameaça dos filisteus (1 Sm 13.6). O próprio Davi protegeu-se de Saul numa
rocha (1 Sm 23.25). Algumas eram tão
amplas que chegaram a proteger 600 homens (Jz 20.47). Elas ainda providenciavam sombra contra o
calor do deserto e um chão firme em contraste com a terra que poderia fazer os
pés escorregarem (Is 32.2; Sl 40.2). Por isso, o termo era usado para expressar
a ideia de proteção contra as instabilidades e ameaças da vida.
Utilizam também
termos que expressam a ideia de uma fortaleza, um local construído para
proteção diante do ataque dos exércitos inimigos.
A terceira
imagem é de uma casa, onde normalmente, encontra-se abrigo contra o frio, o
calor, o escuro e as ameaças de fora. No salmo 91.9 encontramos as duas ideias
em paralelo, refúgio e morada, aplicadas à Deus, que serve de abrigo e proteção
aos desamparados e desprotegidos. "Pois
disseste:
O
SENHOR é o meu refúgio.
Fizeste
do Altíssimo a tua morada."
Sabemos por
experiência que a vida neste mundo é insegura, que enfrentamos momentos de
tempestade e turbulência em nossa passagem por aqui. Que algumas vezes a
tragédia poderá se abater sobre nós. Mas também sabemos com certeza, que nessas
ocasiões, poderemos clamar a Deus e contar com Ele para ser nossa casa
acolhedora e protetora, com as portas sempre abertas, para nos receber e
abrigar.
Pois, o SENHOR
é a morada segura, para onde podemos correr quando nos deparamos com os perigos
dessa vida.
Um comentário:
É assim que me sinto nos braços de meu Deus! Único lugar seguro! Adorei a leitura!
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