segunda-feira, 15 de outubro de 2007

LIVRA-ME DA MENTIRA !

      Vivemos rodeados de mentiras. É impossível passar um dia sem se que nos deparemos  com palavras ou ações mentirosas tanto de nossa parte, como da dos outros. São
- mentiras da publicidade que afirmam saber o que preciso e desejo;
- mentiras que oferecem a alegria rápida através da diversão barata;
- mentiras dos homens públicos que prometem resolver os problemas comunitários, mas o que querem é resolver os problemas deles;
- mentiras de conselheiros que afirmam ser preciso dar vazão aos desejos egoístas para se adquirir  a felicidade;

- mentiras dos que oferecem uma fórmula fácil para o sucesso, que funciona apenas para os que vendem a tal fórmula;
- mentiras das religiões, que em nome de Deus oferecem conselhos que curam apenas supercialmente os problemas das pessoas;
- mentiras dos pastores que para manter suas igrejas cheias dão um jeito nos mandamentos de Deus, e seguem as modas religiosas do mundo;
- mentiras dos moralistas que acreditam que somente com esforço próprio podemos nos livrar dos  vícios, pois o homem é senhor de seu destino e capitão de sua alma;
- mentiras dos libertinos que ensinam que podemos desobedecer a Deus, porque no final tudo vai dar certo;
- mentiras  que afirmam que a razão dos meus problemas está nos outros e não em mim e que se eles mudassem minha vida seria mais feliz;
- mentiras de que se o mundo fosse do meu jeito a minha vida seria melhor;
- mentiras de que nós podemos salvar a nós mesmos.

Mentiras e mais mentiras. Neste mundo rodeado de mentiras o peregrino clama: “SENHOR, livra-me dos lábios mentirosos, da língua enganadora.” (Sl 120.2). A maior guerra no mundo está na nossa mente e é entre a mentira e a verdade. 
Quais formas a mentira assume? Enquanto a verdade nunca muda, pois no dia que mudar deixa de ser verdade, a mentira é mutante e assume várias formas. 
Mentir é falar ou agir em desacordo com a verdade e a realidade. A mentira se manifesta de várias formas: 
- quebrar uma promessa; 
- ser infiel a um acordo; 
 - agir sem uma base (como odiar alguém sem causa, Sl 38.19); 
 - usar de falsidade no comércio (Am 8.5); 
 - não recompensar com o resultado adequado (como Nabal fez com Davi, 1 Sm 25.21); 
 - falar o que de fato não ocorreu (Ex 20.16; Dt 19.18); 
 - gabar-se contando vantagens (Pv 25.14); 
- cobrir a verdade com uma pintura que a distorce (Jó 13.4);
 - passar-se pelo que de fato não é (como ídolos que se passam como auxiliadores, mas não podem socorrer Jr 10.14,15); 
 - despertar esperanças que não serão cumpridas (Hc 2.18); 
 - confiar em algo que não têm condições de honrar a confiança (Sl 33.17); 
 - falar em nome do Senhor, quando o Senhor não falou (sonhos e profecias, mentirosos, Jr 23.25,32); 
 - encobrir os verdadeiros sentimentos com palavras falsas (Pv 10.18); 
 - afirmar que não tem pecado (1 Jo 1.10); 
 - dizer que conhece os mandamentos de Deus, mas não guardar (1 Jo 2.4); 
 - dizer que ama a Deus, mas odiar o irmão (1 Jo 4.20); 
 - arrepender-se com fingimento (Jr 3.10); 
- negar as doutrinas bíblicas (1 Jo 2.22). 
 Tudo isto é manifestação da mentira. 
Como acontece a mentira? Ela começou com o pai da mentira, o Diabo (Jo 8.44). A mentira é algo que pertence a ele, que lhe é próprio, ele mente desde o princípio. Ele é o enganador de todo mundo (Ap 12.9). Ele usa vários meios para espalhar a mentira: os seus filhos que desvirtuam a verdade de Deus (At 13.10); a sedução do mundo (Ef. 2.2). Mas o modo mais comum é atrair usando nossos próprios desejos: 
 - a ganância e o de ganhar dinheiro fácil (Jr 8.10); 
 - o de impressionar (Pv 25.14); 
 - o de conseguir escape diante de situações complicadas, sem enfrentar as dificuldades (Is 28.15); 
 - o de enganar as pessoas (Pv 10.18); 
- e todos os outros desejos ilícitos. 
A mentira nasce no coração, onde é concebida em segredo (Is 59.13); depois é declarada. Com o passar do tempo incorpora-se ao caráter da pessoa, de modo que ela não consegue falar sem mentir, sua língua e seus lábios são caracterizados como mentirosos (Pv 12.22;26.28); torna-se um seguidor do espírito da mentira (Mq 2.11), toda sua vida passa a ser orientada pela mentira (Pv 17.4), e ela mesma é iludida por sua própria mentira (Is 44.20). 
Quais os resultados da mentira? A mentira pode até ser agradável e funcionar no início, mas depois será como pedras nos dentes (Pv 20.17). Mentir é pecar contra Deus (Is 59.13), Ele odeia a mentira (Pv 6.16-19; 12.22), e não a permitirá em Sua presença (Sl 101.7), logo ela será desmascarada (Pv 12.19) e punida (Pv 19.5,9). Os benefícios conseguidos com mentiras são ventos passageiros, que não trazem nada de utilidade permanente e ainda nos arrastam para a destruição (Pv 21.6; 25.14). O destino final dos mentirosos será o lago de fogo (Ap 21.18). 
Como posso me defender da mentira? Clamar a Deus, como o salmista (120.3; 144.11) e conhecer e apoiar-se na verdade da Palavra de Deus (Sl 119.69,86,128). Neste mundo cheio de mentiras somos chamados para seguir a verdade e a viver a verdade (Ef 4.15). Por isso, clamemos a Deus que nos livre da mentira!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

