Atos 27:9-28.10 é um texto intrigante. Além de outras lições, penso que podemos aprender algo sobre o relacionamento entre a soberania de Deus e a decisão humana.Faz parte da
narrativa onde Lucas relata a viagem que fez acompanhando Paulo à Roma.

No
entanto o chefe militar, que era o encarregado dos presos, prefere acreditar
nos técnicos (piloto e o mestre do navio). A maioria também considerava o lugar
onde estava inconveniente para passarem o inverno, e preferia um outro porto. Além
disso, as aparências eram de que o vento sopraria tranquilo até que o navio
chegasse ao lugar que consideravam apropriado.
Mas, em
pouco tempo tudo mudou! Um tufão arrastou com violência o navio. A carga deve
que ser lançada no mar. Depois se desfizeram também da armação do navio. Muitos
dias no escuro, sem sol nem estrelas, e mais tempestade batendo no navio, a
esperança e o apetite também foram embora.
Paulo
sofria sem culpa. Ele havia advertido do perigo, mas a maioria decidiu
continuar a viagem. Algumas vezes o nosso sofrimento é resultado da escolha de
outros. Avisamos e alertamos, mas os que nos acompanham teimam em prosseguir no
que vai dar errado, e nem sempre conseguimos ou podemos abandonar o barco!
Então, a tempestade se abate sobre nós também, e sofremos o prejuízo junto com
outros. Nestas horas devemos lembrar: há um Deus no controle, Ele cuida de nós.
Nossas vidas estão em Suas sábias e amorosas mãos.
Mas Paulo
tinha uma palavra para seus companheiros de tormenta. A tempestade poderia ter
sido evitada. Mas agora, é hora de animar-se.
Deus
havia prometido que nenhuma vida se perderia, todos do navio seriam salvos. Mas
eles precisavam se animar e se alimentar. Este alimento seria para a salvação
deles. Deus fizera uma promessa contundente: nenhum fio de cabelo deles se
perderia. Mas eles tinham que se alimentar. Paulo dá o exemplo, agradecendo a
Deus e se alimentando. Este ato animou a todos.
Quando o
navio estava a ponto de espatifar-se nas rochas, os soldados aconselharam matar
os prisioneiros, mas o centurião fez uma intervenção. O plano de Deus estava se
cumprindo.
Todos
tiveram que se lançar ao mar, para salvar suas vidas. Uns nadaram, outros se agarram em tábuas e
flutuaram até à praia. Mas, todos se salvaram.
Deus prometeu
salvamento para todos os que estavam no navio. E providenciou os meios para
isso. Usou Paulo para anunciar este salvamento e desafiá-los a se alimentarem
para poder sobreviver. Usou o centurião para poupar a vida quando os soldados
queriam matar todos os presos. Usou as tábuas para salvar a todos. Usou as
forças dos viajantes para nadarem até à praia.
Um claro exemplo de que Deus dispõe os fins
e providencia os meios, mas cada um deve fazer uso destes meios, para que o fim
planejado se concretize.
O desastre contribuiu para que o povo
de Malta visse e ouvisse o poder do evangelho. Deus usou a desobediência da
tripulação do navio, a tempestade, o prejuízo, o sofrimento e testemunho de
Paulo, para que a Sua glória através do evangelho chegasse a outras pessoas.
Soberania
divina, e ação humana! Plano divino, e reação do homem. No final tudo coopera
para que a Sua vontade se cumpra!
Se o centurião
tivesse escutado Paulo, o navio não enfrentaria esta tempestade e não sofreria
o prejuízo, mas também, Paulo não chegaria a Malta para testemunhar. Podemos
perguntar intrigados: e aí, como ficaria o plano de Deus?
Não
tenho resposta para esta pergunta. Mas, podemos aprender da atitude de Paulo:
tentar evitar o máximo o desastre, sempre procurar e aconselhar a melhor opção,
isto é, fazer a nossa parte o melhor que podemos. E mesmo quando isso não for
suficiente para evitar o sofrimento e prejuízo, continuar confiando em Deus,
sabendo que Ele sempre faz o melhor, e que, no final, tudo cooperará para Sua
glória, que é o nosso alvo supremo!
O
Supremo Deus não erra e faz todos os acontecimentos cooperarem para o bem:
nosso aperfeiçoamento e a Sua glória!