terça-feira, 11 de setembro de 2007

PEREGRINOS E FORASTEIROS - 1ª Parte



Ser um estrangeiro tem certo charme e aventura. Estar num país estranho desperta nossa atenção. O novo e o diferente criam um senso de expectativa e excitamento. Mas, também, há fragilidades e ameaças, pois vem a sensação de perigo e incerteza.

O forasteiro está longe de casa, das pessoas e coisas com as quais está acostumado. Normalmente ele não é um conhecedor adequado da língua, costumes, e lugares, do país onde se encontra. E isto o deixa desarmado diante dos imprevistos. Vive uma situação onde todos desconfiam dele, e ele não pode confiar em ninguém. Quem está longe de sua terra e de seus parentes, fica à mercê de pessoas desconhecidas. Isto pode ser assustador ou no mínimo desconfortável.

O estrangeiro, que é peregrino e forasteiro e não um turista é alguém que não tem onde criar raízes. Vive solto. Não tem uma situação fixa, sua vida é mais como uma tenda que ele arma e desarma conforme a situação. Este tipo de vida lhe dá liberdade, permite ir e vir sem muito compromisso, mas também lhe deixa desprotegido diante das tempestades e acidentes. Pode ser pego no meio de um temporal e não ter onde se abrigar, dependendo de favores de pessoas estranhas.

No Antigo Testamento, as palavras “peregrino” e “forasteiro”, referiam-se ao viajante que estava passando apenas uma noite ou uma temporada em lugar estranho (Jó 31.32). Como Abraão, que planejava ficar no Egito enquanto havia fome em Canaã, ou mesmo Jacó, na terra de seu sogro Labão, até passar a ira de seu irmão (Gn 12.10; 32.5). Aquele que morava em um país estranho, também era chamado de peregrino. Abraão havia chegado em Canaã para ficar. Seu filho Isaque, e seu neto Jacó, haviam nascido ali, mesmo assim eram forasteiros (Gn 35.27; Ex 6.4). Pois sua família de origem era de outro lugar, e eles não eram os proprietários de terra, não tinham os mesmos direitos que os cidadãos do lugar. Dependiam da boa vontade das pessoas dali, para sua manutenção e proteção.

Os filhos de Israel foram forasteiros no Egito (Deut 26.5). Quando chegaram à Canaã, passaram a ter sua própria terra. Em certo sentido deixaram de ser peregrinos e forasteiros. Tinham um lugar que era seu, onde poderiam criar raízes, e se estabelecerem. Mas, sendo eles o povo de Deus, deviam ter a consciência de que sempre seriam peregrinos e forasteiros. A terra que habitavam não era sua, mas de Deus (Lv 25.23). Todos nós somos peregrinos diante de Deus. O lugar onde moramos não é nosso, mesmo que estejamos vivendo ali há muitos anos.

Somos peregrinos e forasteiros porque estamos neste mundo de passagem. Passamos apenas uma chuva. Como viajantes que necessitam morar por apenas uma temporada. Esta consciência de brevidade geralmente nos falta, mas, como já foi dito: um homem precisa viver muito para perceber que sua vida é muito curta. No salmo 39, Davi pede a Deus que lhe mostre como a vida é passageira, semelhante à medida de alguns palmos e a uma sombra, que desaparece junto com o sol. Por isso ele é peregrino (Sl 39.13). Nossa esperança é Deus. Dependemos do favor Dele para passarmos nossa temporada com alento e felicidade. Ele é o único Eterno neste mundo. O único que permanece de geração em geração.

Somos peregrinos e forasteiros, porque não possuímos nada neste mundo. Quando Davi louva a Deus pelas ofertas que o povo havia trazido para a construção do templo, ele declara esta verdade (1 Cr 29.10-15). Tudo o que temos: riqueza, conhecimento, poder, influência, posição, foi nos dado por Deus, veio de Suas mãos. Ele de fato é o Dono. O que ofertamos a Deus nada mais é do que uma devolução do que Ele já nos deu. A própria vontade de dar é obra Dele em nós. Como forasteiros residentes, não possuímos nada, dependemos da boa vontade e favor do verdadeiro Dono para desfrutarmos de qualquer coisa.

Somos peregrinos e forasteiros porque não temos os valores e crenças daqueles que são cidadãos deste mundo. Era assim que se sentia o peregrino do Salmo 120.6-7. Ele almejava viver em paz, mas os que o rodeavam só pensavam na guerra. Este mundo é hostil àqueles que não comungam com seu comportamento de indiferença e desobediência para com Deus. Vivemos no mundo dos que acreditam ser fortes e autônomos, que não querem depender de Deus. Que vivem a fazer guerras para satisfazerem suas cobiças (Tg 4.1,2). Mas, o peregrino sabe que é frágil e dependente, que precisa de Deus. Por isto, é desprezado como fraco pelo mundo.

Somos peregrinos e forasteiros porque nosso lugar de segurança é no tabernáculo de Deus, na Sua morada. Este era o lugar de refúgio onde o salmista gostaria de estar hospedado, (Sl 61.4). Para isto havia certas condições (Sl 15). Peregrinos precisam das instruções de Deus, (Sl 119.19). Ele é Aquele que tem o conhecimento de todas as situações e lugares neste mundo que é estranho para nós. Precisamos conhecer como Ele quer que nós vivamos neste mundo. E clamar para que Ele nos dê a capacidade de seguir suas ordens.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem vindo ao mundo dos blogs.

Wagner Amaral disse...

É a realidade oficializada por Cristo. Somos forasteiros porque pertencemos a outro "reino" (mesmo nesta vida). A mensagem de Cristo foi a vinda e a vida em seu reino. Somos forasteiros porque pertencemos a outro reino; governado por outro rei; vivendo um outro estilo de vida.

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