ANGÚSTIA


“Angústia” é o título da pintura cuja fotografia aparece ao lado. É obra de  David Alfaro Siqueiros e se encontra no Museu de Arte de São Paulo. Contemplando-a,  percebemos de imediato que o autor expressou com precisão  a terrível sensação da angústia.  Há expressões que refletem este mesmo sentimento, por exemplo:  “Passei um sufoco” ou “passei por um aperto”. Davi poderia usar estas expressões, pois ele passou por uma situação adversa e muito problemática que gerou uma grande angústia! Em 1 Sm 30.6 é dito que ele muito se angustiou.
 No Antigo Testamento a palavra “angústia”  tem o sentido literal de “estreito” ou  “apertado”. Ela indicava um caminho muito apertado (Nm 22.26). De modo figurado,   algumas vezes ela é traduzida como “tribulação” e “aflição”.  Quem passou por situações angustiantes pode concordar que a comparação com um caminho estreito serve bem para ilustrar uma situação de aflição.  
A angústia pode chegar a nós por diferentes caminhos, mas todos serão estreitos, apertados e podem nos deixar sufocados.  Pode ser uma aflição interna que perturba nosso coração (Sl 25.17); uma dor como a da mulher na hora de dar à luz ao primeiro filho (Jr 4.31); um lugar onde só se vê aflição (Is 8.22); um medo ou ansiedade que vem diante de um futuro ameaçador (Gn 32.7); um tempo em que nada dá certo (Jz 2.15); a opressão de inimigos (Jz 10.9); a sensação de que Deus não nos responde (1 Sm 28.15),  e assim por diante.
No caso de Davi era uma situação de terrível frustração e desespero, pois quando ele e seus soldados voltaram da guerra encontraram sua cidade totalmente queimada. As esposas, filhos e filhas tinham sido levados como prisioneiros por invasores. A situação era tão aflitiva que aqueles fortes soldados choraram até não ter mais forças nem para continuar chorando (1 Sm 30.1-4).
As causas da angústia são variadas. Pode ser o resultado de nossas escolhas erradas, como nossos pecados (Sl 78.49; Sf 1.17) e paixões ilícitas (2 Sm 13.2). Mas ela também pode nos acometer quando estamos agindo corretamente, na forma da morte de alguém querido (2 Sm 1.26) ou de perseguição pelos inimigos (Jr 6.24). A angústia de Davi não foi por causa de alguma ação errada sua, mas foi causada pela reação imatura de seus amigos.
Era uma angústia grande, porque além de ter perdido tudo, ainda havia a ameaça de perder a vida: pois o povo falava de apedrejá-lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa de seus filhos e de suas filhas (1 Sm 30.6). Ele estava sendo acusado injustamente. Aqueles homens eram seus amigos, estiveram com ele durante muitos anos e passaram por situações muito difíceis. Mas agora estavam tão amargurados que haviam esquecido tudo que Davi fizera de bom para eles e queriam matá-lo a pedradas. A incompreensão e acusação de amigos, que em momentos difíceis deveriam ser companheiros (Pv 17.17), podem nos trazer grande angústia. Creio que a decepção causada pelos amigos que não o ajudaram na angústia intensificou o sofrimento de Davi.
O que a angústia pode causar? Doença, como no caso de Amnon (2 Sm 13.2); um choro que acaba com nossas forças, e nos leva ao desânimo, à amargura e à revolta como no caso dos soldados de Davi (1 Sm 30.1-4); um coração ainda mais endurecido diante de Deus, como o rei Acaz (2 Cr 28.22); um desespero, que pode nos levar a agir contra o que achamos certo, e passar a buscar Deus por meios não aprovados por Ele, como o rei Saul (1 Sm 28.15).
O que Deus quer de nós em nossas angústias? Às vezes Ele quer nos corrigir e nos levar ao arrependimento (Dt 4.30), outras vezes Ele quer que conheçamos Seu poder e  que dependamos Dele. Pois Ele é a força no dia da angústia (Sl 37.39). Foi isto que Davi fez: porém Davi se tornou forte no SENHOR, seu Deus (1 Sm 30.16). Davi sabia que desistir no dia da angústia é para quem tem pouca força (Pv 24.10), mas a sua força era grande, pois vinha de Deus.
O que fazer em momentos de angústia? Clamar a Deus. Foi isto que fizeram algumas pessoas quando angustiadas: o rei Manassés, que se arrependeu e se humilhou diante de Deus (2 Cr 33.12); Jacó e os salmistas, que buscaram a Deus em oração (Gn 35.3; Sl 77.2; 86.7; 120.1; 142.2); Jó, que desabafou suas queixas diante de Deus (Jó 7.11). E o próprio Davi que buscou saber a vontade do Senhor (1 Sm 30.7,8).
       Nosso Deus nos responde no dia da angústia (Sl 20.2).  Quando clamamos, Ele nos socorre e é glorificado (Sl 50.15). Nosso Deus é refúgio seguro em todas as nossas aflições (Is 25.4). Ele é socorro abundante nos momentos de tribulação (Sl 46.1). Nosso Deus sente também as angústias de Seu povo, e por amor e compaixão nos ajuda em nossas angústias (Is 63.9).
       Caso você esteja angustiado, em alguma situação difícil, talvez até querendo desistir. Busque forças em Deus. Sugiro que leia este artigo novamente, com calma, relendo em sua Bíblia todas as referências aqui citadas e meditando nelas. Então, coloque sua angústia diante de Deus, aguarde o socorro Dele, depois, dê testemunho de como Ele te ouviu no dia da tua angústia. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

