sexta-feira, 28 de março de 2008

Alegria

Ele era um expatriado. Longe, num lugar onde predominava a mentira e a guerra. Clamava por paz, mas seus vizinhos só pensavam na guerra. Vivia no meio de línguas mentirosas. Dentro destas aflições clamou, e Deus o atendeu (Sl 120).
Foi convidado para adorar em Jerusalém. O caminho era cheio de perigos. Os montes poderiam esconder quadrilhas de assaltantes que atacavam, molestavam e roubavam as caravanas de peregrinos. Nas estradas pedregosas e sinuosas, corria o risco de tropeçar e assim não chegar ao seu destino. Arriscava-se ser ferido pelo sol escaldante do dia, e ficar desorientado pelo aluamento norturno. Mas ele sabia que tinha um guarda poderoso, vigilante, que o guardariam do mal até chegar em Jerusalém. O guarda de Israel, Senhor Criador dos céus e da terra (Sl 121). Por isso aceitou o convite. Peregrinou até Jerusalém.
Qual sentimento lhe dominou nesta caminhada? O Salmo 122.1 responde a esta pergunta: Alegrei-me quando me disseram vamos à casa do Senhor. O peregrino ia para Jerusalém cheio de alegria. O chamado para adorar, ou a lembrança de que era tempo de adorar, produziu nele uma grande alegria.
Como era esta alegria? O verbo “alegrar” denota um estado de pleno contentamento. Alegria que afeta o coração, a alma, e faz brilhar os olhos. Foi como Arão ficou quando se encontrou com Moisés (Ex 4.14). Alegria que diz: Oba! Que bom! Era como se o peregrino dissesse: Pulei de alegria quando fui chamado para ir para a casa do SENHOR! Esta alegria enche a pessoa de forças (Pv 15.30; Ne 8.10). Ela é um dom de Deus e se manifesta de modo bem visível (Ne 12.43).
O ir à casa de Deus era a oportunidade de lembrar e agradecer por tudo que Deus dera, e por tudo que Deus era. O culto era para ser uma ocasião alegre, mas sem descambar para as orgias, ou manifestações pecaminosas, como era comum nas religiões das nações em torno de Israel. A alegria deveria refletir o conceito de Deus.
Por que deveria adorar com alegria? As festas instituídas pelo Senhor deveriam ser celebradas com alegria (Dt 12.7; 14.26; 16.1; 26.11; 27.7). Não adorar com alegria traria juízo (Dt 28.45-47). Na casa de Deus o louvor era conduzido com instrumentos para manifestar alegria (1 Cr 15.16). Todo israelita havia aprendido que a alegria deveria ser manifestada diante do Senhor, pois Ele e suas obras eram a razão maior e primeira de toda alegria. Diante de Deus há fartura de alegria (Sl 16.11). No templo ele iria ouvir a Palavra de Deus, e ela produz alegria (Sl 19.8; 119.14,162; Jr 15.16); teria a oportunidade de contribuir para a casa de Deus com suas ofertas de animais e alimentos, e isto deveria ser feito com alegria(1 Cr 29.9; 2 Cr 24.10). Esta manifestação de alegria era uma antecipação do tempo da salvação (Is 35.10).
Nós também somos peregrinos que devem adorar a Deus com alegria. Além de nossas devoções particulares (e Davi era exemplo nisto), devemos praticar a adoração comunitária. Deus tem ordenado o estímulo mútuo quanto a isto (Hb 10.25).
O fiel a Deus tem motivos de sobra para se reunir e adorar com alegria: o avanço do evangelho (Rm 15.10) ; irmãos que andam na verdade (3 Jo 4); o crescimento da igreja (At 15.3); o contribuir para a obra de Deus (At 20.35; 2 Co 9.7); a vitória dos filhos de Deus sobre o mal (Ap 12.12); a vitória final de Deus (Ap 18.20). Mesmo diante do sofrimento, aquele que ama a Deus se alegra porque sabe que sua salvação é maior do que o sofrimento. Quando o sofrimento presente faz desaparecer nossa alegria, é porque valorizamos mais este mundo do que a salvação. Indicamos que a salvação não é tão preciosa assim. O crente sabe que sua alegria parcial de hoje será completada na glória.
Temos muitos motivos para dizer: Alegrei-me quando me disseram vamos à casa do Senhor.

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