FORMADO E CONFORMADO. DEFORMADO OU TRANSFORMADO?

Todos nós temos uma escolha que ninguém, a não ser Deus, pode tirar de nós: a de decidir em que pensar. Você é capaz de dirigir sua atenção e mantê-la no que você quiser, e também é livre para aceitar ou rejeitar as ideias que quiser. Concentrar-se é uma escolha sua.
Esta liberdade é poderosa, pois ela faz de você o que você pensa. O que colocamos em nossa mente determina o que somos. Nossos sentimentos são governados por nossos pensamentos e não o inverso. Concordo com o escritor disse A mente é a janela do coração,  pois por ela entram as informações que formam nossa vida (Pipper, Ao encontro de Deus, 174).

Todos nós fomos inicialmente formados por Deus (Salmo 139.13). Ao entramos no mundo recebemos muitas informações. Nossa tendência é nos conformamos a elas, deixarmos nos amoldar aos padrões e paixões deste mundo. E assim ficamos deformados. Tanto Paulo como Pedro nos advertiram a não nos deixarmos modelar  pelos padrões deste mundo.
"E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12.2)
"Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância." (1 Pedro 1.14).
Literalmente eles nos advertiram a não nos conformarmos aos esquemas do mundo, e não nos submetermos à forma  das paixões dos tempos da falta de conhecimento.
Ao invés disto devemos ser transformados, literalmente "metamorfoseados", isto é, sujeitarmo-nos a uma mudança de forma. Assumir uma forma que reflita a glória de Cristo (2 Coríntios 3.18), tal como Jesus no monte da transfiguração, quando os discípulos puderam vê-Lo em glória (Mateus 17.2).
Como ocorre esta transformação? Pela renovação da mente, isto significa "tornar a mente nova" e "diferente". É esta renovação do espírito e da mente que nos faz ser o novo homem que Deus quer que sejamos (Efésios 4.23).
Em termos de caráter, cada um de nós é o que escolheu ser. Cada vez que permitimos uma ideia ficar em nossa mente, esta ideia nos formou no que somos. Nem sempre esta escolha foi consciente, mas sempre foi uma escolha. Algumas vezes  ativamente optamos por ficar com determinado pensamento, outras vezes passivamente deixamo-nos levar pelas ideias dos outros, mas sempre fomos nós os responsáveis pelas escolhas que fizemos, e isto nos (de) formou no que somos.
Pela graça de Deus, podemos agora ser (trans) formados no que Deus quer que sejamos. Para isto devemos resolutamente assumir o compromisso de concentrar nossa mente na Palavra de Deus.

Resolva que você será resoluto a respeito do que a sua mente considera. Ela se deterá em algo e se transformará naquilo em que se deter. (Pipper, Ao Encontro de Deus, 175)

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Peregrino é alguém do qual o mundo não é digno.

A postagem O mundo é digno de você, do Pr Mauro Clark em seu blog, me chamou atenção para a identidade de um peregrino: é alguém que vaga pelo mundo, e do qual o mundo não é digno. Queremos achar nosso valor e dignidade na aceitação por parte do mundo. Mas a Bíblia nos ensina que aqueles que seguem a Jesus não serão valorizados neste mundo, não por não serem dignos de valor, mas porque o mundo não é digno deles.

PARCERIA NA ORAÇÃO

Parceria é uma necessidade do ser humano desde sua criação. As parcerias são muito úteis para vencermos nossas dificuldades. Isto é reconhecido pelos diversos grupos sociais. Governos, empresários, escolas, famílias, igrejas, todos buscam parceiros para vencer os desafios que se apresentam. Quanto mais difícil for o desafio, maior será a necessidade de parceiros. Manter uma vida de oração é um verdadeiro desafio. Um grande homem de Deus precisou de parceiros que o ajudassem a perseverar durante todo um dia em oração. Êxodo 17.8-13.
    Na batalha contra os amalequitas, a vitória de Israel dependia da intercessão de Moisés. A oração não é uma tarefa passiva, é também uma luta, e muitas vezes as pessoas cansam de orar. Era o que acontecia com Moisés. Como ele resolveu este problema? Ele não subiu ao monte só. Levou consigo seu irmão Arão e outro líder chamado Hur (Ex. 24.14). Estes dois homens foram os parceiros de Moisés na intercessão pelo povo. As mãos de Moisés pesaram, eles providenciaram uma pedra para Moisés ficar sentado, e depois cada um agarrou uma das mãos de Moisés, e segurou firme. E assim as mãos de Moisés ficaram firmes (literalmente fiéis, com fé) até o por do sol. E Josué derrotou o exército dos amalequitas. 
    Além do exemplo de Moisés temos o incentivo do Senhor Jesus Cristo em Mateus 18.19, “Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.” E o próprio Jesus, na sua ora de maior agonia, quis que alguns de seus discípulos orassem com Ele (Mateus 26.38.)
    Precisamos de oração, mas também precisamos de pessoas que nos ajudem a ficar em oração quando a luta demora mais do que podemos suportar sozinhos. Precisamos de parceiros na oração. O papel do parceiro é nos incentivar a não desistirmos de orar. Ele poderá funcionar como  um fiscal, perguntando-nos como vai nossa vida de oração. Nesta cobrança ele estará nos ajudando a manter as mãos levantadas.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

PEREGRINOS E FORASTEIROS – Parte 2


Naturalização é o processo pelo qual um estrangeiro adquire os direitos atribuídos aos naturais dum país, é uma mudança de nacionalidade. É possível alguém fazer isto e ainda manter a sua nacionalidade de origem. É o que fazem os filhos de imigrantes, quando requerem a nacionalidade da pátria de seus pais, contudo sem perderem a sua. Os cristãos também são pessoas que mudaram de cidadania, mas não puderam manter as duas nacionalidades, pois tiveram que renunciar a uma para conservar a outra.
Os termos que o Novo Testamento usa para referir-se a peregrinos e forasteiros indicam pessoas que habitam em terra estrangeira, terra que não é a sua de origem (At 7.6,29). Poderiam morar por pouco tempo (Lc 24.18), ou tornarem-se residentes naquela terra (At 2.10;17.21), mas sempre seriam considerados estrangeiros.  Estes mesmos termos são aplicados aos cristãos, indicando que são peregrinos e estrangeiros neste mundo, e também que não são mais peregrinos e estrangeiros quanto ao povo de Deus.
O cristão é um peregrino e forasteiro neste mundo porque foi naturalizado como cidadão celestial (Ef 2.11-19).  Houve uma época em que os cristãos não tinham a naturalidade celestial, eram estrangeiros em relação ao povo Deus. Sendo estranhos e inimigos de Deus e Seu reino (Ef 2.11,12; 1 Pd 2.10). Mas a misericórdia de Deus tornou estes cidadãos mundanos, em peregrinos eleitos para a cidadania celestial (1 Pd 1.1). Isto se deu por causa e através da morte de Cristo. Esta obra fez a paz, e trouxe aqueles estrangeiros para o reino de Deus, concedendo-lhes a cidadania celestial, e a capacidade de serem da família de Deus. Em relação ao Reino de Deus, os cristãos não são mais peregrinos e estrangeiros (Ef 2.19; 1 Pd 2.9).
Mas o cristão é um peregrino e forasteiro em relação a este mundo e deve manifestar esta situação com um estilo de vida de fé perseverante.  Este padrão nos foi dado pelos heróis da fé (Hb 11.9). Eles aceitaram a proposta de Deus para suas vidas, passaram a viver por fé. Por isso tornaram-se peregrinos, morando em tendas, que é uma habitação sem alicerces, própria para quem não pretende permanecer muito tempo em um lugar. Eles não fincaram raízes neste mundo, não se sentiram em casa nesta terra. Embora fosse a terra da promessa, eles a encararam como uma terra estrangeira. Não se encantaram com ela. Suas esperanças estavam em uma cidade que tem alicerces, uma cidade segura para fincar raízes. Eles esperavam a cidade da qual o projetista e construtor é o próprio Deus.
O cristão deve concentrar seus olhos e desejos na terra paterna.  Os patriarcas agiram assim (Hb 11.10-16). Abraçaram pela fé as promessas desta pátria celestial, esperaram e saudaram com ansiedade a chegada do navio que iria lhes conduzir para o seu verdadeiro lar. Com este modo de vida confessaram que eram peregrinos neste mundo. Estavam tão concentrados em sua futura pátria que aspiravam fervorosamente por ela. Não sentiam vontade de voltar para a anterior, de fato nem se lembravam da terra de onde saíram.  Desejavam uma pátria superior, preparada por Deus.
Ouvi, há algum tempo, notícias de brasileiros que viajaram para outros países e lá foram maltratados. Por vezes estes brasileiros viajaram sem a autorização necessária por parte dos governantes dos países para onde iam, outras vezes, ao que parecia, tudo estava bem, e mesmo assim não foram bem recebidos. Esta situação ilustra a vida dos cristãos neste mundo. Eles são peregrinos e forasteiros neste mundo, e por isto nem sempre serão bem tratados (1 Pd 4.3,4).  Os homens deste mundo são caracterizados por desejos pecaminosos, que os cristãos já haviam tido e realizado. Mas experimentaram a mudança que Deus operou em suas vidas. Como não navegam mais neste rio de devassidão, os descrentes os olham como se fossem estrangeiros, ou pessoas estranhas. E por isso passam a difamar e blasfemar.
Os cristãos são peregrinos dispersos neste mundo, todavia eleitos para uma vida de obediência e santidade (1 Pd 1.1). Devem se tornar exemplos para os gentios deste mundo. Por isso devem andar longe destes desejos pecaminosos, que fazem guerra contra nossa alma (1 Pd 2.11,12). Devemos lembrar que chamamos por Pai alguém que julga sem fazer acepção de pessoas, e por isso devemos ter um comportamento cheio de respeito e reverência durante nosso tempo de peregrinos neste mundo (1 Pd 1.17).
Você será sempre um peregrino e forasteiro. Ou será um peregrino e forasteiro para o Reino de Deus, sendo um cidadão deste mundo. Ou será um peregrino e forasteiro para este mundo, por ter se tornado um cidadão do reino celestial. Sendo um cidadão do reino de Deus, você deve ter uma fé perseverante, e uma vida que rejeita os desejos pecaminosos deste mundo, andando em santidade e obediência a Deus.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A ORAÇÃO E NÃO A AÇÃO, FOI A CAUSA DA VITÓRIA

          As nossas vitórias dependem muito mais de nossas orações do que de nossas ações.
        Apesar disso, é comum termos grandes dificuldades em nos dedicarmos à oração. Como escreveu o autor do livro "Ocupado demais para deixar de orar", a auto confiança e a auto suficiência desde que nascemos  são inculcadas em nós como virtudes e podem ser apontadas como algumas das razões para nossa resistência à oração. A oração vai contra estes valores que estão arraigados em nós.  A oração "É um atentado à autonomia humana, uma ofensa à independência do viver. Para as pessoas que vivem apressadas, determinadas a vencer por si mesmas, orar é uma interrupção desagradável" (Bill Hybels).
         No entanto,  é a oração e não nossa ação que conquista as vitórias permanentes em nossa vida. Esta verdade é exemplificada em Êxodo 17.8-13, que narra a ocasião quando Israel enfrentou sua primeira guerra depois que saiu do Egito.
          Moisés ordenou que Josué escolhesse alguns homens e fosse guerrear contra os amalequitas. É interessante que Moisés não foi para a guerra, ele mandou Josué. O que ele estaria fazendo enquanto Josué liderava a guerra? Ele disse que estaria de pé, firme, no cume do monte. Esta expressão também era usada para indicar alguém que se apresentava diante de uma autoridade (Ex. 34.2).
          Moisés  se apresentaria diante de quem? Ele  afirmou que estaria com o bordão de Deus em sua mão, o cajado que usara como pastor guiando o rebanho de seu sogro e que depois Deus escolhera como instrumento para operar os sinais no Egito (Ex. 4.17).
          Josué havia visto todos os sinais maravilhosos que Deus realizara no Egito quando Moisés, a mando de Deus, usava aquele bordão. Presenciara o momento quando o cajado foi levantado diante do mar Vermelho e este se abriu. Vira como água saiu da pedra, ali mesmo em Refidim, quando Moisés, obedecendo a Deus, feriu a rocha com o mesmo bordão. Portanto, Josué entendeu que Moisés estaria cumprindo uma função tremendamente importante para a vitória dos israelitas. Levantando o instrumento símbolo do poder e ação de Deus para libertar e sustentar Seu povo, Moisés estaria intercedendo diante de Deus pela vitória dos israelitas.
          A vitória não dependia dos recursos de Josué no campo de batalha, mas da atitude de Moisés no cume do monte. O verso 11 diz que quando Moisés erguia suas mãos o povo de Israel prevalecia (literalmente tinha força e era poderoso), mas quando Moisés abaixava a mão para descansar, os amalequitas é que ficavam fortes. Não havia mudança no número de soldados ou de armas envolvidos na guerra. Não era uma questão dos guerreiros terem mais ou menos vontade de guerrear. A vitória dependia de Moisés manter o bordão levantado.
          Alguém que observasse a guerra à distância poderia pensar que Moisés não estava fazendo nada de produtivo, apenas assistindo passivamente seu povo guerrear. Se fosse alguém com nossa mentalidade, iria até sugerir que Moisés teria mais utilidade se descesse do monte e participasse da guerra. É esta a vontade que sentimos nas crises: partir logo para a ação, fazer alguma coisa, tomar algumas providências, empreender alguns planos e outras atitudes que nos deixem ocupados. O que não suportamos é ficar parados enquanto a crise de desenrola diante de nossos olhos.
          Entendemos que este ato de Moises não era magia, mas sim uma demonstração pública de que ele e o povo dependiam de Deus para vencer aquela guerra. Levantar as mãos com o bordão era como dizer: “Deus, dependemos de Teu poder, estamos em tuas mãos”, pois tradicionalmente esta atitude de levantar as mãos é entendida como oração.
          Nas batalhas da vida precisamos agir com as armas que Deus nos tem dado naturalmente, mas acima de tudo, precisamos reconhecer que dependemos de Deus, clamar a Ele e pedir que, enquanto resolvemos os problemas, outros estejam intercedendo por nós em oração.
          É verdade que temos que empreender algumas ações e participar da guerra, mas a vitória depende da oração e não de nossa ação. Quanto mais tempo estivermos na presença de Deus, clamando a Ele, mais tempo estaremos com a vitória em nossas mãos.

O DESCONTENTAMENTO IMPEDE O DESFRUTAR DAS BÊNÇÃOS

Um constante descontentamento que se manifestava em murmuração caracterizava o povo de Israel no deserto.  Essa insatisfação reclamava contr...